25 perguntas para Rony Meisler: 'Sustentabilidade ambiental é a nossa vocação'

Graças ao seu espírito empreendedor e à vontade de transformar desafios em oportunidades, não só fundou a Reserva, inicialmente uma marca de moda masculina, como a colocou em uma posição de destaque no mercado o fundador da Reserva e CEO da AR & CO.

rony-meisler-reserva-livro-estilo-vip Empresário e empreendedor Rony Meisler: 'Sustentabilidade ambiental é a nossa vocação'. 

Em 2004, Rony Meisler deixou uma promissora carreira de engenheiro para apostar em um universo completamente diferente – e desconhecido para ele: a moda. Graças ao seu espírito empreendedor e à vontade de transformar desafios em oportunidades, não só fundou a Reserva, inicialmente uma marca de moda masculina, como a colocou em uma posição de destaque no mercado o fundador da Reserva e CEO da AR&CO é casado há quase 10 anos com Anny Meisler, empreendedora do setor de decoração fashion, abraçando também o público feminino e infantil.

Hoje, o Grupo Reserva tem 78 lojas próprias, 32 franquias espalhadas pelo Brasil e está em cerca de 1500 estabelecimentos mul- timarcas, com faturamento em torno de R$ 400 milhões por ano. Rony também é CEO da AR & CO, que, além da própria Reserva, engloba o Grupo Arezzo, com as marcas Arezzo, Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Fiever, Alme e Vans.

Palestrante, membro do conselho do movimento Capitalismo Consciente no Brasil, do conselho do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e do conselho consultivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), é ainda um dos nomes da moda carioca mais ativos em questões como sustentabilidade e cons- ciência ambiental.

Tem sido um incentivador de atitudes sustentáveis dentro de suas marcas, como a ação Camiseta Simples, que retorna as camisetas usadas em troca de uma assinatura em que o cliente receberá outras, causando o menor dano possível ao meio ambiente; ou ações sociais como o 1P 5P, que, em cinco anos, conseguiu complementar quase 54 milhões de refeições por meio das vendas das lojas e showrooms.

“Sustentabilidade ambiental é a nossa vocação”, diz o empresário. Casado com a empreendedora Anny Meisler, dona da empresa de decoração LZ Studio e da loja infantil LZ Mini, e pai de três filhos, ele leva essa ideia de consciência e atitude para dentro de casa. “Eu disse ao meu filho Nic: o que importa na vida não é a nota, e sim o mindset, a preparação, o caminho, a vontade e o esforço que você faz para que as coisas deem certo”.

16-1Não só fundou a Reserva, inicialmente uma marca de moda masculina, como a colocou em uma posição de destaque.

A seguir, 25 perguntas ao empresário:

Como ajudar o mundo a ser mais sustentável?
Partindo da premissa de que é impossível ser 100% sustentável, falar que um negócio é sustentável é mentira. Hoje você não tem controle de todos os seus processos de maneira a conseguir esse feito. Nem tudo é verticalizado, de forma a conseguir que seu projeto seja completamente sustentável. O que você tem que fazer é tentar. E ter essa consciência em tudo que faz para causar o menor dano possível à sociedade e ao meio ambiente. É importante que as empresas compreendam que elas têm que entregar valor não
só para o shareholder ou o investidor, mas para todos os stakeholders: consumidores, colaboradores, fornecedores, comunidade, Estado etc. Se podemos fazer as coisas de um jeito que cause o menor dano possível à sociedade a ao meio ambiente, se fizermos a nossa parte, a consequência será excelente.

Qual foi a sua melhor experiência sustentável?
Vou citar duas. Lançamos a Camiseta Simples, feita de malha orgânica e que usa tecnologia para causar o menor dano possível ao meio ambiente. Você paga uma subscription para depois retornar as camisetas. Com quase R$ 25 por mês você recebe três camisetas por ano e, no final, as devolve com um crédito para renovar sua assinatura. Esse é um produto de sustentabilidade da marca. A gente tritura essa camiseta para fazer novas, fechando o ciclo do produto e causando o menor dano possível ao meio ambiente. A segunda é social: o nosso 1P 5P foi fundado em 2016. Em maio, somamos cinco anos com quase 54 milhões de refeições complementadas através das vendas das nossas lojas. A cada peça de roupa vendida, a gente complementa cinco refeições para quem tem fome, através de dois bancos de alimento.

Qual é o melhor exemplo de luxo verde e consciente para você?
Um país que faz a sua parte, que cuida das suas florestas, da sua mata, da sua vegetação. É o que a gente deseja que o Brasil seja. Aqui está a maior floresta do mundo. Então sustentabilidade ambiental é a nossa vocação.

A primeira coisa que você faz de manhã?
Desligar o alarme.

Último conselho que você deu a alguém?
Dias atrás, aconselhei meu filho Nic a sempre se esforçar ao máximo, independente das notas na escola. Disse a ele: “Se a nota não for tão boa, mas você sentir se se esforçou ao máximo, está ótimo. Caso contrário, se achar que a nota não foi tão boa porque faltou esforço, tem que se esforçar mais. O que importa na vida não é a nota, e sim o mindset, a preparação, o caminho, a vontade e o esforço que você faz para que as coisas deem certo”.

Algo recente que fez recentemente pela primeira vez?
Passei um ano em casa com a minha família, e nada, absolutamente nada no mundo é melhor do que isso.

Você tem algum ritual pessoal?
Sim, sou devorador de biografias. Sou viciado e leio muitas biografias. Amo a história das pessoas, adoro tentar compreendê-las, em especial, emocionalmente. Eu amo o ser humano.

Qual seu livro preferido?
Let My People Go Surfing, de Yvon Chouniard.

O que você costuma fazer, que ainda é analógico?
Beijo, abraço, carinho, exercícios físicos, cuidados com o corpo, cuidados com a alma. A tecnologia nunca vai conseguir substituir as características únicas, afetivas e emocionais de um ser humano, a convivência com amigos, o viver a vida.

O que você usa com mais frequência no seu guarda-roupa?
Camiseta preta, camiseta preta, camiseta preta.

Qual seu item de coleção mais recente?
Um toy art do Kaws, artista plástico que eu amo. Ele aparece em todas as minhas lives.

Como você mantém a calma?
Nada me deixa mais calmo do que preparar o almoço de domingo para minha família. Ficar na piscina, conversar, escutar boa música, só nós cinco.

O que se arrepende de não ter comprado?
Uma casa na serra. Deveria ter aproveitado a quarentena para comprar. Mas vamos resolver isso.

O que você mais deseja no final do dia?
Um pássaro vermelho, que alguns chamam de pica- pau da Reserva, mas que, na verdade, é um bichinho amarelo, preto e branco, cheio de boas energias, que nós pintamos de vermelho e, desde então, gera um ciclo virtuoso e de crescimento.

Qual o produto mais interessante que já criou?
O pica-pau vermelho.

O que você gosta de comer? Como cuida da sua alimentação?
Eu me alimento muito bem. Amo salada e vegetais com uma carne magra no jantar. Na hora do almoço, posso pegar uma proteína um pouco mais gorda, obviamente, duas vezes por semana. E quando saio dessa rotina, é impossível não comer um sushi: sou viciado no tradicional, Nagayama, em São Paulo, e Haru Sushi, no Rio de Janeiro.

Se pudesse aprender uma nova habilidade, qual seria?
Ainda vou aprender a surfar. Um sonho que eu tenho e vou realizar.

O que é sucesso para você?
Sucesso é viver a vida que se deseja, todo o resto é fracasso.

Quais os apps que usa?
O app da Reserva.

Dirigir ou ser dirigido?
Dirigir.

Qual foi a última vez que você conseguiu se desconectar completamente?
Me desligar completamente? Não vou fazer aqui uma demagogia barata (risos). Não me lembro qual foi a última vez.

Última da Netflix?
“Como se Tornar um Tirano”, uma série fantástica que conta a história de como os tiranos, os ditadores da história moderna se criaram. Parece que está falando sobre o passado, mas é impressionante como, dada a realidade em que vivemos, fala-se do presente.

Pelo que vale a pena pagar?
Pela convivência, pelo amor e pelo afeto da família. Também pela saúde e pelos amigos.

O que aprendeu com a pandemia?
Nada, absolutamente nada. É mais importante ou vale mais do que cuidar de você ou de quem você ama. Vale qualquer esforço.

O que você espera para o futuro?
Um mundo mais consciente, mais preparado para cuidar de si, das pessoas, do planeta. Tudo que a gente passou não foi à toa. Serviu para deixar na iniciativa privada, nos CPFs e CNPJs, um legado de consciência maior do que poderia acontecer por conta de uma pandemia, de uma guerra civil ou desastre natural causado pela inconsequência humana. O que desejo para o futuro: consciência, capitalismo e vida social mais consciente, para pessoa física e para pessoa jurídica.