Brasileiro muda hábitos de consumo por causa da preocupação com orçamento
Mais de oito a cada dez consideram suas finanças uma preocupação, e metade não sabe se conseguirá arcar com suas despesas domésticas, fazendo com que o consumo de itens não essenciais seja cortado, revela estudo da EY.
Mais de oito a cada dez consideram suas finanças uma preocupação, e metade não sabe se conseguirá arcar com suas despesas domésticas, fazendo com que o consumo de itens não essenciais seja cortado. (Foto: Agência EY)
A maioria dos consumidores brasileiros (82%) considera suas finanças uma fonte de preocupação, enquanto 80% dos seus pares no mundo têm o mesmo entendimento, demonstra o estudo Future Consumer Index (FCI), produzido pela EY. Metade não sabe se terá condições de arcar com suas despesas domésticas – abaixo da média global de 56%.
O levantamento foi realizado entre os dias 16 de março e 14 de abril deste ano, com a participação de pouco mais de 21 mil respondentes provenientes de 27 países, incluindo o Brasil. O FCI, que é produzido periodicamente, mapeia o comportamento do consumidor ao longo do tempo para identificar tendências de mercado. O propósito é fornecer uma perspectiva dos movimentos que são resultado de reações temporárias e daqueles que indicam realmente alterações consistentes no mercado de consumo.
O consumidor está mais receoso por causa da instabilidade geopolítica e da incerteza econômica que têm atingido os países de forma geral. Conflitos geopolíticos, pressões inflacionárias e disrupções na cadeia de suprimentos fazem com que as pessoas alterem seus padrões de consumo na medida em que são obrigadas a enxugar seus orçamentos. Ao mesmo tempo, as empresas, observando essa reação do consumidor, têm priorizado o preço competitivo em seus modelos de negócio, bem como remodelado portfólios e perseguido cada vez mais iniciativas que possam elevar a produtividade.
Ainda em relação à amostra brasileira, 46% dos consumidores dizem estar preocupados com a possibilidade de a guerra se espalhar pelo mundo, enquanto a média global é de 57%. Por fim, 77% afirmam estar preocupados com ataques terroristas, porcentagem semelhante à observada em nível global (78%).
Preferência por novas marcas e cuidados com a saúde mental
A consequência desses temores está levando a uma mudança nos hábitos de consumo. Isso porque, ainda segundo a última edição do FCI, 54% dos consumidores brasileiros estão cortando itens não essenciais (52% no mundo); 45% estão testando novas marcas para reduzir custos (35% no mundo); 80% estão mais alertas em relação à sua saúde mental (65% no mundo); 94% estão tentando não desperdiçar comida (87% no mundo); e 32% vão comprar mais itens usados, de segunda mão (38% no mundo).
O levantamento demonstrou, ainda, a expectativa de gasto dos consumidores em todos os países pesquisados para os próximos quatro meses em cada uma das seguintes faixas de renda: baixa, média e alta.
A classe baixa avalia que gastará mais com alimentos frescos e atividades recreativas. Cigarro e artigos de luxo receberão menos atenção. Já a classe média prevê que gastará mais com alimentos frescos, bem como com férias, e menos com artigos de luxo e cigarro. Por fim, a classe alta avalia que gastará mais com alimentos frescos e férias, dando menos atenção para artigos de luxo e cigarro.