Eurasia vê apoio da Alemanha a plano de Rutte como impulso decisivo para gasto militar da Otan

A consultoria Eurasia Group avaliou que a adesão da Alemanha ao plano do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, para elevar os gastos com defesa a 5% do PIB representa um avanço importante para a aliança militar. O endosso ao plano foi confirmado pelo novo chanceler alemão, Friedrich Merz, poucos dias após assumir o cargo.

"A Alemanha é o segundo aliado da Otan, depois da Polônia, a apoiar o plano de Rutte", destacou o relatório, observando que Berlim dá esse passo em meio a uma agenda diplomática intensa que busca abrir caminho para negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.

A consultoria vê a medida como parte de um movimento mais amplo: "Merz anunciou um papel muito mais ativo da Alemanha em assuntos exteriores e segurança europeia."

No discurso inaugural ao parlamento federal (Bundestag), Merz afirmou que pretende transformar a Bundeswehr, as forças armadas alemãs, "na força militar mais forte da Europa", sinal claro da ambição estratégica do novo governo conservador.

A proposta de Rutte divide os 5% em duas categorias: 3,5% para defesa clássica, como armas, tropas e operações, e 1,5% para áreas como mobilidade militar, infraestrutura e proteção civil. Segundo a Eurasia, essa estrutura visa tornar o aumento "politicamente palatável" e "fiscalmente viável" para países da aliança.

A consultoria projeta "intensa diplomacia" antes da cúpula da Otan, em junho. Ainda que a meta de 3,5% de gasto militar deva ser adotada oficialmente, a adesão completa à meta de 5% pode enfrentar "resistência considerável". Um sinal crucial, segundo a Eurasia, será a nova "Force Posture Review" dos EUA, prevista para antes da cúpula. Caso o documento preveja redução de tropas, "a Alemanha poderia ser desproporcionalmente afetada".