Neri Geller, do MAPA: 'Nossa missão é pacificar o setor e chamá-lo para dentro. Não dá para não ter previsibilidade e confiança no mercado'
Secretário de política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária participou do Seminário LIDE Agronegócio que reuniu, em São Paulo, gestores públicos e empresários para debater as novas políticas do setor, assim como tendências e perspectivas.
Representantes do setor do agronegócio participam de encontor com empresários em SP. (Foto: Fredy Uehara/LIDE)
O cenário do agronegócio brasileiro e sua potência, que pode ser ampliada com políticas públicas do novo governo, pautaram o Seminário LIDE Agronegócios, que ocorreu nesta terça-feira (14), na CASA LIDE - novo hub de networking do Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo.
O evento teve como expositores Neri Geller, secretário de política Agrícola do Ministério de Agricultura e Pecuária, Nilson Leitão, Deputado Federal e Presidente do IPA, Paulo Bertolini, presidente da Maizal e da CSEAG e Edemar Moro, professor e pesquisador da UNOESTE. O novo presidente do LIDE Agronegócio, Francisco Maturro, foi o curador do evento.
Os expositores debateram importantes desafios do setor, como a logística e escoamento da produção, o plano safra e o déficit de armazenamento - que tem acompanhado os produtores agrícolas a cada ano.
De acordo com o deputado Nilson Leitão, desde o grande produtor, que já tem em sua realidade a exportação, até aquele que ainda almeja este status, precisa de um olhar do estado para ampliar sua eficiência e produtividade.
“O produtor rural, que já abastece o mercado, precisa que o recurso seja redistribuído de forma mais estratégica, olhando com prioridade para a logística dos municípios. Além de uma referência que mantenha o bom relacionamento internacional, para que o empresário possa desbravar os negócios nestes lugares. Já os que não têm essa realidade, precisam de planejamento de dois a quatro meses do plano safra para produzir, gerar emprego e ter qualidade de vida”, explica.
Secretário Neri Geller, do MAPA, debate políticas do agro com empresários. (Foto: Fredy Uehara/LIDE)
O obstáculo encontrado na armazenagem foi exposto por Paulo Bertolini, presidente da Maizal e da CSEAG, classificando o tema como um dos principais desafios atuais do agronegócio do país, já que a previsão para este ano é de um déficit de 117 milhões de toneladas.
Bertolini reforça que esse número não condiz com uma realidade de ineficiência da indústria agrícola, mas sim a falta de recursos para que o produtor invista neste fator.
"A indústria de armazenagem exporta para mais de 40 países, no entanto, no Brasil, não se tem recursos de financiamento para investir. Além de vermos que a distribuição não é adequada com a produção, tendo a maioria dos armazenamentos nas regiões Sul e Sudeste, com apenas 15% no local de produção”, afirma o empresário.
Seminário LIDE Agronegócio aconteceu na nova Casa LIDE, em São Paulo. (Foto: Fredy Uehara/LIDE)
Diálogo aberto
Neri Geller afirmou que posicionamento do atual governo para lidar com estes pontos citados, e para impulsionar o desenvolvimento do agronegócio, é retomar o trabalho de escuta ativa com os representantes do segmento para que possam colaborar com novos projetos. “Nossa missão é pacificar o setor e chamá-lo para dentro. Ouvir, e quando tivermos limitações, convidar quem conhece”, conta o secretário do MAPA.
A promessa de abrir o diálogo entre os diferentes esbarra também na questão de confiança e previsibilidade, também citada por Geller no encontro. “Não dá para não ter previsibilidade e confiança no mercado. Fizemos isso no passado e vamos fazer daqui para frente. Descentralizamos o Banco do Brasil para qualquer agente financeiro ter acesso, e queremos seguir assim”, reforça.
Francisco Matturro, novo presidente do LIDE Agronegócio, foi o curador do evento. (Foto: Fredy Uehara/LIDE)
Agro sustentável
A integração entre lavoura, pecuária e floresta é uma das alternativas para tornar a produção agrícola mais eficaz e sustentável, segundo o professor e pesquisador, Edemar Moro, da UNOESTE. Como mostrou em sua fala, a pecuária usa uma área de seis países da Europa para sua função - o que pode ser feito em menor espaço e com mais resultado com a integração.
"Estamos fazendo uma pecuária eficiente, mas podemos melhorar com a integração. Usando esse espaço em excesso para cultivos mais nobres de alimentos", diz. Moro complementa "a integração decreta o fim das pastagens degradadas, produzindo alimento com eficiência e sustentabilidade", conclui.