O estilo retrô navega em alto-mar

De veleiros estilo anos 20 a superiates com um toque dos anos 80, construções com influências retrô singram os mares.

03_DM_WA 03_BDe veleiros estilo anos 20 a superiates com um toque dos anos 80, construções com influências retrô singram os mares.

Mais comum no mundo da moda, o resgate de elementos de design do passado vem conquistando os mares. A estética retrô, que evoca a elegância dos iates de madeira dos anos 1950, tem ganhado mais espaço nos estaleiros de alto padrão.

“O estilo pode criar sentimentos e conforto e atemporalidade”, afirma Jim Dixon, diretor criativo de iates da Winch Design.

E não são só os entusiastas de longa data que estão sendo fisgados por esse fascínio. A tendência se espalha por toda a indústria náutica, de modelos contemporâneos com espírito de gentleman’s yacht, como o Vero, da Codecasa, e o estilizado Picchiotti, ambos de 78 pés e assinados pelo estúdio de Luca Dini, até o painel de instrumentos em mogno do Sea Owl, iate de 203 pés desenhado pela Winch.

“O segredo de um bom design retrô é usar as referências com parcimônia, sem cair no kitsch ou parecer artificial”, alerta Dixon. É importante lembrar que o charme do passado vem aliado à inovação do presente. “Não estamos falando de um iate clássico — isso implicaria muitos desafios com manutenção e restauração”, explica Dini.

Ao projetar o Vero em seu estúdio de Florença, o designer buscou o espírito da década de 1930 ao incorporar mogno na estrutura de alumínio, vigias redondas e uma proa vertical que reforça o visual vintage. “São embarcações modernas com materiais que remetem aos superiates do passado”, diz. “O proprietário do Vero queria algo que se destacasse dos demais. Outros virão.”

03_DM_WA Zurn 50 Billy Black 10O novo Gentleman's Yacht com estética de 1930.

Visual antigo, soluções modernas

O músico Billy Joel foi um dos primeiros a embarcar nessa onda nostálgica. Ele encomendou ao arquiteto naval Doug Zurn o Vendetta, de 57 pés, inspirado nos barcos a motor dos anos 1920 que levavam magnatas de Long Island a Manhattan.

O Studio De Voogt, da Feadship, empregou curvas suaves e estrutura inclinada na popa do projeto Thunderball, de 228 pés, em construção pela CRN. A linha elíptica reforça o apelo retrô, e soluções modernas garantem desempenho e conforto.

No San, de 147 pés da Alia Yachts, a casa do leme foi parcialmente reposicionada no convés principal, resultando em um perfil elegante e rebaixado. “Retrô é um elogio”, diz Frank Born, do Sinot Yacht Architecture & Design. “O San parece existir há muito tempo.”

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Entre os lançamentos está o Swan Arrow, de 75 pés, da Nautor Swan. Com assinatura de Jarkko Jämsén, o modelo evoca a década de 1930 com sua proa vertical e teto rígido angular. O diferencial está na sensação de velejar, mesmo a bordo de um iate a motor.

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“A inspiração veio dos veleiros Swan”, diz Jämsén, que também assina os botes Shadow e OverShadow da marca. “Quis capturar o prazer de estar próximo à água, unindo a leveza do veleiro ao conforto do motor.”

O perfil triangular e as linhas retas remetem à série Swan Maxi de superiates à vela. Detalhes, como as bordas de 38 cm que permitem sentar e se inclinar com os pés quase tocando o mar, reforçam a conexão com a tradição náutica. “É uma experiência que remete à navegação como nenhuma outra lancha oferece”, diz.

Com 50 m², o beach club na popa, com laterais dobráveis, amplia a sensação de liberdade, reforçada pelo compartimento envidraçado sob a capota rígida. “Parece grande e transparente”, define o designer — características que se aplicam ao próprio Arrow e ao apelo duradouro de uma estética que sabe envelhecer com estilo.