Ibovespa cai e perde os 135 mil pontos após nova ofensiva dos EUA e de olho em pesquisa

A nova ofensiva do governo americano na onda das tarifas ao Brasil e o recuo do petróleo no exterior pesam no Ibovespa na manhã desta quarta-feira, 16. A desvalorização ainda reflete a fraqueza das bolsas americanas, apesar de sinais de alívio da inflação ao produtor dos EUA e balanços positivos. O recuo do principal indicador da B3 ocorre apesar da alta de 1,05% do minério de ferro hoje em Dalian, na China.

Após sete quedas seguidas, o Índice Bovespa deveria interromper este ciclo "longo", diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, sob pena de acentuar as perdas para o suporte gráfico na faixa dos 132 mil pontos.

"É um quadro geral mais negativo hoje na Bolsa, sem nada específico", pontua Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, ao referir-se a uma conjunção de fatores.

Entre a máxima aos 135.478,19 pontos (alta de 0,17%) e mínima aos 134.663,06 pontos (-0,43%), cedeu em torno de 760 pontos, em meio ao vencimento de opções sobre o Ibovespa nesta quarta.

"Há espaço para melhora, ainda mais com o índice num suporte após sete quedas seguidas", observa Bruna Sene, analista da Rico.

Com a agenda de indicadores esvaziada no Brasil, o foco fica totalmente no temas sobre tarifas e nas divulgações internacionais, como balanços americanos do segundo trimestre, índice de preços ao produtor dos EUA e produção industrial daquele país.

Nesta terça, 15, após o fechamento da B3, Trump ordenou uma investigação sobre práticas comerciais brasileiras que, segundo ele, "restringem injustamente" o comércio com os EUA. Entre os focos da investigação estão o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, as tarifas preferenciais injustas, a interferência anticorrupção e a proteção da propriedade intelectual. Outro ponto que será investigado é o acesso ao mercado de etanol.

Antes dessa nova ofensiva, o governo federal e o setor produtivo se reuniram nesta terça-feira para a ameaça do presidente americano de impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros. As reuniões continuam hoje.

"Por enquanto, parece que não vamos retaliar, mas precisamos aguardar as reuniões que estão acontecendo e que vão acontecer ao longo do dia", diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.

Ainda fica no radar a Pesquisa Genial/Quaest, mostrando melhora na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 40% para 43%. A desaprovação de Lula recuou de 57% para 53%. Segundo o instituto, o confronto com o presidente norte-americano, Donald Trump, por causa do "tarifaço" fez com que o petista recuperasse terreno fora das bases de apoio tradicionais.

De certa forma, avalia Alvarenga, da One Investimentos, as tarifas impostas por Trump ao Brasil fortalecem o governo do presidente Lula, o que é desagrada ao mercado, que, segundo cita, tem demonstrado descontentamento com relação à forma com que o petista governa. "A visão do atual mandatário é muito negativa, principalmente com relação a medidas econômicas que são tomadas", afirma.

Outro ponto de atenção é o impasse do IOF. Além disso, fica no foco a informação de que Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o pagamento de precatórios e reabre o prazo para parcelamento de dívidas de municípios com seus regimes próprios de previdência e com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS). O texto poderá ser votado nesta quarta no Senado.

Na terça, o Ibovespa fechou com a sétima queda seguida, aos 135.250,10 pontos (-0,04%).

Às 11h21 desta quarta, o Ibovespa caía 0,40%, aos 134.711,40 pontos. Ações de estatais são destaque de baixa, caso de Eletrobras (-1,09%/PNB e -0,71%/ON) e Banco do Brasil (-2,01%), além de Petrobras, que cede mais de 1%, com declínio do petróleo. Vale subia 0,54%, mas as demais ações de metálicas recuam.