Aquecimento global não tem relação direta com terremotos ou tsunamis
Segundo Marcelo Assumpção, temperaturas em grandes profundidades não sofrem os efeitos do aquecimento global.
Estudo mostra que elevação do nível do mar, decorrente do aquecimento global, provoca pouca alteração de tensão na crosta. (Foto: Freepik)
As mudanças climáticas estão afetando o planeta em diversas áreas. São mudanças na fauna e flora, nível dos oceanos, entre outros. Um estudo realizado na Alemanha, por cientistas do Centro Alemão de Pesquisas em Geociências GFZ, aponta que as alterações climáticas podem ter influência no risco sísmico. Segundo o estudo, o aquecimento e o derretimento das calotas de gelo estão elevando o nível do mar, fenômeno que, para os sismólogos, pode pressionar as falhas geológicas e, consequentemente, adiantar ou adiar os terremotos. Será? Mesmo sabendo que o Brasil não enfrenta problemas com terremotos, precisamos ficar preocupados?
O professor Marcelo Assumpção, do Centro de Sismologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, confirma o estudo. Segundo ele, a ameaça sísmica pode ser maior em alguns lugares e menor em outros.
De todo modo, o estudo confirma que a elevação do nível do mar pode provocar uma alteração de tensão na crosta, mas se ela ocorrer deve ser bem pequena. “O que esse estudo mostrou é que o aquecimento global, elevando o nível médio dos mares, pode causar uma pequena alteração nas tensões que afetam a crosta, e essa alteração é que pode, por sua vez, alterar a atividade sísmica. Mas mesmo essa alteração na atividade sísmica deve ser bem pequena.”
Aquecimento global
Assumpção diz ainda que o aquecimento global não causa fenômenos como terremotos, tsunamis ou erupção de vulcões. As temperaturas em grandes profundidades não sofrem esses efeitos. “O aquecimento global em si não altera diretamente a ocorrência dos sismos, nem de tsunamis, nem de vulcões. Todos esses fenômenos ocorrem devido a pressões geológicas que estão em profundidades grandes na Terra, onde as mudanças nas temperaturas da superfície não chegam a alterar as temperaturas em profundidade.”
De acordo com o professor, o aquecimento global está muito mais relacionado ao clima do que aos fenômenos geológicos. “Afeta mais o clima, o regime de chuvas e secas, aumenta o número de eventos extremos e assim por diante, mas não afeta diretamente a sismicidade nem a atividade dos vulcões”, avalia. Os acordos mundiais sobre preservação do planeta devem ser seguidos, como o acordo de Paris, por exemplo, para que se evite o pior. “E a única maneira de evitar o pior, principalmente com relação ao clima, é acatar as recomendações dos painéis internacionais e obedecer o acordo de Paris sobre o clima e seguir o que foi prometido”, finaliza.