Cristiano Pinto da Costa: Shell Brasil à frente da transição energética
Presidente da Shell no Brasil fala sobre os desafios do setor energético, as metas de descarbonização e os investimentos em tecnologias limpas e inovação no país.
Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell no Brasil. (Foto: Felipe Gonçalves/ LIDE)
Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell no Brasil, traz sua visão sobre o futuro do setor energético, abordando desde as oportunidades do Brasil em energias renováveis até os desafios da transição energética. À frente da petroleira há dois anos, ele destaca o papel estratégico do país nos negócios globais da Shell, a importância da sustentabilidade e o impacto de projetos inovadores como a geração de hidrogênio a partir de etanol. Nesta entrevista, Cristiano também compartilha detalhes de sua trajetória profissional e os aprendizados adquiridos ao longo de mais de 26 anos de carreira na empresa.
A Shell recentemente promoveu um estudo sobre os cenários energéticos no Brasil. Quais foram os principais destaques?
O estudo revelou que o Brasil tem uma vantagem competitiva importante por possuir uma matriz energética mais limpa que a maioria dos países. Isso nos coloca em posição de destaque na transição energética. Entre os principais pontos, destacamos a necessidade de combater o desmatamento ilegal para atingir as metas de descarbonização até 2050 e o enorme potencial do país em biocombustíveis, energia renovável e crédito de carbono.
Qual é a visão da Shell sobre o futuro do petróleo no contexto da transição energética?
Embora a transição energética seja inevitável, a demanda por petróleo e gás continuará pelas próximas décadas. O desafio está em equilibrar a necessidade atual com os investimentos em novas tecnologias e fontes de energia. O Brasil, por sua excelência no setor, tem grande potencial para suprir essa demanda enquanto avança em soluções renováveis.
E quanto às iniciativas da Shell no Brasil em energias renováveis?
Temos um portfólio de projetos solares com capacidade de até 2 gigawatts, concentrados em Minas Gerais, Goiás e no Nordeste. Além disso, investimos em pesquisa para transformar etanol em hidrogênio, em parceria com universidades e empresas como a Toyota. Essa abordagem diversificada reflete nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável.
A Shell é uma das maiores parceiras da Petrobras. Como funciona essa relação, que mistura competição e colaboração?
É uma relação interessante. Competimos em leilões de blocos de petróleo, mas, ao mesmo tempo, compartilhamos riscos e expertise em projetos conjuntos. Recentemente, expandimos nossa parceria para áreas como exploração internacional e fontes renováveis. Isso mostra que, apesar de sermos concorrentes em certos momentos, as sinergias criadas são extremamente produtivas.
Como o senhor aplica os aprendizados do esporte em sua gestão na Shell?
O esporte ensina disciplina, resiliência e trabalho em equipe, lições que levo para a vida profissional. Assim como nos esportes, os resultados no trabalho vêm do esforço contínuo e do preparo. Incentivo a colaboração e a excelência na equipe da Shell Brasil, buscando criar um ambiente que extrai o melhor de cada colaborador.
Quais são os maiores desafios de liderar uma empresa como a Shell em tempos de transição energética?
Conciliar a necessidade atual por petróleo e gás com os investimentos em tecnologias futuras é um dos grandes desafios. Outro ponto crucial é a segurança nas operações, essencial para proteger pessoas e o meio ambiente. Além disso, atrair e reter talentos da nova geração, que busca mais do que apenas um salário, é cada vez mais desafiador.
O senhor é otimista em relação ao futuro do Brasil no setor energético?
Com certeza. O Brasil tem um enorme potencial em todo o espectro energético, do petróleo às energias renováveis. Com políticas públicas consistentes e estabilidade regulatória, podemos atrair investimentos e consolidar o país como um hub climático global. Sou otimista de que estamos no caminho certo para aproveitar essas oportunidades.