Apenas 14% das empresas conseguiram alcançar suas metas de redução de emissões de carbono nos últimos cinco anos, mostra BCG
Apesar das preocupações climáticas, pesquisa anual mostra que companhias estão com dificuldade para avançar na descarbonização das operações.
Apesar das preocupações climáticas, pesquisa anual mostra que companhias estão com dificuldade para avançar na descarbonização das operações. (Foto: Unsplash)
A terceira edição do relatório Carbon Emissions Survey do Boston Consulting Group (BCG) mostra que, apesar de haver uma responsabilidade das companhias na mitigação da crise climática, apenas 10% delas têm uma medição abrangente de todas as suas emissões de carbono, não revelando qualquer melhoria em relação à pesquisa de 2022. Ainda, somente 14% reportaram reduções de acordo com as suas metas ao longo dos últimos cinco anos, uma queda de 3 pontos percentuais em relação a 2022. As principais razões seriam as condições econômicas mais difíceis e restrições de acesso a capital.
O estudo é a continuação de um trabalho iniciado em 2021 e repetido em 2022 pelo BCG e CO2 AI, ferramenta de rastreamento de emissões da consultoria baseada em inteligência artificial, sobre o progresso que as empresas fizeram na medição e na redução de lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera. A análise entrevistou 1.850 executivos em 18 grandes indústrias e 23 países. As companhias pesquisadas tinha ao menos 1.000 funcionários e suas receitas anuais variavam de US$ 100 milhões a mais de US$ 10 bilhões.
Criando valor a partir da redução de emissões
As empresas que progrediram na descarbonização estão obtendo benefícios que vão além dos financeiros. Valor reputacional, custos operacionais mais baixos e a conformidade regulamentar estão entre os principais exemplos das demais vantagens. 40% dos entrevistados estimam um retorno financeiro anual de pelo menos US$ 100 milhões com o cumprimento das metas de redução de emissões, o que significa um aumento de 3 pontos percentuais em comparação à pesquisa do ano passado.
Mais informações sobre Escopo 3 e motivações regionais
O número de entrevistados que indicaram medição parcial e reporte de emissões de Escopo 3 aumentou 19 p.p. desde 2021, de 34% para 53%. Paralelamente, mais respondentes afirmaram ter estabelecido metas de redução do Escopo 3 – um aumento de 12 pontos percentuais desde 2021, de 23% para 35% – sendo as áreas de foco mais comuns a gestão de resíduos e a aquisição de bens e serviços. O crescimento nestas medições é visto com otimismo, já que o Escopo 3 é responsável pelas emissões de mais difícil redução.
O BCG ainda questionou sobre principais motivações e desafios para os avanços de suas reduções, as restrições econômicas foram os principais entraves para as empresas, e isso se reflete em 76% das companhias na América do Sul. Por outro lado, os entrevistados da região são os mais motivados pela pressão regulatória: 62% dos profissionais ouvidos indicam que esse é um forte incentivo para desenvolver suas medições e relatórios de emissões. Outros fatores citados foram a percepção pública e da imprensa, além da pressão dos consumidores (B2C).