Mara Leme: 'Reconhecer e valorizar a diversidade geracional será a transformação esperada em 2024'
Mara Leme Martins detalha os debates que movimentaram o mundo corporativo e que devem mudar o mercado no próximo ano.
Mara Leme Martins é PhD. Psicóloga e VP da BNI Brasil - Business Network International. (Foto: Divulgação)
À medida que nos aproximamos do final de 2023, é evidente os momentos de reflexão significativa sobre os principais temas que dominaram as discussões no mundo corporativo. Este ano, diversas questões ganharam destaque nas redes sociais, mídias tradicionais e também povoaram os debates dentro das empresas, refletindo evidentemente nas estratégias de RH e também na cultura empresarial de maneira geral.
O impacto de temas como etarismo corporativo, trabalho híbrido, semana de 4 dias e processos seletivos longos e dificultosos são fatores que estão intrinsecamente ligados ao aumento de vagas para profissionais de RH, previsto pela pesquisa Guia Salarial 2024 da empresa de recrutamento Robert Half. Segundo o Guia, empresas não só vão contratar 50% mais gestores de recursos humanos, como também estão 51% mais confiantes para o crescimento da empresa em 2024.
Para Mara Leme Martins, que é PhD e VP BNI Brasil - Business Network International, a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo, os temas discutidos em 2023 possuem papel crucial para o desenvolvimento não só do mundo corporativo, mas também para moldar o alicerce do convívio em sociedade.
“Neste ano, observamos uma sinergia única entre os temas discutidos, não se trata apenas de reflexões para o mundo corporativo. Estamos moldando também a sociedade. Quando falamos, por exemplo, como o etarismo afeta o mundo dos negócios, também abrimos nossos olhos para o lugar de fala de pessoas que passam por preconceitos socialmente”, explica.
Neste mesmo cenário, também é possível notar como a tecnologia e, principalmente, o uso da internet, elevou as discussões no mundo corporativo. Assuntos que antes estavam restritos aos ambientes de trabalho, ou a grupos específicos de uma empresa, hoje são amplamente debatidos por colaboradores diversos.
“Ao debatermos assuntos como esses, nutrimos uma rede sólida de contatos, enriquecemos nossa jornada pessoal. Em um mundo interconectado, o networking é uma fonte inesgotável de aprendizado, onde as experiências dos outros se tornam lições valiosas. Além disso, ele amplia nossa visão de mundo, permitindo-nos explorar perspectivas diversas e culturas variadas”, comenta.
Abaixo, a especialista elenca alguns dos principais debates deste ano, evidenciando como eles podem impactar o ramo empresarial no próximo ano. Confira:
Etarismo: “A questão do etarismo emerge como um ponto crucial nas discussões de 2023, destacando a importância de desafiar estereótipos relacionados à idade no ambiente empresarial. Reconhecer e valorizar a diversidade geracional será a transformação esperada em 2024 na mentalidade corporativa, impulsionada por uma abordagem mais holística e inclusiva em relação às diferentes faixas etárias”, entende Mara.
Semana de 4 dias: “A proposta da semana de 4 dias ganhou destaque e ressalta como a reestruturação do tempo de trabalho pode revolucionar a produtividade e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A transição para uma semana mais curta não é apenas uma mudança de horários, mas uma redefinição da eficiência e do bem-estar dos colaboradores. Em 2024, espera-se que mais empresas adotem esse modelo inovador, reconhecendo que a qualidade do tempo investido no trabalho supera a quantidade”, pontua.
Recrutamento Online: “O recrutamento online tornou-se um grande facilitador para o RH’s do Brasil e do mundo, mas vimos em redes sociais como o LinkedIn, a alta desaprovação de candidatos que consideram os processos longos e cansativos. É esperado que, no próximo ano, as empresas que usam essas plataformas explorem soluções para esse impasse, e encontrem a harmonia correta entre a agilidade da digitalização e a eficiência na contratação”, sugere a VP do BNI Brasil.
Expansão do Trabalho Híbrido: “A flexibilidade proporcionada por esse modelo não apenas atende às expectativas dos colaboradores, mas também otimiza a eficiência operacional. As empresas devem considerar esse ensinamento para 2024, visando integrar e refinar estratégias de trabalho híbrido, reconhecendo seus benefícios tanto para a produtividade quanto para a satisfação dos colaboradores”, completa.
Economia do Cuidado: “Esse é um tema que chegou após a prova do ENEM, e é essencialmente importante. As mulheres estão sobrecarregadas e, na maioria das vezes, cumprem duas jornadas. O que estamos fazendo quanto empresa e sociedade para mudar esse cenário e tornar o mercado de trabalho mais equitativo para o público feminino, é a grande aposta para se tornar referência nos negócios em 2024”, conclui Mara Leme Martins.