Rodrigo Miranda: 'Quando você faz algo disruptivo, as pessoas esperam qual será a próxima inovação'
A criação de duas startups se tornou case de sucesso para o empresário, que despertou o interesse de gigantes do mercado.
A criação de duas startups se tornou case de sucesso para o empresário, que despertou o interesse de gigantes do mercado. (Foto: Divulgação)
Um criador de negócios de sucesso, essa é uma forma prática de apresentar o empresário Rodrigo Miranda. Ainda em seus anos de faculdade, se reuniu a outros colegas e, juntos, criaram uma startup sem saber que estavam criando uma startup: pensaram em um negócio disruptivo e, assim, nasceu a Zaitt, a primeira loja de conveniência autônoma da América Latina.
Depois, a veia empreendedora de Miranda e seus sócios identificou mais um nicho de negócio, o de entregas de todos os tipos de produtos, foi quando nasceu a Shipp Delivery.
Os negócios duraram pouco, ao menos nas mãos de Miranda e seus sócios. Ao contrário do que se pode pensar, essa foi uma coroação de que eles tinham ido pelo caminho certo, já que suas startups ganharam investidores, até que foram completamente vendidas para gigantes do mercado.
O LIDER.INC conversou com o empresário e, abaixo, você pode ler tudo na íntegra.
Rodrigo, você chegou a trabalhar em grandes companhias, mas, ainda muito jovem, começou a fundar suas próprias empresas. Como foi esse processo?
Hoje, moro em São Paulo, mas sou do Espírito Santo. Lá, fiz engenharia mecânica em um estado dominado pela siderurgia e pela metalurgia. Fui estagiário da Samarco por um mês e pedi demissão, não era isso o que queria para a minha vida. E então comecei a conversar com meus então colegas de turma sobre o que faríamos, começamos a pensar em criar uma empresa. O intuito não era abrir uma startup porque nem sabíamos o que era isso, para falar a verdade. Foi aí que começou a Zaitt, que nasceu em um modelo de delivery de bebidas e durou um ano e meio.
Começamos a pensar no que poderíamos fazer de diferente, quando surgiram duas ideias em paralelo: a primeira era fazer uma loja de conveniência autônoma, sem funcionários, transformando a Zaitt nesse sentido; a outra ideia era criar um aplicativo que fosse além da entrega de bebidas e pudesse entregar qualquer coisa. Naquela época, em 2016, só existia o iFood, focado em comida. Foi a partir daí que tudo foi transformado. A Zaitt se tornou a primeira loja autônoma da América Latina, em 2017. Em paralelo, criamos uma segunda empresa, a Shipp Delivery, um marketplace que entregava de tudo.
Esses negócios tracionaram muito bem e tivemos dezenas de investidores. A Zaitt chamava muita atenção, o que fez com que a empresa fosse comprada mais cedo do que o normal. Em 2019, vendemos as duas empresas para a Sapore, mas continuamos na operação.
Com a pandemia, o delivery ia muito bem e, em dezembro de 2020, a Americanas demonstrou interesse em comprar a Shipp. Dessa vez, vendemos 100% da empresa para eles, que acabou virando a Americanas Delivery. Hoje, sou advisor da Americanas.
Já era uma ideia criar empresas para vendê-las ou foi a projeção do que vocês estavam criando que fez com que as grandes empresas procurassem vocês?
Quando começamos, nunca imaginamos que alguém pagaria pelo que estávamos criando. Foi muito da projeção que elas passaram a ter e da forma que nós conduzimos os negócios, temos um foco muito grande em estratégia e gestão, que sempre foram nossos grandes diferenciais enquanto empreendedores.
Quando surgiu esse interesse no mercado, como foi a ideia de vender o que vocês mesmos criaram?
Encaramos com muita naturalidade, não tínhamos algum tipo de apelo emocional. É uma oportunidade de mudança de vida radical, tanto financeiramente quanto para a carreira. Nosso pensamento sempre foi fazer a venda a longo prazo, cuidando da gestão.
Em que projeto você está trabalhando atualmente?
Hoje, tenho a VPx, uma consultoria estratégica nos moldes quase antigos. É um mercado muito grande e ninguém trouxe uma abordagem nova. Tudo o que fazíamos na nossa empresa, agora "empacotamos" e levamos para aplicar em outras empresas, atuando sempre nos pilares de estratégia, gestão e finanças. Esse é o projeto no qual tenho me concentrado em 95% do tempo. O foco é levar todas as boas práticas que usamos. Também temos mentoria porque só a consultoria não resolve o problema das empresas, então levamos educação executiva. Queremos ajudar os gestores na execução.
Antes, você tinha produtos, agora, você vende serviços. Como tem sido essa diferença?
Tudo isso vai além de mim, nós temos um time, e tenho sócios muito competentes. Temos uma abordagem de negócios que independe do que estamos vendendo. Nós gostamos é de fazer negócios. Quando você faz algo disruptivo, parece que as pessoas ficam esperando qual será a próxima grande inovação.
Como foi ser reconhecido na Forbes Under 30? Isso se tornou uma vitrine?
Na vida de empreendedor é muito comum a gente se questionar se está fazendo a coisa certa, e o prêmio vem quase como um acalanto. Muito melhor que isso é o reconhecimento para a relevância que as empresaas tiveram no cenário nacional. Isso dá motivação e traz pessoas muito boas para trabalharem com a gente.