Startups que operam com IA crescem mais com menos funcionários
Empresas nativas de IA estão diminuindo os times e aumentando as taxas de crescimento em relação às startups tradicionais.
Empresas nativas de IA estão diminuindo os times e aumentando as taxas de crescimento em relação às startups tradicionais. (Foto: Freepik)
Um novo estudo conduzido pela gestora de venture capital Astella, em parceria com o Distrito IA e participação de startups do programa NVIDIA Inception, explora os impactos da inteligência artificial (IA) na maneira como startups estão sendo concebidas, estruturadas e escaladas. O relatório, que entrevistou especialistas e colheu dados de mais de 60 líderes de startups brasileiras, aponta uma quebra no modelo tradicional de construção de empresas, sinalizando que a IA está inaugurando uma nova era marcada por ganhos de produtividade, mudanças na estrutura organizacional e novos modelo de crescimento.
Entre as principais descobertas, destacam-se as startups nativas de IA, que operam com times mais enxutos, maior proporção de desenvolvedores e apresentam taxas de crescimento superiores às startups tradicionais. O estudo aponta que startups nativas têm um número médio de colaboradores até 60% menor que as startups tradicionais em faixas equivalentes de faturamento. Enquanto uma startup tradicional com até R$ 1 milhão de receita anual tem, em média, 8 colaboradores, uma empresa nativa de IA na mesma faixa opera com apenas 3.
A consequência disso é clara: essas empresas crescem mais rápido e geram mais receita por funcionário, o que deve tornar esse indicador uma das principais métricas de eficiência nos próximos anos. De acordo com o estudo, em uma escala de 0 a 4, áreas como engenharia (3.0), suporte (1.7), vendas (1.6) e finanças (1.1) já demonstram ganhos concretos de produtividade por meio do uso de IA.
Além disso, 60% das empresas nativas de IA têm mais da metade do time composto por desenvolvedores, o que evidencia uma mudança estrutural. Nessas startups, a liderança C-Level está mais voltada à gestão de processos, dados e tecnologia do que à gestão direta de pessoas, como mostra o estudo.
A pesquisa também aponta um movimento de valorização de novas competências. Soft skills como pensamento crítico, experimentação e proatividade, ganham protagonismo frente a formações acadêmicas convencionais. Além disso, surge um novo perfil profissional no mercado: o GTM Engineer (Go-To-Market Engineer), que atua na interseção entre marketing, vendas e tecnologia, coordenando agentes de IA para executar estratégias comerciais de forma automatizada.
"O ciclo da Inteligência Artificial mostra oportunidades mais significativas do que os ciclos anteriores, ao transformar profundamente a força de trabalho e o setor de software. Dentro das empresas, a IA está atuando como uma camada que atravessa todas as áreas operacionais, aumentando a eficiência e reduzindo custos. O aumento da eficiência e expectativa com o uso de produtos de inteligência deverá elevar ainda mais demanda e uso de software no dia a dia.”, afirma Guilherme Lima, investidor da Astella.
Do ponto de vista organizacional, a IA já começa a redefinir como o valor é entregue ao mercado. Áreas como vendas, suporte, engenharia e finanças relatam ganhos expressivos de produtividade, com times cada vez mais orientados a resultados e menos dependentes de estruturas tradicionais.
“A transformação é estrutural. Estamos vendo um novo tipo de empresa surgir, onde a automação inteligente não apenas reduz custos, mas amplia o impacto dos times. O Brasil tem potencial para liderar essa virada em mercados verticais específicos”, analisa Gustavo Gierun, CEO do Distrito.
A produtividade por colaborador passa a ser uma métrica de eficiência ainda mais relevante, substituindo o foco exclusivo em crescimento de headcount para escala. Ao mesmo tempo, investidores em venture capital estão atentos à necessidade de diferenciais técnicos e barreiras competitivas reais que sustentem os altos valuations das startups de IA.