'Não podemos permitir o mesmo olhar da Revolução Industrial', alerta especialista sobre os impactos ambientais da IA
De acordo com a professora de Direito Ambiental, Vanessa Ferrari, apesar de não se ver, a poluição está presente neste novo cenário tecnológico.
Vanessa Ferrari, professora de Direito Ambiental, alerta sobre os imactos ambientais da Inteligência Artificial. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Muito além da magia e da facilidade proporcionada pela revolução da Inteligência Artificial (IA), o impacto ambiental e a regulamentação deste setor devem ocupar um lugar central nas discussões para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. A análise é da professora de Direito Ambiental, Vanessa Ferrari, que participou do Seminário LIDE | Transição Energética, realizado nesta terça-feira (5), na CASA LIDE, São Paulo.
De acordo com a acadêmica, é preciso seguir rumos diferentes daqueles escolhidos na Revolução Industrial, quando as imagens de chaminés eram sinônimo de poder.
"Não podemos permitir o mesmo olhar da Revolução Industrial. Quando a gente vê o Data Center, a gente não vê a poluição, mas está lá. Hoje, temos a oportunidade de fazer diferente", alerta. Como exemplo, ela citou que uma simples mensagem de 100 palavras em plataformas de IA equivale a 500 ml de água.
No cenário nacional, Vanessa lembra que o Brasil é líder na América Latina em Data Centers, com 41 de grande porte, e, por isso, é preciso estar atento aos desdobramentos dessa tecnologia. "A gente tem as magias da tecnologia com muitos dados. A participação da indústria, da academia e do poder público é importante", diz.
Para a especialista, a indústria tem a responsabilidade da transparência das informações, a academia, a produção de pesquisas, e o poder público, a função regulamentadora. Apesar de já haver um projeto de lei tramitando para a regulamentação do tema, ela lembra que não há nenhum artigo sobre os impactos ambientais.
Vinicius Roriz, COO da Light, durante o Seminário LIDE | Transição Energética. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Vinicius Roriz, COO da Light, citou que o contexto tecnológico é uma grande oportunidade para as companhias de energia elétrica, mas também um momento importante para estabelecer estratégias a fim de suprir o consumo dessas novas demandas.
"No momento em que estão discutindo as renovações das concessões com as empresas, é preciso que elas tenham capacidade, ao longo prazo, de efetuar os investimentos necessários para garantir o fornecimento de energia de qualidade", defende.
O executivo enfatizou, ainda, que os eventos climáticos extremos já são uma realidade no negócio e interferem nos custos e na resposta à sociedade. Para Roriz, é preciso mudar a prática de interlocução com os órgãos do governo para garantir uma coordenação mais eficiente diante deste novo cenário.
Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD, afirmou que a nova aposta da empresa são as baterias para armazenamento de eletricidade.
"O armazenamento é uma oportunidade muito grande para permitir que a energia solar e a GD (geração distribuída) possam continuar ativados. Se não fizermos nada, em dois ou três anos, teremos uma crise de gravidade grande."