'Alívio na inflação e recuperação do consumo', diz Felipe Passarelli sobre varejo alimentar.
Executivo pondera que itens essenciais na rotina alimentar do brasileiro, como o café e o ovo, continuam sofrendo aumentos significativos de preço.
Felipe Passarelli, Head de Estudos de Mercado da Scanntech.(Foto: Reprodução/Linkedin)
Com crescimento baixo, fevereiro traz um alívio ao ser o segundo mês consecutivo de vendas unitárias positivas, após um segundo semestre onde, na média, entregamos uma retração de -0,9%. É o que aponta dados do Radar da Scanntech, plataforma de soluções tecnológicas que usa a inovação e a inteligência de dados para impulsionar resultados do varejo e indústrias de bens de consumo.
“À primeira vista, o mês parece ter vendido - 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, ajustando o efeito do ano bissexto que ocorreu em fevereiro de 2024, observamos um crescimento de +0,8%”, comenta Felipe Passarelli, Head de Estudos de Mercado da Scanntech.
Além do crescimento de vendas unitárias, fevereiro destaca-se pela manutenção dos níveis de preço em relação à janeiro, que já vinha puxando uma redução nos aumentos de preço impulsionados pela cesta básica. Comparando fevereiro 2025 versus 2024, o mês entrega crescimento de +3,3% em faturamento sem dessazonalizar ou 6,7% removendo o efeito do ano bissexto. Apesar da contenção da inflação, a análise anual carrega todos os aumentos de preço realizados ao longo de 2024.
Apesar do controle de preços de modo generalizado, destacou-se no mês o ovo e o café, produtos indispensáveis na mesa de muitos brasileiros, com aumentos significativos. O café, teve uma alta de +8,5% em comparação a janeiro, acumulando uma alta impressionante de 66,6% nos últimos 12 meses. A alta nos preços vem sendo puxada pela lei da oferta e demanda, com redução da oferta e aumento da demanda globalmente, além da desvalorização do real.
Já o ovo apresentou um aumento expressivo de 23,3% em relação ao mês anterior, no entanto, verificando o longo prazo, o aumento é menor, +17,2%, já que a proteína apresentou redução de preços no segundo semestre de 2024. Esse crescimento é impulsionado por três efeitos: o calor intenso, preço do milho e sazonalidade da quaresma, momento em que muitos católicos diminuem o consumo de carne e aumentam o de ovo.
“Observamos pelo segundo mês consecutivo um crescimento nas vendas unitárias, acompanhado por uma estabilização dos preços em patamares de aumento menos intensos em comparação com o último trimestre de 2024. Esse cenário sugere um possível alívio na pressão inflacionária e recuperação do consumo, mas o acompanhamento da evolução desses comportamentos nos próximos meses será essencial para entendermos se essa é uma tendência ou se trata apenas de um movimento momentâneo. Paralelamente, alguns itens essenciais na rotina alimentar do brasileiro, como o café e o ovo, continuam sofrendo aumentos significativos de preço, o que pode influenciar nas escolhas e hábitos de compra da população”, conclui Passarell.