Após subir, Ibovespa cai com fraqueza do petróleo e agenda fraca
Após subir 0,31%, à máxima de 143.089,43 pontos, o Ibovespa virou nesta segunda-feira para o negativo e cedendo para o nível dos 141 mil pontos, na esteira da perda de força do petróleo, principalmente. Em meio à cautela dos investidores com a agenda pesada da semana, o principal indicador da B3 devolve parte dos recentes ganhos. Em Nova York, os sinais das bolsas são divergentes, com destaque à alta máxima de 0,74% do Nasdaq e recuo de 0,17% do Dow Jones.
Há instantes, o Ibovespa passou a renovar mínimas, com Petrobras PN indo para o negativo (-0,10%) e ON desacelerando alta a 0,09%, após ambas subirem em torno de 1%. "O mercado está esperando um novo trigger gatilho/motivados para voltar a subir. O Ibovespa subiu forte na semana passada", avalia Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Além da agenda carregada da semana, Lourenço observa que investidores também monitoram as eleições legislativas da noite de domingo na província de Buenos Aires, onde vive cerca de 40% do eleitorado da Argentina. O eleitorado impôs uma pesada derrota ao presidente do país, Javier Milei. "Coloca risco de a esquerda voltar a dominar na América Latina, o que gera certa cautela no longo prazo", avalia.
Entre as poucas divulgações de hoje estão a alta de 0,20% do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em agosto, após recuo de 0,07% em julho, e as sutis revisões nas estimativas para inflação no boletim Focus.
Nos próximos dias, as atenções ficarão concentradas principalmente nos indicadores de preços do Brasil (IPCA) de agosto, que sairá na quarta-feira e dos EUA (CPI e PPI), na quinta-feira, e na retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro amanhã no STF, com possibilidade de desfecho na sexta-feira. Há temores de que o presidente dos EUA, Donald Trump, lance novas sanções ao Brasil, após o julgamento.
"É uma semana com alguns destaques, alguns pontos importantes da agenda que serão monitorados de perto", menciona Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, em nota. "Tem a possibilidade de o julgamento de Bolsonaro ser finalizado. Há um tom de maior cautela por possibilidade de novas sanções pelos EUA devido a esse tema, é ponto de atenção. Quanto à agenda, tem CPI e PPI dos EUA em semana pré-Super Quarta sairá decisão sobre juros aqui e nos EUA na quarta que vem", acrescenta Bruna.
Na sexta-feira, o principal indicador da B3 subiu 1,17% ao longo da sessão, atingindo pela primeira vez 143.042,28 pontos. Porém, encerrou com alta de 1,17%, aos 142.640,14 pontos - nível histórico de fechamento, na esteira do otimismo com cortes de juros nos Estados Unidos após dados de emprego reforçarem arrefecimento. Contudo, na sexta-feira as bolsas norte-americanas fecharam em baixa por receio de desaceleração econômica abrupta nos EUA.
Conforme Silvio Campos Neto, economista sênior e sócio da Tendências Consultoria, os agentes ainda digerem o relatório do mercado de trabalho norte-americano, o payroll, que desencadeou revisões para baixo para a dinâmica dos juros nos próximos meses. "Os dados elevaram os temores com um cenário recessivo no país, embora de outro lado persistam preocupações em torno do quadro inflacionário", avalia em nota Campos Neto.
Ainda fica no radar a decisão de governos estaduais, que decidiram aumentar em R$ 0,10 a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o litro de gasolina e etanol no próximo ano. Conforme a Warren Investimentos, o impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2026 é de 0,09 ponto porcentual, o que a levou a alterar sua projeção para o dado fechado daquele ano, de 4,5% para 4,6%.
Quanto ao Focus, a mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses passou de 4,38% para 4,45%, enquanto a estimativa para o IPCA de 2025 permaneceu em 4,85%, acima do teto da meta, de 4,50%. A projeção para o IPCA de 2026 foi de 4,31% para 4,30%; a de 2207 saiu de 3,94% para 3,93%; a de 2028, de 3,80% para 3,70%. A expectativa para a Selic seguiu em 15% ao ano para 2025.
O petróleo avançava 0,55% perto das 11 horas, após ganhos de 2%, à medida que a maior perspectiva de novas sanções dos EUA contra a Rússia, após o último ataque de Moscou na Ucrânia, se sobrepõe à decisão da Opep+ de mais uma vez elevar sua produção. O minério de ferro subiu 0,64% hoje em Dalian, na China.
Às 11h15, o Ibovespa caía 0,63%, na mínima aos 141.746,02 pontos.