Beta Whately: Tenho que entender o legado que eu quero deixar
Confira o bate-papo com Beta Whately, empreendedora de uma das turmas do Winning Women.
Roberta Whately, mais conhecida como Beta, fez parte da turma de 2020 do programa Winning Women, da EY. (Foto: Divulgação/Agência EY)
Paulistana de 36 anos, relações públicas e sócia da Agência Fizz, consultoria em Marketing Digital e Marketing de Influência, Roberta Whately, mais conhecida como Beta, fez parte da turma de 2020 do programa Winning Women, da EY.
Hoje, a empreendedora lidera, junto de outras duas sócias, Priscila Pádua e Renata Ferraz, um time de quase 30 colaboradores e quase 40 clientes fixos, fora as inúmeras concorrências semanais e os jobs não recorrentes. O dia-a-dia de quem decide empreender no Brasil não é fácil, mas “é ter resiliência para a vida”, confessa Beta.
A Agência Fizz surgiu em 2013, mas a jornada de Roberta como empreendedora começou muito antes disso e já chegou a ter mais de um negócio ao mesmo tempo. Além disso, Roberta também é influenciadora digital e conta com mais de 210 mil seguidores em seu perfil no Instagram.
Dentre tantos momentos e experiências vividas por ela, participar do Winning Women teve e tem um sabor especial. “Eu já tinha tentado participar antes, mas não tinha sido aceita. Quando fomos aceitas em 2020, ficamos muito felizes porque pareceu que não era tão inatingível quanto achávamos”, conta a empresária. “Foi uma troca de experiência extremamente enriquecedora e que fez e ainda faz bastante diferença nos nossos negócios”, complementa.
Confira abaixo uma entrevista com a executiva.
Como e quando você se viu como empreendedora?
Desde que eu sou criança gosto de ganhar dinheiro e sempre fui “dinheirista”, no bom sentido. Na páscoa, eu fazia chocolate para as amigas da minha vó, fazia biscuit, bordado, crochê para vender e ganhar dinheiro.
Quando eu tinha 13 anos, comecei a trabalhar de vendedora - naquela época era comum começar cedo - e eu ganhei muito dinheiro. Sempre fui muito comunicativa, gostava de entender o perfil das pessoas no ato da compra.
Um dia, conversando com o Nizan Guanaes, um dos principais publicitários brasileiros, falei que queria fazer publicidade também. E foi quando ele indicou o curso de relações públicas. Entrei na faculdade ainda trabalhando como vendedora e ganhando muito bem. Mas, um dia, que a minha mãe falou: Você precisa fazer estágio e começar a sua carreira.
Entrei no estágio, fiquei dois anos e a minha tia resolveu abrir uma consultoria de RH para o mercado de alto luxo, na época que as grandes marcas internacionais estavam abrindo lojas no Brasil. Como eu já tinha esse background de vendas, com 19 anos virei sócia minoritária da consultoria.
Deu muito certo e aí resolvi embarcar na música, que é outro segmento que eu gosto muito. Abri uma editora muito pequenininha para edição de música sertaneja e a fazíamos alguns shows pelo Brasil com alguns cantores. Então eu estudava, trabalhava com a minha tia e depois ia para os shows.
Quando fiz 23 anos, fui para Nova York em um período sabático. Nessa época, o Twitter bombava e eu fazia muita TwitCam, que era a live do Twitter, e aí algumas marcas começaram a me procurar e comecei a fazer negócios. Inclusive, conseguia captar clientes para essa editora de música sertaneja pelo Twitter, que era uma ferramenta muito boa.
Ao voltar para o Brasil, abri outras empresas antes de chegar na Fizz. Em dezembro de 2012, liguei pra Priscila, que hoje é minha sócia, e falei “vou continuar a minha agência, só que eu vou focar em marketing de influência. Sendo que, na época, a gente não falava influência e sim, Marketing com formadores de opinião. Você tá pronta? Você vai vender o almoço para comprar o jantar. Tem dias que você vai achar que ganhou na Mega Sena, tem dias que você vai achar que vai ter que vender um rim, rs”.
E a Priscila é meu o oposto. Ela é completamente backoffice, financeiro e planilhas. Eu sou sonhadora, me jogo em tudo e aceito qualquer parada. Somos uma dupla dinâmica e perfeita.
Qual é, na sua opinião, a maior dificuldade e/ou desafio para quem quer empreender?
O primeiro deles é a falta de informação das pessoas. Empreender envolve gestão, processos, impostos, tem inúmeras taxas a serem pagas e precisa ter sempre a presença de um bom advogado e contador apoiando nas tomadas de decisão e resguardando a empresa.
Para mim, a gestão de pessoas é ponto crucial (empresas são feitas de pessoas. Relacionamentos são feitos por pessoas). É muito difícil contratar um perfil específico (principalmente para nosso mercado que ainda é tão novo), reter talentos. A gente pega uma geração muito imediatista, que não constrói carreira em empresas, pois esperam que tudo ocorra muito rápido. Tenho um time muito diferenciado e que foi se aperfeiçoando e crescendo conosco desde à época que participamos do Programa.
Empreender é conseguir lidar com as adversidades. É ter resiliência para a vida. É saber que dependendo do governo que vai administrar o país, isso pode impactar demais o seu negócio. No meu caso, os influenciadores que trabalho também podem impactar positivamente (ou negativamente) o seu negócio. Resumindo, empreender é ser e ter resiliência.
Durante essa jornada, como você descobriu o programa Winning Women da EY?
O mais engraçado é que eu já tinha tentado participar e não fui aceita. Tento participar desde o meu “ano três” de Agência, mas no começo eu não tinha o faturamento, depois acho que perdi o prazo de inscrição. Enfim, na pandemia, todo mundo teve que se reinventar e eu gostei muito de estudar o mercado em que atuo, então inscrevi a agência escondido da minha sócia.
Quando fui aceita e contei para ela, que sabia do programa, mas o achava inatingível, a gente ficou super feliz.
Não lembro exatamente quando, mas acredito que eu tenha sido impactada por matérias e alguma postagem no Linkedin que me gerou o interesse em participar, ainda mais porque a gente sabe da diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho, nos investimentos, à frente de startups.
Então para mim, ser mentorada por mulheres outstanding foi um grande diferencial.
O que mais te marcou de aprendizado de troca de experiência?
A Alice (Coutinho) e a Beatriz Galloni foram minhas mentoras. E eu sou muito grata por tudo que elas nos ensinaram nesse programa. Nos pegaram no colo, criticaram o que era necessário, enalteceram o que deveríamos manter em crescimento e apoiaram nas tomadas de novas decisões. Foi muito positivo. E a Raquel (Teixeira, Líder do programa Winning Women e do programa Empreendedor do Ano) é uma madrinha também. Nos apoia constantemente e nos apresenta sempre oportunidades de mercado com conexões pontuais e excelentes para nosso negócio.
Como somos da “turma pandêmica”, o que mais me marcou foi nosso primeiro encontro ao vivo, que foi depois que a gente se formou. Somos até hoje uma turma muito especial.
Toda semana, as próprias mentoradas também faziam reuniões para se ajudar, era uma verdadeira troca de experiências e conhecimento. É um programa muito real. Obviamente vão ter mentoras mais afiadas, outras mais disponíveis, mas é uma experiência única e valiosa.
A gente (como AgênciaFizz) era “by the book”, sabe? Trabalhávamos muito em cima do que as mentoras falavam. Mas tem que saber também que não adianta achar que você vai ter a Luiza Trajano fazendo as coisas para você e te divulgando. Você tem que mudar, tem que saber ouvir críticas como algo positivo, afinal é o seu negócio e muitas vezes sua grande aposta. Se você tiver disponível para ouvir a crítica, é um grande divisor de águas.
Quais impactos a mentoria trouxe para você e para o seu negócio?
Uma das primeiras coisas que as minhas mentoras viram quando começamos foi o nosso fluxo de clientes e quanto que cada um representava no nosso fechamento do ano. E eu nunca vou me esquecer do que a Bia Galloni, que era minha outra mentora, falou para mim: “Beta, vocês dependem 35% de um único cliente e isso é péssimo, porque se ele for embora, o impacto é gigante. Então, a primeira meta que vocês têm é diminuir a dependência deste e trazer novos clientes para o lugar dele.”
E cada coisa que as mentoras iam nos apontando, a gente ia executando. Teve a parte de não dependência de um único cliente, colocar mais processos na empresa, envolvermos uma consultoria de RH, um outro sistema de gestão (que inclusive foi mentorado anteriormente no Programa). Assim, a gente teve muito mais tecnologia envolvida, o que aumentou muito a equipe e obviamente nos apoiou a crescer ainda mais, porque quando você tem os processos mais bem definidos, você tem esse crescimento. A Fizz sempre cresceu mais de dois dígitos ao ano desde que a gente começou e, nos três últimos anos, ainda mais.
A nossa meta é sempre acompanhar o marketing de influência. Se ele cresce 30%, temos que crescer, no mínimo, 30%. Essa visão de planejamento estratégico e visão de futuro que a Priscila, minha sócia, tem, se potencializou muito depois da participação no programa e troca com as mentoras.
Algum recado que você queira deixar para quem está lendo esse conteúdo?
Eu trabalho com marketing de influência e marketing digital, mas eu sempre digo que o mundo ter influência de alguém não é novidade. O mais importante é se perguntar “qual é o legado que a gente quer deixar no mundo?”.
A EY me fez enxergar que não basta só eu querer fomentar o empreendedorismo feminino ou as mulheres porque elas trabalham comigo. O que eu quero deixar para as mulheres? Muitas vezes é o “yes, we can” e outras “no, I can't" porque não posso mesmo.
A gente não precisa ser Mulher Maravilha, a gente só precisa ser feliz com o que estamos fazendo e isso não vai acontecer todos os dias. Temos a falsa ilusão de que quando você trabalha com o que você gosta, você é 100% feliz. No fundo, o mundo digital é o máximo, mas a gente se conecta mesmo é com o mundo real. O digital aproxima e o real é o que de fato nos desperta.
Sou muito grata a EY e, se pudesse, faria a mentoria todo ano.
Winning Women
Você pode ser a próxima escolhida! O programa tem como principais pilares nesses dez anos de existência, apoiar e fortalecer o empreendedorismo feminino no país, além da possibilidade de intensificar o networking e o conhecimento das empresas selecionadas em diferentes áreas como gestão, liderança, relacionamento e branding, de modo que, assim, possam lidar melhor com os desafios do dia a dia. A mentoria dura um ano e as escolhidas são acompanhadas por executivas de prestígio do mercado e um time de especialistas EY, durante essas sessões e eventos promovidos pela EY.
Período de inscrição: 22/11/22 até 28/02/23 nesse link
Duração: a mentoria dura um ano
Gratuito | Formato Híbrido