Marinalva Cruz, Coca-Cola: empresas precisam mudar o sentimento de culpa pelo de responsabilidade em ações de inclusão
Executiva participou do Seminário junto com outros empresários e lideranças. O evento debateu a importância da inclusão nas empresas.
Marinalva Cruz, da Coca-Cola FEMSA. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
A necessidade de o setor privado promover a inclusão de pessoas com deficiência e outras minorias no mercado de trabalho brasileiro norteou o debate do Seminário LIDE ESG | Inclusão desta segunda-feira (30), realizado na CASA LIDE, em São Paulo. O evento contou com a presença de lideranças e empresários de diversos setores da economia.
Marinalva Cruz, da área de Diversidade e Inclusão da Coca-Cola FEMSA, enfatizou a urgência de as empresas mudarem a mentalidade na hora de pensar e agir em ações inclusivas. Para ela, é preciso substituir o sentimento de culpa pelo de responsabilidade.
“É preciso entender que pessoas tem habilidades e competências e não olhar só por suas características”, diz. “O diagnóstico, ou o tipo de deficiência não me define. O que vai fazer a diferença são as oportunidades”, explica.
Segundo a executiva, em um cenário com mais de 18,9 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência e menos de 500 mil empregados, é um alerta para refletir sobre o quão representativa é essa diversidade dentro da empresa. Ela ressalta que “não se trata apenas de cumprir a lei de cotas; o desafio é criar condições para que pessoas com ou sem deficiência possam se desenvolver dentro da empresa”.
Vivian Broge, vice-presidente do Grupo TOTVS. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Ainda sobre responsabilidade, Vivian Broge, vice-presidente do Grupo TOTVS, destacou que os líderes executivos têm o dever de considerar a inclusão para não “deixar de lado potenciais”. “Entendo que meu papel é ser protagonista em um mundo onde o potencial das pessoas esteja refletido na empresa”, afirma.
Luciana Viegas, diretora do Instituto Vidas Negras com Deficiência Importam. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Luciana Viegas, diretora do Instituto Vidas Negras com Deficiência Importam, destacou a lacuna no debate sobre inclusão de pessoas com deficiência em posições de liderança. “Muito se fala em incluir no mercado de trabalho, mas pouco de incluir em posições de lideranças. É importante debater a perspectiva de carreira e de desenvolvimento. A empresa está sempre focada em cumprir uma cota e não a diversidade como um processo”.
Carolina Videira, mestre em neurociências e membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU-Brasil. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Carolina Videira, mestre em neurociências e membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU-Brasil, apontou a relação e contribuição das diferenças para a inovação das empresas e o desenvolvimento dos negócios. “Nenhuma empresa será lucrativa se não for diversa. Inclusão não é um favor, é o único caminho para uma sociedade sustentável”. Segundo a especialista, é preciso acabar com o estigma de que algumas pessoas são incapazes de aprender.
“Nenhum cérebro é igual ao outro. Uma coisa que é muito equivocada é que existem cérebros que não são capazes de aprender. Nos só precisamos de oportunidade para desenvolver as pessoas, tenham ela deficiência ou não”.
Tecnologia e mais autonomia
Thierry Marcondes, fundador da Empatia do Silêncio. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O uso da tecnologia como meio de promover a inclusão também foi debatido durante o Seminário LIDE ESG | Inclusão. Segundo Thierry Marcondes, fundador da Empatia do Silêncio, é necessário “ensinar às empresas a enxergarem a acessibilidade como estratégia de negócio”. O executivo lembra que diversas funcionalidades e plataformas usadas atualmente, como teclados e telas sensíveis ao toque, surgiram de ideias e necessidades de pessoas com deficiência.
“Quando falamos em autonomia, estamos falando de inclusão e equidade. Desenvolvemos as pessoas para que possam participar sendo criativas e inovadoras”, afirma.
Viviane Dallasta, defensora pública federal. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
A defensora pública federal Viviane Dallasta lembrou que é crucial não só mencionar tecnologias disruptivas como a Inteligência Artificial, mas também o básico. “Precisamos lembrar que menos de 1% dos sites e aplicativos no Brasil são acessíveis. É necessário promover a conectividade não apenas de forma geral, mas acessível”, enfatizou.
O Seminário LIDE ESG | Inclusão tem o patrocínio da Acciona, Banco Master, Mais Autonomia e Shell Brasil. O evento conta ainda com apoio do Instituto Inclusartiz.