De olho nas fake news, tecnologia israelense analisa comportamentos suspeitos nas redes sociais
Disseminação de conteúdos mentirosos podem ser reduzidas com ajuda de barreiras adotadas pelas plataformas e de inteligência artificial para combater trechos críticos de informação.
Empresa desenvolveu um algoritmo cuja missão é auxiliar nas investigações de conteúdo e dados que circulam na internet e redes sociais (Foto: Pixabay)
As fake news podem influenciar significativamente as eleições deste ano no Brasil, segundo 60% dos entrevistados para uma pesquisa realizada pelo Datafolha, que envolveu 2.556 pessoas acima de 16 anos, residentes em 181 cidades. Entre os mais jovens, que estão mais habituados a utilizar redes sociais, a percepção negativa sobre a circulação de notícias falsas é ainda maior.
“Embora muitos acreditem que seja uma questão difícil de contornar em tempos de eleições, as fake news podem sim ser reduzidas com ajuda da tecnologia, tanto no que diz respeito às barreiras adotadas pelas plataformas quanto aos recursos inteligentes implementados para combater trechos críticos de informação”, afirma Marcelo Comite, VP para a América Latina, da Voyager Labs, startup israelense especializada em soluções de investigação baseadas em Inteligência Artificial.
A empresa desenvolveu um algoritmo cuja missão é auxiliar nas investigações de conteúdo e dados que circulam na internet e redes sociais, denominada Voyager Analytics. A plataforma vem permitindo aos investigadores descobrirem paradeiros sociais e conexões ocultas entre indivíduos e grupos perigosos, concentrando-se nos leads mais relevantes e em trechos críticos de dados, espalhados em um oceano de dados não estruturados.
“Todos os dias, uma imensa quantidade de dados é produzida na chamada deep web - uma camada da web que não é indexada pelos mecanismos de busca e fica oculta ao grande público. Como não pode ser acessada por meio de pesquisas em buscadores, como o Google, e também porque não é acessada digitando um endereço em um navegador comum (Chrome, Firefox, Edge, etc), criminosos se utilizam da dificuldade de acesso para compartilhar conteúdo ilegal, como venda de drogas, pedofilia e violência. E nas eleições, o processo de disparo de notícias mentirosas não é diferente”, diz o especialista.
Segundo ele, a solução da Voyager baseia-se em IA para analisar grandes quantidades de dados abertos e profundos neste espaço online obscuro, bem como dados internos – tudo com o objetivo de revelar insights acionáveis que apóiem investigações. “Para se chegar ao alvo, é preciso simplificar a coleta de informação e sua análise, o que possibilita a visualização inteligente. “Isso levaria meses para ser feito com ferramentas tradicionais”, ressalta Comité.
Além disso, a tecnologia apresenta as informações mais relevantes e importantes em tempo quase real, economizando recursos normalmente empreendidos na recuperação, processamento e análise de grandes quantidades de dados não estruturados. “Ao extrair insights de dados de uma ampla variedade de fontes, a ferramenta permite sua utilização no enriquecimento de leads existentes e, consequentemente, no descobrimento de novas pistas”, conclui Comité.