Com novos investimentos e potencial de crescimento, BRF se prepara para dominar o mercado global de proteínas

Após recordes de receita em 2024, empresa avança com novos investimentos em tecnologia, qualificação e mercados estratégicos.

Miguel GularteMiguel Gularte, CEO da BRF, fala sobre as oportunidades internacionais da companhia, que quer liderar o mercado global de proteínas. (Foto: Divulgação)

O mundo tem fome e o mercado de carne bovina do Brasil está aquecido, com recordes de exportação e produção. Em 2024, a produção de carne bovina atingiu 10,91 milhões de toneladas, a maior já registrada, sendo que as exportações alcançaram 2,89 milhões de toneladas, um aumento de mais de 26% em relação a 2023. Destaque do setor, a BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo e dona das marcas Sadia, Perdigão, Qualy e Banvit, apresentou o melhor resultado anual da sua história. A receita líquida da companhia foi recorde em 2024 e totalizou R$ 61,4 bilhões, 14% acima do ano anterior.

Os resultados recordes foram impulsionados pelo aumento dos volumes vendidos, com destaque para o portfólio de produtos processados, alinhado a uma execução comercial eficiente, ampliação de lançamentos e inovações de destaque. No mercado internacional, a BRF também registrou rentabilidade recorde motivada principalmente pela estratégia de diversificação de mercados e aumento da participação de processados no portfólio.

“Os resultados históricos de 2024 refletem o direcional estratégico e a consistência de um trabalho iniciado há dois anos com foco em eficiência operacional, captura de oportunidades de mercado e disciplina financeira”, afirma Miguel Gularte, CEO da BRF.

Oriente

Um dos marcos do investimento internacional da BRF é sua parceria com a Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária integral do Fundo de Investimento Público (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita. As empresas concretizaram recentemente, por meio de sua joint venture, um investimento na Addoha Poultry Company. A operação representa um momento importante para a BRF, que há 50 anos está no Oriente Médio exportando para mais de 14 países da região e, agora, estreia na produção de carne de frango local para se consolidar como uma das principais parceiras da Arábia Saudita em sua agenda de segurança alimentar.

Produção

A BRF é líder na região do GCC (países do Golfo Pérsico) com a marca Sadia, um mercado de extrema relevância para sua atuação global, onde está presente desde a década de 70. Na Turquia, maior consumidor de frango Halal do mundo, a companhia atende o mercado com uma cadeia de produção integrada local e é líder absoluta com a marca Banvit, maior produtora de aves, líder de mercado no país e também um dos principais fabricantes de alimentos de origem animal produzidos de acordo com os princípios halal. A principal fábrica da BRF nos Emirados Árabes Unidos, localizada no distrito industrial de Kizad é a primeira de Abu Dhabi a produzir alimentos à base de proteína animal em larga escala

A fábrica da BRF em Abu Dhabi foi inaugurada em 2014 e lá são produzidos hambúrgueres, salsichas, peito de frango marinado, empanados de frango e cortes especiais de frango. Os produtos são elaborados com matéria-prima proveniente do Brasil. Além de atender a demanda proveniente dos Emirados Árabes Unidos, a unidade também exporta para outros países, entre eles, Arábia Saudita, Omã e Kuwait.

A companhia também conta com um ecossistema próprio de distribuição e uma fábrica de alimentos processados em Dammam, cidade da Arábia Saudita, localizada na região Oriental, no Golfo Pérsico. Essa operação também contribui para os esforços da Arábia Saudita em alcançar os objetivos de diversificação econômica previstos na Visão 2030, um plano estratégico de longo prazo, além de apoiar a meta do governo de posicionar o país como um centro global de produtos halal.

O que torna a carne brasileira tão reconhecida mundialmente?

O Brasil tem vantagens naturais: solo, clima favorável e uma vocação para a pecuária. Além disso, temos uma produção de grãos competitiva, o que nos permite oferecer proteína animal de qualidade a custos mais baixos. A combinação desses fatores faz do Brasil uma potência global na produção de carne. Em um setor onde a demanda supera a oferta, as empresas trabalham com a segurança de que venderão o que produzem. Com o consumo voltando ao normal e a inflação em níveis controlados, a tendência é que as famílias destinem mais recursos para a alimentação, o que fortalece nosso mercado.

A BRF tem mais de 100 mil funcionários. Como é o treinamento dessa equipe e qual o modelo de gestão da empresa para garantir tamanho crescimento?

Investimos fortemente na qualificação das pessoas. Em 2023, realizamos mais de 6 milhões de horas de treinamento e capacitamos 8 mil líderes. Os treinamentos acontecem tanto presencialmente quanto online, e temos até uma universidade interna na BRF. A qualificação é essencial, porque nossa produção depende não só de máquinas, mas de pessoas bem-preparadas.

A BRF também conta com um conselho de administração altamente qualificado e executivos experientes para transformar a estratégia em prática. Nosso modelo de gestão é baseado em melhoria contínua, monitorando indicadores de desempenho e garantindo que cada processo seja eficiente e bem executado.

Como a inteligência artificial está sendo aplicada na BRF neste novo momento da economia global?

A inteligência artificial já faz parte do nosso dia a dia. Trabalhamos com modelos preditivos para precificação, logística e até gestão de pessoas. O desafio é saber usar essas ferramentas da forma mais eficiente para o nosso setor.

A demanda por alimentos mais saudáveis influencia a BRF?

Sem dúvida. O consumidor de hoje busca informações nutricionais detalhadas e quer transparência. Temos um compromisso com qualidade e rastreabilidade, garantindo que nossos produtos atendam às exigências do mercado.