Em cerimônia histórica, Chico Buarque recebe o Prêmio Camões
O cantor recebeu a condecoração com quatro anos de atraso das mãos dos presidentes de Portugal e do Brasil no Palácio de Queluz, onde nasceu e morreu D. Pedro I.
O cantor recebeu a condecoração com quatro anos de atraso das mãos dos presidentes de Portugal e do Brasil.
Depois de quatro anos do anúncio da condecoração, o cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda recebeu, na segunda-feira (24/4), o Prêmio Camões, um dos mais respeitados do mundo na literatura.
A cerimônia ocorreu no luxuoso salão do trono do Palácio Nacional de Queluz, onde nasceu e morreu o imperador Dom Pedro I, em Portugal. Chico Buarque recebeu o prêmio concedido em 2019 das mãos dos presidentes do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza. A demora ocorreu diante da recusa do então presidente Jair Bolsonaro de assinar o documento que garantia a honraria. Brasil e Portugal são responsáveis pela premiação, de 100 mil euros (R$ 560 mil).
Em cerimônia histórica, Chico Buarque recebe o Prêmio Camões.
“Meu caro amigo, me perdoe, por favor, pela demora”, afirmou em seu discurso o presidente Marcelo, parodiando uma letra do compositor. O presidente português comparou a premiação comparou o Prêmio Camões de Chico ao Nobel de Literatura recebido pelo cantor Bob Dylan. Reconheceu o gigantismo dos dois - “como o Everest” mas ressalvou que a obra do brasileiro é mais vasta, pois vai das músicas ao teatro e à literatura. Ele disse ainda que, apesar de a entrega da honraria ao artista ocorrer somente em 2023, ninguém, no futuro, se preocupará com datas, pois Chico, em seus 60 anos de carreira, é merecedor de prêmios todos os anos.
“Se, hoje, estamos aqui para fazer esse gesto de reparação e celebração da obra do Chico, é porque, finalmente, a democracia venceu no Brasil”, discursou o presidente Lula.
Emocionado, Chico citou seu pai, o historiador e sociólogo Sergio Buarque de Holanda, “de quem herdei alguns livros e o amor pela língua portuguesa”. E dedicou o prêmio a “tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”. Para o compositor,
“Valeu a pena esperar por esta cerimônia, marcada não por acaso para a véspera do dia em os portugueses descem a Avenida da Liberdade a festejar a Revolução dos Cravos”, citou.
Na terça-feira 25, Portugal sai às ruas em homenagens aos 49 anos da Revolução dos Cravos, levante popular que ocorreu em 25 de abril 1974 e que acabou com o salazarismo português. “Lá se vão quatro anos que meu prêmio foi anunciado e eu já me perguntava se me haviam esquecido, ou, quem sabe, se prêmios também são perecíveis, têm prazo de validade.
Cantor, compositor e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda.
Estavam presentes na cerimônia políticos, autoridades como os ministros Silvio Almeida, Margareth Menezes e Anielle Franco, o escritor Mia Couto, a presidente da Fundação Saramago, Pilar del Rio, a cantora Fafá de Belém e a cantora portuguesa Carminho.
O cantor recebeu a condecoração com quatro anos de atraso das mãos dos presidentes de Portugal e do Brasil no Palácio de Queluz, onde nasceu e morreu D. Pedro I.