Burnout: como identificar os primeiros sinais e buscar ajuda profissional

Reconhecimento da OMS demonstra nova realidade do mercado de trabalho.

tired-drained-entrepreneur-sleeping-desk-startup-officeReconhecimento da OMS demonstra nova realidade do mercado de trabalho. (Foto: Freepik)

A partir de janeiro deste ano, o burnout passou a ser oficialmente reconhecido como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na nova Classificação Internacional de Doenças. Com isso, trabalhadores brasileiros diagnosticados com a condição terão essa informação registrada em atestados médicos, garantindo maior visibilidade e seriedade ao tema.

Caracterizado pelo esgotamento físico e mental associado ao trabalho, o burnout tem como sintomas frequentes a insônia, alterações de humor, dores musculares, sentimentos de fracasso, dores de cabeça e até mesmo impactos no sistema cardiovascular. Segundo a psicóloga Cristiane Pertusi, especialista em traumas e saúde mental, o reconhecimento do burnout como doença ocupacional é um avanço, mas ainda há muito a ser feito para conscientizar as pessoas sobre os sinais e a importância do cuidado.

“O burnout é mais do que uma questão individual. O corpo do indivíduo reflete as consequências do ambiente em que está inserido, das relações interpessoais e do clima organizacional. Relações tóxicas, como chefias abusivas, colegas de trabalho que reforçam o estresse e um ambiente hostil, podem intensificar o esgotamento emocional, muitas vezes mais do que a própria carga de trabalho em si”, explica a especialista.

Como identificar os primeiros sinais?

De acordo com a Cristiane Pertusi, o burnout pode se manifestar de forma sutil no início. Entre os primeiros sinais, estão:

• Sensação constante de exaustão, mesmo após períodos de descanso;
• Dificuldade em se concentrar e em realizar tarefas simples;
• Irritabilidade e aumento da sensibilidade emocional;
• Insônia ou sono não reparador;
• Dores de cabeça ou musculares recorrentes sem explicação médica clara;
• Perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram motivadoras.

O ambiente de trabalho e as relações interpessoais desempenham um papel crucial na saúde mental dos indivíduos. Chefias abusivas, falta de reconhecimento e a sensação de isolamento no ambiente corporativo são fatores que podem agravar o estresse e desencadear o burnout.

“Fazer uma leitura do ambiente e das relações é essencial para entender os gatilhos que reforçam o estresse. Muitas vezes, a raiz do problema não está apenas na sobrecarga de tarefas, mas em como as relações no trabalho impactam emocionalmente o indivíduo”, ressalta a psicóloga.

A busca por apoio profissional é essencial. “Se você percebe que o esgotamento está comprometendo sua saúde, suas relações ou sua capacidade de trabalho, é hora de buscar ajuda. A terapia pode ser um espaço para entender as causas desse estresse, desenvolver estratégias de enfrentamento e, principalmente, aprender a se reconectar com suas prioridades e necessidades pessoais”, destaca a psicóloga.

Estratégias de prevenção e recuperação

Além do acompanhamento psicológico, algumas práticas podem ajudar na prevenção e recuperação do burnout:

1. Estabeleça limites claros: Não permita que o trabalho invada constantemente seu tempo pessoal.
2. Priorize pausas: Momentos de descanso durante o dia são fundamentais para recarregar as energias.
3. Pratique atividades relaxantes: Exercícios físicos, meditação e hobbies podem ajudar a aliviar o estresse.
4. Converse sobre sua carga de trabalho: Não tenha medo de expressar sobrecarga e buscar apoio no ambiente profissional.

A nova classificação da OMS não apenas legitima o impacto do burnout, mas também abre espaço para que empregadores e trabalhadores reconheçam a importância de cuidar da saúde mental. Para Cristiane Pertusi, este é o momento de transformar a conscientização em ação. “Buscar ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de coragem. Ao cuidar de sua saúde mental, você não está apenas preservando sua produtividade, mas sua qualidade de vida e bem-estar geral”, finaliza.