Barroso defende melhora na 'qualidade dos gastos’ e Pacheco diz que desperdícios devem ser corrigidos
Organizado pelo LIDE, evento em Brasília debateu a importância da Inteligência Artificial e propostas para desenvolvimento econômico do Brasil.
Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), defendeu a proposta discutida junto ao governo federal por um corte de gastos e prometeu engajamento do Congresso Nacional para aprovar a medida durante o Fórum Brasil, realizado pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, na manhã desta quarta-feira (13), no hotel Royal Tulip Brasília, em Brasília.
Para Pacheco, o pacote, que vem sendo discutido com o presidente Lula (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deve corrigir “desperdícios”.
“O mesmo engajamento que o Congresso Nacional teve em reformas importantes e, agora, com a reforma tributária, será o engajamento para a discussão do gasto público no Brasil, seja para sua qualificação, seja para aquilo que se apelidou dizer ‘cortes’”, disse Pacheco.
“É absolutamente legítimo se defender cortes de gastos com privilégios, desperdícios, sobreposição de funções, de modo que nós estamos absolutamente imbuídos desse propósito. Quando se fala em supersalários, quando se fala em desperdício de vazão de dinheiro com obras inacabadas, por exemplo, isso é uma distorção que já se apresenta. Precisa ser corrigida de pronto”.
Rodrigo Pachedo, presidente do Senado Federal. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, também tocou no assunto durante sua declaração, onde elencou o tema como uma das 10 prioridades para alavancar o desenvolvimento do Brasil. Na avaliação do ministro, já há um esforço dos Três Poderes para dar mais “racionalidade e rastreabilidade” ao orçamento público.
“Há um esforço que os Três Poderes estão fazendo de tentar dar mais racionalidade, rastreabilidade e controlabilidade ao orçamento público, mas o Brasil precisa melhorar a qualidade dos gastos”, apontou Barroso.
O presidente do STF construiu a narrativa de seu discurso focando na importância da democracia e da convivência pacífica entre os poderes, além de propor melhorias ao sistema eleitoral brasileiro. Questionado sobre uma possível guinada extremista em âmbito global, o presidente do STF demonstrou segurança e focou na estabilidade institucional que o Brasil atingiu no último ano. Segundo ele, a Corte “resistirá a qualquer ímpeto autoritário”.
“Existe a maior normalidade institucional no país, uma relação boa entre os Poderes. Eu tenho uma boa relação com o presidente do Senado, da Câmara. Acho que o Brasil vive uma normalidade institucional com as divergências naturais de uma vida democrática”.
Segurança pública e cibernética
No âmbito da segurança pública, tema de um dos painéis do evento, Mario Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública, abordou a crescente violência urbana e rural, além da criminalidade organizada, alertando sobre a necessidade de uma resposta legislativa mais robusta.
“É preciso ajustes na legislação. Não podemos fugir desse assunto. Precisamos enfrentar o crime organizado na sua essência, que é no seu ciclo econômico”, enfatizou.
O secretário também foi questionado sobre o recente episódio de assassinato cometido pelo crime organizado no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele ponderou que o homicídio foi uma “queima de arquivo” e mostra o nível de atuação dos criminosos, com práticas típicas de organizações mafiosas.
“É lamentável. Já temos diagnóstico de um crime organizado. Estamos num estágio acima, com atividades típicas de mafiosos, como a ‘queima de arquivo’. Isso deixa claro o poder dessas máfias.”
Mario Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
A segurança cibernética também foi tema de relevância durante os painéis, especialmente no contexto da crescente digitalização dos negócios. Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília, destacou a urgência de incluir a segurança digital nos debates nacionais.
“Nossa mensagem é a importância de que a segurança cibernética e a proteção do sistema financeiro precisam ser inseridas nos debates e consideradas em todas as ações.”
A proteção de dados e a segurança no ambiente digital, segundo Costa, devem ser tratadas com a mesma seriedade que as questões físicas de segurança pública, dada a vulnerabilidade crescente de dados e transações financeiras.
Inteligência Artificial no Brasil
O impacto da digitalização e a transformação do modelo de negócios também foram discutidos por Diego Barreto, CEO do iFood. Barreto ressaltou as diferenças entre os bens físicos e digitais, explicando como o mercado físico ainda exige grandes investimentos e concentra o poder nas mãos de quem já possui capital.
“Historicamente, o mundo era feito de bens físicos, e o bem físico demanda altos volumes de investimento. E ao fazer isso, aquele que tem capital pode acelerar o desenvolvimento mais rápido. A tecnologia digital, que não depende de capital, equaciona a competição global e permite que a gente crie muito mais aqui dentro e forneça muito mais ao brasileiro.”
Diego Barreto, CEO do iFood. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Já Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais do Google, falou sobre a importância de garantir um acesso mais amplo à infraestrutura digital e o desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial, destacando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva.
“Temos que estar atentos a três questões: como vamos garantir acesso amplo à infraestrutura digital, como quais são as possibilidades de desenvolver essa tecnologia; a educação em Inteligência Artificial, e, por último, o acesso à tecnologia. E tudo isso precisa ser feito independentemente da origem ou localização.”
O senador Eduardo Gomes (PL-TO), relator da Regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil, defendeu que, mais do que uma regulação no âmbito legislativo, é preciso que haja uma política de incentivo do governo federal.
“Quem mais reclama da regulação para frear investimentos é quem carece do maior investimento para desenvolver. Não adianta fazer regulação sem uma política clara do governo de investimento em capacitação e start ups. Precisamos usar um pouco da criatividade para que o tema de inteligência artificial caminha de acordo com um ambiente global com a melhor versão de regulação de IA para o Brasil.”
Organizado pelo LIDE, evento em Brasília debateu a importância da Inteligência Artificial e propostas para desenvolvimento econômico do Brasil. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O Fórum Brasil é uma iniciativa do LIDE, LIDE Brasília, em parceria com o Brasil 247. O patrocínio é do Banco BRB, o apoio da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Natural One e Royal Tulip. Revista LIDE e TV LIDE são mídia partners.