Transformação digital passa por cadeia de suprimentos mais humana e conectada

Cerca de 40% das empresas brasileiras conectadas à rede mundial de computadores usam algum serviço em nuvem.

Fotos grátis de RedeMaturidade da operação e da cadeia de suprimentos digital começa com a informação e a conectividade. (Foto: Pixabay)

 

A  indústria 4.0 abrange processos inteligentes que envolvem operação, produto ou serviço e toda a cadeia de suprimentos. Quando se trata da última, a smart supply chain, pressupõe-se uma cadeia de suprimentos conectada, integrada e rastreada, que depende de todos os processos anteriores.

supply chain digital, uma rede interconectada na qual a informação flui entre os elos da cadeia de modo a proporcionar visibilidade, integração, resiliência e sustentabilidade, é um dos temas do Programa Avançado em Transformação Digital do Insper. E o desafio está só começando. “Quando você vai para o campo, na agricultura, ou mesmo na indústria, com algumas fábricas mais afastadas dos grandes centros urbanos, a conectividade ainda é um problema”, diz André Duarte, professor da disciplina Estratégia da Cadeia de Suprimentos do Insper.

A pesquisa mais recente do Comitê Gestor da Internet, ainda com dados pré-pandemia de covid-19, indica que cerca de 40% das empresas brasileiras conectadas à rede mundial de computadores usam algum serviço em nuvem. Essa é uma das tecnologias básicas para a automatização inteligente da indústria. O primeiro gargalo continua estreito, apesar dos avanços.

A cadeia de suprimentos inteligente é transparente porque permite à indústria e aos fornecedores saber onde está cada produto. É resiliente porque possíveis rupturas na cadeia podem ser rearranjadas. E é sustentável porque, atualmente, não basta focar apenas no custo e na rapidez da entrega. “A pegada de carbono, que mede a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, mostra o quanto estão contribuindo do ponto de vista ambiental, mas também é fundamental mensurar o impacto social e econômico das cadeias de suprimentos”, afirma Duarte.

Para a transformação digital ser completa, é necessário alcançar o bem-estar. “Eu diria que estamos começando a dar um olhar maior para o impacto social das cadeias de suprimentos, que é normalmente mais difícil de medir”, diz o professor. “É importante valorizar o quanto está melhorando a vida das pessoas que compram produtos e serviços, mas também aquelas que trabalham nas cadeias de suprimentos. Acredito ser esse o grande desafio para as cadeias de suprimentos digitais.”

 

A decisão acertada

Pensando na logística da indústria 4.0, a tecnologia é baseada em sensores que capturam dados de clientes, máquinas, caminhões e produtos para dar visibilidade e transparência para a cadeia. Esses dados vão para a nuvem e passam a ser analisados para automação de processos (com decisões tomadas de forma autônoma) ou entregar inputs para que alguém tome as melhores decisões.

A transformação digital, portanto, requer profissionais com um perfil cada vez mais analítico do que operacional. “Quando se fala de operações 4.0, de máquina conversando com máquina, máquina conversando com produto, enviando para um sistema na nuvem, temos que ter um operador com capacitação para analisar esses dados e tomar a decisão, se essa decisão já não estiver de alguma maneira automatizada”, afirma Duarte.

A maturidade da operação e da cadeia de suprimentos digital começa com a informação e a conectividade. Depois, visibilidade e transparência do processo. Finalmente, começa-se a pensar em modelos preditivos de cadeias de suprimentos, para prever o que vai acontecer com a operação. “O último estágio é quando se consegue fazer que essa cadeia ou essa operação se adapte automaticamente, de tal forma que as decisões dela já são decisões que otimizam os resultados da cadeia, dentro daquilo que você deseja”, diz Duarte.

Por otimização, entendem-se custo, indicadores de sustentabilidade, rapidez — um olhar da totalidade, sistêmico. “Não se otimiza uma máquina ou uma planta individualmente. Estamos otimizando a cadeia de suprimentos como um todo e em vários indicadores”, afirma o professor.

O aprendizado baseado em teoria, prática e estudos de caso possibilita transformar o mundo digital em algo tangível e mostrar o seu impacto nas operações. “O grande barato da operação e da supply chain digitais não é apenas a tecnologia, mas a mentalidade digital, o quanto eu consigo mexer nos meus processos para atender com mais qualidade e eficiência os meus clientes e funcionários, além de trazer resultados otimizados”, diz Duarte. A tecnologia ajuda, mas a pessoa ainda é o primordial.