Bioeconomia pode recuperar 108 milhões de hectares de áreas degradadas até 2050
Estudo da ABBI projeta o impacto desse meio de produção para a descarbonização do país; desdobramentos também incluem faturamento adicional de US$284 bilhões por ano.
Estudo da ABBI projeta o impacto desse meio de produção para a descarbonização do país; desdobramentos também incluem faturamento adicional de US$284 bilhões por ano. (Foto: Unsplash)
Bioeconomia é a aliança entre biodiversidade com tecnologia e inovação. Além da relevância socioambiental, esse modelo de produção também traz oportunidades para o Brasil em um contexto de transição para uma economia de baixo carbono. A prática foi tema do painel Desafios e oportunidades da bioeconomia, realizado no estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI) durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai.
Durante o evento, a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) apresentou a atualização do estudo Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil, lançado inicialmente em 2021 e realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agroenergia), o Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR/CNPEM), o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI/CETIQT) e o Laboratório Cenergia/UFRJ.
De acordo com o levantamento, a implementação total da bioeconomia no país pode resultar em um faturamento adicional de US$284 bilhões/ano para o setor industrial.
“Isso representa, basicamente, um acréscimo de 37% no PIB brasileiro só com produtos da inovação baseado em produtos biológicos e renováveis”, afirma o presidente-executivo da ABBI, Thiago Falda.
Na versão atualizada do estudo, que levou em consideração os setores de bioquímicos, biocombustíveis, proteínas alternativas e um agrupamento de diversos outros setores, incluindo agricultura, também foi identificado o potencial de recuperação de 108 milhões de hectares de áreas degradadas até 2050, equivalente a cerca de três vezes o tamanho da Alemanha.
Para atingir tais resultados, esse processo deve ser apoiado pela promoção de políticas públicas que considerem as particularidades e vantagens competitivas brasileiras no contexto de transição para uma economia de baixo carbono.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, os resultados somente serão atingidos quando houver uma boa governança.
“Uma série de medidas precisam estar estruturadas tanto do ponto de vista do financiamento quanto do componente tecnológico para que a inovação chegue na ponta. Superados esses desafios, a gente esbarra na questão do risco reputacional e na capacidade de nos organizarmos para termos uma boa governança entre setor público, setor privado e setor financeiro”, diz.