Os melhores espumantes pelo mundo
O mapa dos espumantes se expande para além de Champanhe, com honrosos pontos de fabricação no Brasil.
O mapa dos espumantes se expande para além de Champanhe, com honrosos pontos de fabricação no Brasil.
Foi o tempo em que apenas champanhe era sinônimo de vinhos espumantes e que brilhava sozinha a estrela de Dom Pérignon, o monge beneditino que se rendeu às borbulhas, depois de muito brigar para retirá-las das garrafas. Hoje, a qualidade dos espumantes não se resume a esse nobre espumante francês, elaborado na região de Champanhe (daí o seu nome), na França, o que sugere o mapa dos vinhedos das boas borbulhas mundo afora.
Nesta caça ao tesouro, é preciso ter alguns conceitos em mente. O primeiro está no método de elaboração. Nos champanhes e na enorme maioria dos grandes espumantes, a segunda fermentação, aquela que dá origem às borbulhas, acontece dentro das garrafas. Este método é chamado de clássico, mas pode ser denominado também de tradicional e de champenoise. Outro conceito está no tempo de autólise, aquele período em que as leveduras (ou o que restou delas, terminada a segunda fermentação) ficam dentro da garrafa em contato com o líquido. Neste processo, a bebida ganha complexidade e aqueles esperados aromas que remetem à panificação, fermentos e frutos secos.
O terceiro ponto está nas variedades. Em Champanhe, a pinot noir e a chardonnay são as uvas mais utilizadas nos grandes vinhos – a pinot meunier também perde espaço nas chamadas cuvée de prestigie, por mais que seja muito utilizada nos champanhes de entrada de linha. E, pode reparar, na maioria dos grandes espumantes fora da França, são estas duas uvas que brilham em suas borbulhas. Com estes conceitos em mente, a volta ao mundo dos espumantes tem algumas paradas obrigatórias, pensando nas garrafas disponíveis no mercado brasileiro.
No Brasil
O chileno Mario Geisse é, no Brasil, sinônimo de espumantes de qualidade, com a sua Cave Geisse. É pioneiro não apenas em alardear aos quatro ventos a força das borbulhas brasileiras, como em ter um espumante elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson e apresentado em um badalado evento internacional, o Wine Future. Entre os seus mais complexos espumantes, está o Cave Geisse Terroir Nature, uma edição limitada a 6.300 garrafas da safra de 2019. É vendido por R$ 350,00 (familiageisse.com.br). Mas como Mario Geisse fez história, é possível provar outros espumantes brasileiros de muita complexidade. Um exemplo é o Otto Nature Sur Li Blanc de Blanc, por R$ 599,00 (@ottoespumantesevinhos).
O vinhedo de Mario Geisse onde se produz o espumante brasileiro elogiado pela crítica Jancis Robinson.
Na Espanha
Aqui é preciso abrir exceção nas uvas escolhidas para provar os grandes cavas, como são chamadas as borbulhas espanholas. As variedades francesas saem de cena e entram as uvas autóctones do país, como parellada, xarel.lo e macabeo. Um bom exemplo é a Raventós i Blanc Blanc de Blancs, complexa com agradáveis notas cítricas, após 18 meses em contato com as leveduras. É vendido por R$ 319,90 (decanter.com.br).
Na Inglaterra
As borbulhas inglesas provam na taça que o clima está mudando. Com terroir semelhante ao de Champanhe (solo calcário), mas em clima mais frio, até recentemente as uvas não amadureciam no sul da Inglaterra. Agora, não apenas amadurecem como originam espumantes de qualidade, que rivalizam com os champanhes, inclusive no preço. No Brasil, por enquanto só é importado um espumante inglês, o Gusbourne Exclusive Release Brut, com chardonnay, pinot noir e pinot meunier, em West Sussex. É vendido por R$ 599,99 (divvino.com.br).
Na Argentina e no Chile
Ainda não dá para dizer que nossos vizinhos da Amé- rica do Sul são referência em espumantes, mas algumas vinícolas já elaboram borbulhas de muita qualidade. Na Argentina, há a Otronia, vinícola na Patagônia co- nhecida pelos vinhos extremos. O seu Extra Brut é elaborado apenas com chardonnay, vendido por R$ 348,00 (worldwine.com.br). Do Chile começam a aparecer bons exemplos, mas nem todos chegam ao Brasil. Um deles é o Brut Nature elaborado pelo expert Pablo Morandé. A Set Wines, que traz os rótulos da Morandé ao Brasil, estuda importá-lo no próximo contêiner.
Na Itália
No país da bota, espumantes rivalizam com champanhes. Não são os populares proseccos, mas borbulhas de produção limitada elaboradas nas regiões de Trentino e de Franciacorta. Um deles é o Ferrari, sem relação com a potente escuderia. Para iniciantes, o Maximum Blanc de Blancs, elaborado apenas com chardonnay, é um bom convite para começar a apreciar as borbulhas italianas. Para iniciados, o Perlè Nero 2015, feito apenas com pinot noir, não fica a dever para os grandes champanhes. A complexidade vem do período de seis anos em contato com as leveduras. Custam, respectivamente, R$ 389,90 e R$ 1.290,90 (decanter.com.br).