Empresas enfrentam desafios de liderança e comunicação para alcançar alta performance, aponta pesquisa da Amcham

Pesquisa com mais de 700 executivos revela estratégia mal comunicada, foco excessivo em metas financeiras e lacunas na liderança são entraves à alta performance no país.

group-people-working-out-business-plan-officePesquisa revela estratégia mal comunicada, foco excessivo em metas financeiras e lacunas na liderança são entraves à alta performance no país. (Foto: Freepik)

A Amcham Brasil, em parceria com a consultoria Humanizadas, divulgou hoje os resultados da pesquisa Panorama Lideranças 2025, que teve a participação de 765 executivos de diferentes setores e regiões do país. O levantamento traça um diagnóstico sobre os principais obstáculos e caminhos para a construção de organizações de alta performance em um ambiente cada vez mais dinâmico, complexo e orientado por propósito.

Alta performance ainda é medida por métricas convencionais

Apesar das transformações do mercado, 82% das empresas ainda mensuram seu desempenho principalmente em indicadores financeiros tradicionais, como lucro, receita ou margem. Embora relevantes, esses parâmetros são insuficientes diante de um cenário que exige inovação contínua, engajamento de pessoas e alinhamento entre cultura e estratégia.

“As empresas brasileiras estão despertando para um novo modelo de liderança, mais conectado aos desafios atuais e orientado ao longo prazo. Alta performance hoje exige preparo humano, decisões baseadas em dados e alinhamento entre cultura e estratégia. A Amcham tem buscado oferecer um caminho prático e confiável para que os líderes acelerem essa transformação com clareza e consistência”, afirma Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil.

Liderança: ativo estratégico ou gargalo estrutural?

A pesquisa mostra que a qualidade da liderança pode ser decisiva para o sucesso — ou fracasso — das estratégias organizacionais:

• 72% associam o baixo engajamento à ausência de líderes inspiradores.
• 68% apontam a liderança como o maior fator de retenção ou evasão de talentos.
• 61% dizem que líderes despreparados tomam decisões mal informadas, que comprometem a estratégia.
• 68% consideram a presença de líderes preparados como motor do progresso organizacional consistente.
“Engajamento não nasce de metas, nasce da relação com quem lidera”, complementa Abrão.

O perfil de liderança que as empresas têm — e o que desejam

O levantamento mapeou o estilo de liderança atual e o perfil ideal para enfrentar os desafios contemporâneos:

• Estilo atual: voltado à rotina, controle e metas de curto prazo (procedimental e operacional).
• Estilo ideal: mais estratégico, integrador, com visão sistêmica e foco em impacto organizacional e humano.
Entre as competências desejadas destacam-se: visão estratégica, tomada de decisão baseada em dados, inovação, inteligência emocional, comunicação assertiva e uso estratégico da IA.
Comunicação falha é o maior motivo de fracasso estratégico
A principal razão pela qual estratégias falham, segundo os respondentes, não está na formulação, mas na execução:
• 59% citam falhas de comunicação
• 48% apontam falta de disciplina na execução
• 46% destacam resistência à mudança

A falta de clareza de papéis e o distanciamento entre liderança executiva e os níveis intermediários comprometem a implementação das estratégias. “Sem alinhamento interno e clareza de propósito, até a melhor estratégia morre antes de sair do papel”, destaca o CEO da Amcham.

Desenvolvimento de lideranças é prioridade nº 1

69% dos líderes indicam o desenvolvimento de líderes e equipes como a principal prioridade para melhorar a performance organizacional. O foco está na construção de maturidade estratégica, inovação com propósito e preparo para decisões em ambientes complexos.

O que engaja — e retém — talentos de alta performance

A retenção de talentos está diretamente ligada à qualidade da liderança e à coerência entre cultura e propósito. Principais fatores citados por profissionais de alta performance para permanecerem nas empresas:

• 58%: oportunidades reais de crescimento
• 55%: liderança inspiradora
• 48%: propósito e alinhamento com valores
• 45%: autonomia com direção clara
• 43%: ambiente colaborativo
• 42%: remuneração

Apesar de relevante, o salário aparece apenas na sexta posição, evidenciando que desenvolvimento, conexão e clareza de futuro pesam mais na decisão de permanência.