Fátima Bezerra, governadora do RN: ‘Depois do negacionismo, estamos voltando para a civilização’
Evento reuniu debatedores inspirados para falar da integração de políticas públicas para combate à pobreza, investimento em educação, desenvolvimento e crescimento regional, com diálogo e entendimento.
A programação da tarde do 22º Fórum Empresarial LIDE reuniu debatedores inspirados para falar da integração de políticas públicas para combate à pobreza, investimento em educação, desenvolvimento e crescimento regional, com diálogo e entendimento.
A pandemia foi lembrada pelos debatedores do primeiro painel. Dimas Covas, diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto, que esteve à frente do Instituto Butantan durante o governo Dória, abriu a sua participação relembrando a data de 11 de junho de 2020, quando foi assinado o acordo com a biofarmacêutica chinesa Sinovac e dada a largada para os estudos clínicos no Brasil, que levariam ao desenvolvimento da CoronaVac.
Em seguida, a pesquisadora Margareth Dalcolmo, da FIOCRUZ - uma fonte de referência no noticiário durante toda a pandemia de Covid-19 -, enfatizou a importância da autonomia na produção e desenvolvimento de vacinas para que o país não seja pego em outro momento sem estar preparado, pois “outras pandemias virão”.
“A experiência tão dura dos últimos três anos e meio que vivemos, nos mostra que é possível - que instituições estatais como a Fundação Oswaldo Cruz, o Butantan, e sobretudo, algo absolutamente inédito na cultura brasileira, que foi a demonstração, através do Instituto ‘Todos pela Saúde’ de que a iniciativa privada pode e deve contribuir numa parceria público-privada que é um dos caminhos para tirar o Brasil da pobreza”, afirmou Dalcolmo.
Eduardo Lyra e Preto Zezé, fundadores das respectivas ONGs, Gerando Falcões e Central Única das Favelas (CUFA), avançaram fundo na questão dos territórios das favelas como um lugar de criação, empreendedorismo, solidariedade e reinvenção para a sobrevivência durante a pandemia.
“Num país que teve, em quase todo seu tempo de existência, um tempo de escravidão; as pessoas despejadas nesse processo de abolição foram morar nesses territórios. Quando se fala favela só se pensa em violência. Foi aí que formamos lideranças para reposicionar a favela, além de um lugar de carência e da desgraça, para inserir a favela no debate político e na agenda política. Um território onde que se produz 202 milhões em poder de consumo, deve equivaler ao PIB do Paraguai e da Bolívia juntos ou do Uruguai sozinho”, disse Preto Zezé.
Em sua participação, Eduardo Lyra reforçou que quer a favela participando do centro das decisões, que o cidadão favelado possa escolha seus caminhos: “O contrário da pobreza é a dignidade”.
Na pauta da apresentação do Secretário da Educação do Pará, Rossieli Soares, coube a crítica à educação brasileira e um alerta: Educação precisa ser uma chave para impulsionar melhoria na saúde.
“Quantos cientistas deixamos de ter porque lá na educação básica a gente não soube tratar da ciência com essas crianças? Quantos jovens poderiam estar salvando vidas no futuro, quantas Margarete Dalcolmo, quantos Dimas Covas, quantos empreendedores como Edu e Preto Zezé?”.
Diálogo mirando o desenvolvimento regional
Nada mais alinhado com a diversidade desta 22ª edição do Fórum Empresarial LIDE do que a composição do último painel do evento. Os estados do Amazonas, do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro representados por seus governadores, Wilson Lima, Fátima Bezerra e Cláudio Castro, tiveram apresentações distintas, mas com diálogo entre si.
“Temos que mostrar ao mundo que é possível ter um desenvolvimento sustentável”, disse Lima. O governador também ressaltou dado do Banco Mundial sobre o valor da floresta Amazônica que, de pé, vale R$ 1,5 trilhão por ano. “O que queremos é o reconhecimento por isso. Invistam na Amazônia”, finalizou.
A governadora Fátima Bezerra destacou a harmonia necessária entre governos regionais e demais poderes e a iniciativa privada.
“Trago aqui uma mensagem de otimismo. Depois desses anos recentes, infelizmente, de negacionismo, de autoritarismo, de falta de apreço pela democracia e de retrocessos para o nosso povo, quero dizer que a minha esperança e confiança se fundam nesse Brasil resiliente, que deu uma resposta em defesa da democracia. E é nesse ambiente que nós estamos voltando para a civilização”, disse Bezerra. A governadora reafirmou ainda os ativos e o potencial turístico, do gás, da fruticultura, da produção de sal, do Nordeste e do Rio Grande do Norte.
Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, mirou a parceria entre os estados para potencializar o desenvolvimento regional e realizar reformas necessárias.
“Temos uma grande oportunidade como Brasil com a reforma tributária. Não podemos perder essa oportunidade com açodamento de respostas de cunho político e eleitorais. Talvez seja a hora de termos um pouco de paciência, com prazo para acontecer, e que cada região colabore entre si, para usar esse momento para a busca da paz e do desenvolvimento”, refletiu.
Sobre o evento: O 22º Fórum Empresarial LIDE conta com master patrocínio da CEDAE/Governo do Estado do Rio de Janeiro e patrocínio das empresas BBF, BTG Pactual, FIRJAN IEL, Invest Rio, Prime You, Verzani & Sandrini, além da prefeitura de Macaé. O evento tem apoio da Naturgy, Paper Excellence e SEMP TCL, assim como participação especial da BYD-LIDE Campinas, Multiplan e Volkswagen Truck & Bus e colaboração da Alpha Secure, Estre, Grant Thornton e Sindirepa.