Contratar e reter mão de obra é desafio na expansão do foodservice no Brasil
Mesmo com crescimento no faturamento, setor enfrenta gargalos na qualificação e alta rotatividade.
Mesmo com crescimento no faturamento, setor enfrenta gargalos na qualificação e alta rotatividade. (Foto: Divulgação)
O setor de foodservice brasileiro continua sua trajetória de recuperação, com sinais de crescimento. Segundo a 14ª Pesquisa Anual Setorial de Foodservice 2024/2025 da ABF (Associação Brasileira de Franchising), conduzida pela GALUNION, empresa especializada no mercado de alimentação, entre os respondentes, 84% relataram aumento de faturamento no último ano e que 41% das redes obtiveram um incremento de mais de 10% no mesmo período. O levantamento ainda aponta que 91% tiveram lucro, sendo que 66% registraram lucro maior que 10% e 28% lucro maior que 15%.
Apesar dos avanços, outra pesquisa da GALUNION, intitulada “Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, em parceria com a ANR (Associação Nacional de Restaurantes) e a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), realizada entre setembro e outubro de 2024, mostra que contratar e reter colaboradores qualificados segue como um dos principais desafios para 59% dos entrevistados.
A dificuldade de encontrar profissionais preparados para cargos técnicos, como cozinheiros, bartenders e garçons, foi apontada por 34% dos operadores, enquanto 28% citam os altos custos de pessoal e 25% a dificuldade de reter talentos. A alta rotatividade, que pode ultrapassar 70% ao ano segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), agrava o cenário, exigindo investimentos recorrentes em seleção e treinamento.
Para a fundadora e CEO da GALUNION, Simone Galante, valorizar os colaboradores é determinante para o sucesso dos negócios que atuam com alimentação. “Para superar esses obstáculos, é preciso manter o time motivado e engajado, oferecendo um atendimento diferenciado e personalizado aos clientes. Sabemos que valorizar o colaborador é fator importante de performance”, ressalta.
A Água Doce Sabores do Brasil, rede especializada no conceito de casual dining, que exalta os sabores nacionais e tem mais de 80 restaurantes em operação, ilustra bem o esforço das marcas para enfrentar esse gargalo. A franquia investe em formação contínua por meio da universidade corporativa, chamada de UniÁguadoce, que disponibiliza treinamentos desde técnicas culinárias e de atendimento até o preparo de pratos e coquetéis, com recursos didáticos como vídeos e manuais interativos. O objetivo é reduzir a dependência da contratação de profissionais já prontos, ampliando a qualificação dentro de Casa. Cursos com foco em gestão financeira, apresentação pessoal, entre outros, também são oferecidos. Investimentos em equipamentos e tecnologia são temas tratados buscando suaviza a jornada do colaborador na operação tirando, assim, as atividades consideradas mais pesadas.
Outro diferencial é o plano de carreira, que oferece oportunidade de crescimento para cargos de liderança, combatendo a percepção de que os empregos no setor são apenas temporários. A Água Doce possui vários franqueados que eram colaboradores da rede, tanto na franqueadora quanto nas unidades. A rede também promove iniciativas de reconhecimento, como o Dia do Colaborador, marcado por homenagens, mensagens da presidência e momentos de integração.
Em média, cada unidade da Água Doce conta com 15 a 35 colaboradores, dependendo da estrutura e da localização. Atualmente, a rede mantém cerca de 100 vagas abertas em diferentes funções, principalmente nas áreas operacionais, como auxiliar de cozinha, cozinheira, barman, garçom e monitora de espaço kids. Esse número evidencia tanto o potencial de geração de empregos do setor quanto a dificuldade em preenchê-los.
“Na Água Doce, enfrentamos os desafios típicos do setor de alimentação, como a dificuldade em encontrar profissionais qualificados para cargos como cozinheiros, barmans e atendentes, além da alta rotatividade devido às jornadas intensas e à percepção de que o trabalho é temporário. Para superar isso, investimos em treinamentos internos para capacitar nossa equipe, garantindo que nossos colaboradores estejam preparados para oferecer a melhor experiência aos clientes. Oferecemos benefícios como vale-alimentação, planos de carreira para cargos de liderança e um ambiente de trabalho acolhedor, alinhado à nossa cultura de valorizar a culinária brasileira e o bem-estar da equipe. Com um mercado pressionado pela inflação e pela redução no gasto médio dos clientes, o desafio de atrair e reter mão de obra qualificada se torna estratégico. Iniciativas de capacitação, engajamento e valorização, como as que adotamos, mostram que o diferencial competitivo vai além do cardápio, está no time que sustenta a experiência do consumidor e faz com que ele aprecie a experiência que teve com a marca”, finaliza o diretor de franquias da Água Doce, Julio Bertolucci.