Indigo acelera expansão e mira PMEs para dobrar operações até 2027

Após faturar R$ 1,7 bilhão em 2024 e consolidar presença em grandes arenas, shoppings e hospitais, a maior gestora de estacionamentos do mundo lança modelo customizado para pequenos e médios empreendimentos e prevê 50 novos contratos ainda em 2025.

Thiago Piovesan_CEO Indigo Brasil (4)Thiago Piovesan, CEO da INDIGO Brasil. (Foto: Divulgação)

A INDIGO Brasil, maior gestora global de estacionamentos, está engatando uma nova fase de crescimento. Depois de consolidar sua presença em grandes operações como aeroportos, shoppings, hospitais e arenas, a companhia agora volta os olhos para um mercado pulverizado e ainda pouco explorado: os empreendimentos de pequeno e médio portes (PMEs).

Com 300 operações e 310 mil vagas administradas em todo o país, a empresa faturou R$ 1,7 bilhão em 2024 e quer acelerar a curva de crescimento. A meta é fechar 50 novos contratos ainda em 2025 e chegar a 300 até 2027, praticamente dobrando sua presença no Brasil.

“Identificamos que o mercado de clientes de menor porte ainda não foi explorado em todo o seu potencial de tecnologia e inovação, especialmente com soluções a um custo compatível com o segmento”, afirma Thiago Piovesan, CEO da INDIGO Brasil.

Segundo o CEO da companhia, a estratégia parte de um modelo mais leve e acessível, o Indigo Light, que traz soluções ágeis de implantação, tecnologia de automação, pagamento digital e gestão remota.

“O Indigo Light não é uma solução de prateleira, mas uma oferta sob medida. Em cada empreendimento, entregamos o que realmente faz diferença: aquilo que agrega valor, melhora a experiência e mantém a operação enxuta em custos e gestão”, explica Piovesan.

Mercado estratégico

Entre os setores prioritários estão supermercados, clínicas, edifícios comerciais, hotéis e hospitais de menor porte. O formato de contrato também será diferente: prazos de um a quatro anos, flexibilidade para o cliente e modelo turn key, que garante instalação rápida e personalizada.

“A ideia do turn key é oferecer uma instalação rápida, eficiente e com o mínimo de transformação no estacionamento. Isso reduz burocracia, acelera a implantação e garante que cada cliente receba exatamente o que precisa, sem excesso de custo ou complexidade”, detalha o CEO.

Piovesan reforça que o grande desafio não está na tecnologia, mas na mudança de mentalidade. “Muitos estabelecimentos ainda veem o estacionamento como um custo a ser reduzido ao máximo. O que queremos é mostrar que, com gestão profissional e tecnologia, ele pode se tornar uma fonte de receita e uma extensão da experiência do cliente”, avalia.

Inspirada em operações internacionais, como no Canadá, a estratégia foi “tropicalizada” para o Brasil e aposta no efeito demonstração: quanto mais os primeiros contratos gerarem resultados, mais acelerada será a adesão.

“O sucesso das primeiras implementações será determinante para a velocidade de expansão. À medida que entregarmos boas experiências e resultados, isso naturalmente vai gerar confiança e motivação para que outros clientes adotem a solução”, projeta Piovesan.

Com o motor aquecido, confira em entrevista exclusiva como a INDIGO pretende transformar o estacionamento em uma peça-chave da mobilidade urbana e aproximar cada vez mais a experiência de parar o carro de conveniência, tecnologia e sustentabilidade.

A INDIGO sempre foi associada a grandes operações, como aeroportos e shoppings. Qual foi o principal gatilho estratégico para mirar agora em pequenos e médios empreendimentos?

A missão da INDIGO sempre foi trazer ao mercado brasileiro inovações e modelos de gestão diferenciados, já consolidados em outros países, mas devidamente adaptados e tropicalizados à nossa realidade. Identificamos, no entanto, que o mercado de clientes de menor porte ainda não foi explorado em todo o seu potencial de tecnologia e inovação, especialmente com soluções a um custo compatível com o segmento.

Por isso, queremos oferecer soluções que criem valor para esses empreendimentos mais simples, de forma economicamente viável, mas que também complementam a experiência do cliente. A ideia é que o estacionamento seja parte essencial e integrada da jornada de quem visita esses estabelecimentos.

A maior barreira da INDIGO para entrar nesse segmento não é a tecnologia, mas a mentalidade. Muitos estabelecimentos ainda veem o estacionamento como um custo a ser reduzido ao máximo, e não contam com uma gestão eficiente. Que tipo de inovação tecnológica e de gestão a INDIGO pretende levar para esse público?

De fato, é uma operação pouco explorada. Nossa proposta é alinhar tecnologia e experiência do cliente por meio de ferramentas digitais, gestão remota e equipamentos. A ideia é trazer o mesmo nível de tecnologia, a nossa expertise, aplicados em grandes empreendimentos, mas de forma customizada, leve e adequada para operações menores.

O Indigo Light não é uma solução “de prateleira”, mas uma oferta sob medida. Em cada empreendimento, entregamos o que realmente faz diferença: aquilo que agrega valor, melhora a experiência e mantém a operação enxuta em custos e gestão. Além disso, podemos desenvolver receitas acessórias para ampliar as fontes de renda do negócio, como a instalação de carregadores elétricos, sempre alinhada à necessidade e ao perfil de cada cliente.

A meta de 50 novos contratos até o fim de 2025 e 300 até 2027 é bastante ambiciosa. Que fatores podem acelerar, ou frear, esse crescimento no Brasil?

O sucesso das primeiras implementações será determinante para a velocidade de expansão. Nossa ideia é trabalhar com grandes grupos que têm oportunidades de escala, mas também com operações individuais. À medida que entregarmos boas experiências e resultados, isso naturalmente vai gerar confiança e motivação para que outros clientes adotem a solução.

Percebemos também a resistência cultural de algumas operações em experimentar este novo modelo. Porém, acreditamos que com a experiência prática e os resultados realizados, esta resistência deverá ser reduzida ao longo do tempo.

Atualmente, quais são os principais segmentos em que a INDIGO está focada com o Indigo Light?

Vemos grande potencial em supermercados, edifícios comerciais, clínicas, hospitais de menor porte e hotéis. Não é algo exclusivo, mas mapeamos esses segmentos como os mais promissores para iniciar a expansão do Indigo Light no Brasil.

Com contratos mais curtos e flexíveis, quais mecanismos a INDIGO planeja adotar para garantir fidelização e evitar churn nesse novo mercado?

O prazo contratual será definido pelo cliente. Nós estamos preparados para trabalhar de forma flexível. O importante é que a transformação seja conduzida com cuidado e qualidade, garantindo a melhor experiência possível. É isso que, de fato, gera fidelização: uma solução que agrega valor e faz sentido para cada operação.

Para o cliente final, o motorista, haverá alguma diferença na experiência de estacionar em operações Indigo Light em relação ao modelo tradicional da INDIGO?

A ideia é justamente reduzir ao máximo a fricção. Queremos oferecer mais conveniência, agilidade, segurança e integração com o ativo principal, que já faz parte de nossos modelos tradicionais. O estacionamento deve ser cada vez mais leve, fluido e conectado à experiência do cliente.

Foram adaptadas tecnologias testadas em outros países para a realidade brasileira nesse modelo?

Esse modelo é amplamente utilizado e com muito sucesso nas operações do Canadá. O que fizemos foi ajustar as soluções que já utilizamos no Brasil, mas em um formato mais leve e customizado, de modo que façam sentido para operações menores. Cada país traz uma experiência de estacionar diferente, por isso, nós quisemos garantir que as tecnologias estivessem de acordo com as melhores práticas para o Brasil. Ou seja, tropicalizamos a operação.

Um dos diferenciais destacados foi a solução turn key. Como esse modelo funciona e de que forma reduz barreiras de entrada para o pequeno operador?

A ideia do turn key é oferecer uma instalação rápida, eficiente e com o mínimo de transformação no estacionamento. Como já contamos com fornecedores validados de automação e tecnologia, conseguimos adaptar e entregar soluções prontas para operações de menor porte. Isso reduz burocracia, acelera a implantação e garante que cada cliente receba exatamente o que precisa, sem excesso de custo ou complexidade.

Além de eficiência operacional e ganhos de receita por vaga, quais outras tendências, como mobilidade urbana, sustentabilidade ou integração com novos meios de transporte, estão no radar da INDIGO para o futuro do setor?

O objetivo principal agora é resolver a questão local do estacionamento. Mas, à medida que o Indigo Light escalar e se multiplicar, poderemos apoiar conceitos maiores, como a “cidade de 15 minutos”. Quando conseguimos melhorar a experiência, oferecer serviços adicionais e equilibrar o fluxo urbano, já contribuímos para um ecossistema mais sustentável e integrado.