Equidade de gênero: Metade das iniciativas empresariais estão atrasadas ou indefinidas

Dados do ManpowerGroup destacam a necessidade urgente de mais representatividade feminina no mercado global.

rearview-diverse-people-hugging-each-otherDados do ManpowerGroup destacam a necessidade urgente de mais representatividade feminina no mercado global. (Foto: Freepik)

Há muito tempo as mulheres são um grupo sub-representado na força de trabalho mundial. Para cada 100 homens que passam de um cargo operacional para uma posição de gerência, por exemplo, apenas 87 mulheres são promovidas, segundo a pesquisa Women in the Workplace, da McKinsey. Além disso, só 5,8% das empresas na lista Fortune 500 Global — ranking da revista Fortune que reúne as 500 maiores corporações do mundo — têm hoje mulheres como CEOs.

Apesar de ainda ganharem 21% a menos que os homens, elas estão em busca de melhores oportunidades: no Brasil, 21,3% das mulheres com mais de 25 anos têm ensino superior; já entre os homens, o índice fica em 16,8%, segundo dados do IBGE. A pesquisa da McKinsey revelou também que cerca de 80% das profissionais querem ser promovidas e, quando falamos apenas das mulheres negras, esse número chega a 88%.

Porém, isso não deve ser um movimento somente delas. É preciso que as empresas comprem essa “briga” — e as organizações ainda têm um longo caminho a percorrer. Dados recentes do ManpowerGroup mostram que, globalmente, metade das iniciativas de equidade de gênero das empresas estão atrasadas ou ainda não foram definidas corretamente. No Brasil, apenas 36% dos empregadores pesquisados acreditam estar no caminho certo para alcançar a equidade de gênero.

Para a especialista Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil, ampliar a conscientização e as conversas sobre equidade de gênero nas companhias exige mudanças que precisam começar “pelo topo” – pelos líderes e profissionais de RH. “É essencial que as empresas atuem com um papel relevante neste processo, não só identificando o problema, mas construindo iniciativas institucionais para solucioná-los”, comenta a especialista.

Para aumentar a diversidade no mercado, 40% dos empregadores brasileiros estão investindo em programas de desenvolvimento de lideranças; 34%, no desenvolvimento de uma cultura organizacional inclusiva; e 31%, na promoção de políticas de trabalhos flexíveis, segundo o estudo do ManpowerGroup.

Além disso, no Brasil, 70% dos empregadores acreditam que a equidade de gênero está sendo apoiada pelo avanço da tecnologia; 75% afirmaram que a tecnologia permite mais flexibilidade e, consequentemente, mais equidade; 76% concordam que os talentos de TI estão se tornando mais diversos; e 67% afirmam que a Inteligência Artificial está auxiliando na seleção das pessoas candidatas sem distinção de gênero.

O fato é que, com a atual escassez de profissionais no Brasil (80%) e no mundo (75%), as mulheres vão desempenhar um papel cada vez mais crucial no mercado. “Investir nessas e em outras pautas importantes para a sociedade faz com que as empresas também ganhem. Vale lembrar que o investimento em pessoas impulsiona novas competências e habilidades. E esse é um fator preponderante para que uma estratégia de negócio seja bem-sucedida”, afirma Wilma Dal Col.