43% da força de trabalho brasileira acredita que a inteligência artificial vai ajudar na produtividade, diz pesquisa da PwC
Pesquisa Global Hopes and Fears indica mudança na percepção da força de trabalho nacional em relação à tecnologia: em 2019, 50% dos trabalhadores temiam ser substituídos por ela.
Em 2019, 50% dos trabalhadores temiam ser substituídos pela Inteligência Artificial (Foto: Unsplash)
Há quatro anos, a avaliação de brasileiros em relação à tecnologia no ambiente de trabalho carregava alguma perspectiva de temor. Agora, a realidade apresenta uma direção oposta. O diagnóstico é da Pesquisa Global Hopes and Fears 2023, levantamento feito pela PwC desde 2019 e que forma uma série histórica com quatro edições. Se no primeiro ano do estudo, 50% da força de trabalho nacional temia ser substituída pela tecnologia, em 2023 43% afirma que a inteligência artificial pode ajudar na produtividade.
O movimento encontra eco na média global do estudo, que ouviu mais de 54 mil trabalhadores em 46 países e territórios. A edição deste ano diagnosticou que, globalmente, 52% dos profissionais têm uma percepção positiva sobre o impacto da IA na carreira. Na contramão, aqueles que dizem que a inteligência artificial pode ser negativa são 35%.
“Há, ainda, um aspecto interessante que encontramos nesta pesquisa relacionado à capacitação. Percebemos que os entrevistados com treinamento especializado têm mais probabilidade de perceber o impacto da IA nas carreiras tanto de maneira positiva quanto negativa. Já os demais profissionais têm menor percepção sobre os aspectos da tecnologia. Esse é um convite à reflexão para as lideranças sobre upskilling, justamente para tangibilizar suas equipes sobre as novas habilidades que serão desenvolvidas para o futuro de suas funções”, afirma a sócia da PwC Brasil, Camila Cinquetti.
O otimismo em relação à inteligência artificial demonstrado por brasileiros, mais que a média global, é corroborado por outro dado da pesquisa. De acordo com a apuração da PwC, apenas 9% das pessoas entrevistadas no país acreditam que serão substituídas pela IA, enquanto que no mundo esse índice é de 13%.
Mudanças à vista
Outro destaque da Pesquisa Global Hopes and Fears 2023 explora a pretensão da força de trabalho de buscar uma nova oportunidade. Segundo o levantamento, 25% dos brasileiros - 26% no mundo - afirmam que planejam deixar o emprego nos próximos 12 meses. O número no Brasil é maior do que o percebido na última edição do estudo, quando 19%, inclusive no mundo, demonstravam essa mesma intenção.
“Por trás dessa motivação de recolocação profissional, identificamos alguns fatores principais. Entre eles, percebemos que algumas pessoas mencionam a importância de ter oportunidade de aprender novas competências, foram 35% no Brasil e 36% no mundo. Nesse contexto, as pessoas precisam perceber que é possível desenvolver suas carreiras e que é possível ter equilíbrio de vida pessoal e profissional. Além disso,a pesquisa indica que a necessidade de remuneração justa permanece sendo importante, 68% no Brasil e 69% no mundo”, analisa Camila Cinquetti.
A busca por uma remuneração maior também é sustentada por outros dados identificados pela pesquisa da PwC. A publicação mostra que 21% dos profissionais no Brasil - 17% no mundo - têm dificuldades para pagar as contas todos os meses. Já 39% dos entrevistados no país - 42% globalmente - dizem que, depois de arcar com as despesas, não sobra nada ou resta muito pouco. No ano passado, esses índices eram 37% tanto no Brasil quanto no mundo.
Sustentabilidade do empregador
A percepção que os profissionais possuem da empresa, também diagnosticada pela Pesquisa Global Hopes and Fears 2023, revela algo sobre a relação de confiança. Conforme o levantamento, 28% dos respondentes no Brasil dizem que as organizações onde atuam não serão economicamente viáveis em dez anos se mantiverem o rumo atual. No mundo, essa é a opinião de 33% de profissionais entrevistados.
“Há um fator de cautela sobre esse ponto de vista, principalmente, na força de trabalho mais jovem, que é a que está chegando agora nas empresas. Na média global, 49% dos profissionais da geração Z, que compreende pessoas com idade entre 18 e 26 anos, dizem que as empresas em que trabalham não sobreviverão a mais de uma década sem mudanças. No mesmo estrato aqui no país, o percentual é de 47%. As companhias precisam estar atentas em comunicar e realizar transformações no negócio para evidenciar para seus profissionais que a empresa está se reinventando para ser sustentável”, observa Camila Cinquetti.
Pertencimento e participação
Ao observar como profissionais têm se sentido dentro dos ambientes de trabalho, a pesquisa da PwC revela alguns dados interessantes que podem influenciar lideranças no caminho de uma boa gestão, principalmente no que diz respeito à escuta ativa e respeito. Por exemplo, 61% das pessoas entrevistadas no Brasil dizem que podem ser autênticas no trabalho. No mundo, o índice é 53%.
“Respeito ao fator humano é fundamental para ter uma boa gestão, um ambiente saudável e produtivo. As lideranças precisam estar abertas a valorizar a opinião dos times. Trazer suas pessoas para a transformação do negócio é essencial e ganha força para que esteja claro que a empresa está se reinventando para sobreviver a uma década. Nossa pesquisa mostra que 67% dos brasileiros acreditam que contribuem com ideias novas e inovadoras. Um percentual muito parecido, 65%, considera o emprego gratificante, mais que a média global de 50%”, afirma Camila Cinquetti.