Ibovespa vai ao maior nível desde 11/12, em alta de 2,64%, perto dos 129 mil

O Ibovespa emendou sequência vencedora nas três últimas sessões, o que assegurou ganho de 3,14% para o índice na semana, no que foi seu melhor desempenho desde o intervalo entre 5 e 9 de agosto, quando havia avançado 3,78%. Nesta sexta-feira, o índice da B3 oscilou dos 125.646,73 aos 129.194,14 pontos, saindo de abertura aos 125.646,73 pontos. No fechamento, sustentou alta de 2,64%, aos 128.957,09 pontos, após ganho de 1,43% na sessão anterior - e, como na quinta-feira, mostrando o maior avanço diário desde 14 de fevereiro (+2,70%).

O giro desta sexta-feira foi a R$ 27,3 bilhões. No mês, o Ibovespa sobe 5,01% e, no ano, 7,21%.

O dia foi de recuperação em Nova York ao final de uma semana negativa por lá - com perdas na faixa de 2,27% (S&P 500) a 3,07% (Dow Jones), apesar de alta entre 1,65% (Dow Jones) e 2,61% (Nasdaq) na sessão desta sexta -, após o Ibovespa já ter mostrado descolamento na quinta-feira, para cima. O dólar em baixa de 0,98%, a R$ 5,7433, corrobora a percepção de que com os ativos relativamente esticados em NY - e ora em correção -, os investidores têm buscado diversificação ante receio de que as idas e vindas protecionistas de Trump cobram preço do ritmo de atividade nos Estados Unidos.

A B3 registrou volume financeiro médio diário de R$ 25,714 bilhões em fevereiro deste ano. Embora em queda de 1,2% na comparação com o mesmo mês de 2024, houve, em relação a janeiro, crescimento de 9,1%, conforme dados da B3. Com volume diário no mercado à vista de ações a R$ 24,850 bilhões na média de fevereiro, houve queda de 0,4% na comparação de ano, mas avanço mensal de 9,7%.

Nesse contexto, nem mesmo o avanço observado na curva de juros doméstica - em especial após a notícia de que, com viagens dos presidentes da Câmara e do Senado, a votação do Orçamento deve ficar para abril - debilitou o ganho do Ibovespa na sessão, que o colocou no maior nível de fechamento desde 11 de dezembro.

Destaque para as blue chips, como Vale (ON +3,28%), Petrobras (ON +3,90%, PN +3,08%) e Itaú (PN +3,25%). Na ponta ganhadora, Automob (+16,67%), Magazine Luiza (+13,48%) e CSN (+11,82%). No lado oposto, Natura (-29,94%) em forte queda após decepção do mercado com os resultados do quarto trimestre, seguida por Azzas (-10,42%) e LWSA (-4,33%). "Na sessão, houve forte avanço do minério na China, o que favorece Vale, e algum alívio nas tensões comerciais em torno dos Estados Unidos", diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. Em Dalian, o ganho para o contrato futuro mais negociado foi de 2,32%, a US$ 109,59 por tonelada.

"O dia foi de propensão a risco desde a sessão asiática, com a expectativa por novos estímulos na China, e possibilidade de anúncio na semana que vem, o que contribui para o desempenho das commodities e de emergentes como o Brasil", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Ele acrescenta que o movimento é uma recuperação até ser ponto natural para o Ibovespa, considerando o nível de precificação local e o fato de os índices americanos, como o S&P 500, terem entrado em correção, acumulando ao menos 10% de queda em relação às máximas de 19 de fevereiro.

"Ainda há muito ruído em torno das tarifas de Trump, e não dá para declarar vitória sobre esse assunto", diz Spiess.

Ele ressalva que a "pausa" no barulho em torno do protecionismo, observada nesta sexta-feira, contribuiu para alguma mitigação de danos, especialmente em Nova York, onde os índices de ações avançaram. "Rotação setorial começa a fazer sentido, dentro dos Estados Unidos e para outras regiões também, o que se reflete em fluxo estrangeiro inclusive para Brasil após um fim de 2024 bem ruim. Valuation continua atrativo", afirma.

Para Bruna Centeno, sócia e advisor da Blue3 Investimentos, após uma semana em geral marcada por cautela, o dia foi de reviravolta no apetite por risco - marcado também, no plano doméstico, por nova pesquisa de popularidade, em baixa, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acrescenta. "Reprovação do governo Lula tem chamado atenção para a sucessão de 2026, o que contribui também para a Bolsa."

Ainda assim, o mercado financeiro está um pouco mais conservador em relação ao comportamento das ações no curtíssimo prazo. É o que mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a fatia dos que esperam ganhos para o Ibovespa na próxima semana recuou para 42,86%, ante 50% na edição anterior. Os que preveem estabilidade agora são 14,29%, de 16,67%. E a parcela dos que estimam uma semana de perdas para o índice subiu de 33,33% para 42,86%.