Setor financeiro e geopolítica impulsionam mudanças na economia brasileira
Especialistas discutem avanços e desafios econômicos no Brazil Economic Forum.
Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e co-chairman do LIDE. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
O cenário econômico brasileiro e os impactos das transformações globais foram os temas centrais do Brazil Economic Forum, onde especialistas destacaram o papel do setor financeiro e as mudanças geopolíticas. Para Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e co-chairman do LIDE, "o Brasil tem surpreendido nos últimos dois anos. A modernização da economia e os efeitos das reformas têm permitido que a economia cresça mais".
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
Em 2024, o mercado de crédito registrou um crescimento maior do que o esperado, motivado pela concorrência bancária e pela busca de modalidades mais sofisticadas de financiamento, como habitacional e veículos. “O desemprego baixo e a competição no setor bancário contribuíram para a expansão do crédito”, avaliou Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, que também alertou para os desafios impostos pelo aumento das taxas de juros e pela possível elevação da inadimplência.
Isaac Sidney, presidente da Febraban. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
A inclusão financeira e a adoção de tecnologias, como o PIX e o Open Finance, foram celebradas como marcos recentes que ampliaram o acesso ao crédito e modernizaram o mercado financeiro.
“Mais de 70 milhões de brasileiros foram incluídos no sistema financeiro após o PIX, e o número de usuários ativos no setor financeiro dobrou nos últimos anos”, destacou Isaac Sidney, presidente da Febraban. Ele ainda reforçou a importância de segurança jurídica e ajustes regulatórios para garantir a sustentabilidade do sistema.
O fórum também abordou o impacto das mudanças geopolíticas e da transição para uma economia de baixo carbono. Segundo João Dória, ex-governador de São Paulo e co-chairman do LIDE, setores estratégicos como infraestrutura e energia solar são essenciais para o desenvolvimento econômico.
“Somente o setor de energia fotovoltaica gerou mais de um milhão e meio de empregos desde 2012, representando uma oportunidade de crescimento sustentável”, afirmou Dória. Ele também sugeriu o uso de fundos estrangeiros, especialmente do Oriente Médio, para financiar setores prioritários no Brasil.
Paulo Henrique Costa, presidente do BRB. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, destacou o papel das instituições financeiras na recuperação econômica e na inclusão de novos segmentos no sistema bancário.
“O setor financeiro não atua somente por meio do crédito. Atuamos também gerando emprego e renda, patrocinando eventos culturais e esportivos, que ajudam a movimentar a economia nas regiões em que estamos presentes. É possível ser um motor de crescimento tanto para o setor público quanto para o privado”, declarou.
Ele ainda comentou as iniciativas do BRB, ressaltando que “colocamos R$ 32 bilhões em crédito no Distrito Federal durante a pandemia, mantendo a economia funcionando, e nos últimos cinco anos destinamos R$ 67 bilhões em crédito, com destaque para os setores imobiliário e rural
Apesar dos avanços, os desafios fiscais e estruturais foram apontados como entraves para o crescimento sustentável. “Não existe caminho sem ajuste fiscal. Gastar o que se pode é essencial para qualquer economia”, destacou novamente Isaac Sidney. A necessidade de reformas, capacitação de mão de obra e a busca por eficiência na implementação das mudanças tributárias também foram apontadas como prioridades para o futuro.
O evento reforçou a importância de um mercado financeiro sólido e inovador para sustentar a economia e destacou as oportunidades de crescimento em um cenário de mudanças globais e desafios internos.