Patrick O’Neill: Brasil e América Latina impulsionam transição energética global

O recente estudo Energia Verde na América Latina, conduzida pela Broadminded, centro de pesquisa da multipremiada agência de comunicação Sherlock Communications, destaca o grande potencial do Brasil e da América Latina para liderar essa transição, reunindo dados e perspectivas de especialistas multidisciplinares sobre o avanço da energia verde na região.

A transição energética global foi um dos temas centrais da agenda da cúpula do G20, que em acordo neste ano se comprometeu a triplicar a oferta de fontes de energia renováveis até 2030. E, ao que tudo indica, o Brasil deve se consolidar como protagonista na descarbonização global.

O recente estudo Energia Verde na América Latina, conduzida pela Broadminded, centro de pesquisa da multipremiada agência de comunicação Sherlock Communications, destaca o grande potencial do Brasil e da América Latina para liderar essa transição, reunindo dados e perspectivas de especialistas multidisciplinares sobre o avanço da energia verde na região.

De acordo com o estudo, que reúne dados da Agência Internacional de Energia (AIE), 60% da eletricidade da América Latina é gerada a partir de energia renovável, posicionando-a como uma das redes elétricas mais limpas do mundo. Países como Chile, México e Brasil estão liderando o caminho, sendo o Brasil responsável por 58% da nova capacidade de energia renovável da América Latina até 2030.

Crescimento na geração de eletricidade a partir de fontes renováveis

Embora a maioria dos países ainda dependa de uma matriz energética predominantemente hidrelétrica, a região vem demonstrando avanços significativos na diversificação de suas fontes de energia limpa, especialmente a eólica e a solar. 

No Brasil, a capacidade instalada de energia eólica cresceu 300% nos últimos 10 anos, representando atualmente 95 GWh, segundo dados da Ember. O crescimento foi impulsionado por investimentos em projetos localizados na região Nordeste, onde as condições são favoráveis para esse tipo de geração. 

Além disso, a aprovação de legislações permitiu o aumento da produção de energia limpa, como a Lei do Hidrogênio, que liberou R$18,3 bilhões para o hidrogênio verde, essencial para a descarbonização das indústrias. “O hidrogênio verde dependerá fortemente da energia eólica e de outras fontes renováveis”, diz Elbia Gannoum, CEO da ABEEólica, que vê o hidrogênio como um elemento crucial na futura estratégia energética do Brasil.

cached.offlinehbplPatrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications. (Foto: Divulgação)

Já no Chile, o cenário é igualmente promissor: o país registrou um aumento de mais de 1.300% em sua capacidade solar, aproveitando o grande potencial do Deserto do Atacama.

De acordo com W. Schreiner Parker, diretor-gerente para a América Latina da empresa de inteligência energética Rystad Energy, essas nações estão investindo em energia eólica e solar não apenas para abastecer seus próprios setores, mas também para explorar oportunidades de exportação, como o hidrogênio verde.

“A América Latina, especialmente o Brasil e o Chile, pode se tornar um grande exportador dessa fonte vital de energia. Mas o sucesso da região dependerá da navegação nas complexidades regulatórias, da garantia de financiamento adequado e do equilíbrio entre a mudança das receitas de combustíveis fósseis e as novas oportunidades para exportações de energia verde”, disse Parker.

Infraestrutura, financiamento e instabilidade política são os principais desafios

Embora a região esteja caminhando para a liderança na transição energética global, especialistas entrevistados pela Broadminded apontam que ainda há desafios estruturais importantes a serem enfrentados para que a América Latina consolide sua posição nos próximos anos.

O principal desafio, comum à maioria dos países latino-americanos, envolve definir estratégias de financiamento para projetos de infraestrutura essenciais para transmissão e armazenamento de energia. Sem suporte adequado, o potencial de crescimento do setor pode ser limitado, diz Alejandro Castañeda, presidente executivo da Associação Nacional de Empresas Geradoras da Colômbia.

Segundo o executivo, muitos projetos de energia limpa tiveram que ser paralisados devido à falta de investimento. “O que esperamos do governo é ajuda para viabilizar os projetos e concluí-los no prazo. Caso contrário, enfrentaremos escassez de energia na Colômbia entre 2027 e 2028.”

Além disso, a estabilidade macroeconômica e política é um fator decisivo para o avanço da energia verde em algumas nações específicas, como Argentina e Peru, onde esses elementos são fundamentais para atrair e manter investimentos no setor.

“Embora a América Latina seja líder global em energias renováveis, existem vários desafios. Superar esses obstáculos é crucial para que esta região mantenha e expanda seu papel de liderança em nossa transição para um modelo de energia mais sustentável e resiliente”, disse Patrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications.