O samba não cala: Warner e IA reacendem a voz de Cleber Augusto, ex-integrante do grupo Fundo de Quintal

Com a voz silenciada por um câncer na garganta, Cleber Augusto revive sua arte através de um álbum com vocais recriados por inteligência artificial.

cleber augusto warner_Crédito_Thaty AguiarProjeto “Minhas Andanças”, dá vida à voz de Cleber Augusto, ex-integrante do grupo Fundo de Quintal, que há há 21 com afonia total após sofrer com um câncer na garganta. (Foto: Thaty Aguiar)

Em um projeto inovador que redefine os limites da tecnologia e da arte, a Warner Music Brasil faz uso do potencial da inteligência artificial (IA) para escrever um novo capítulo na história da música brasileira. A gravadora embarcou em uma jornada fascinante para dar vida à voz de uma ilustre lenda do samba, num case que experimenta como o uso adequado da IA pode ser relevante para a cultura. A tecnologia, muitas vezes vista com desconfiança, revela seu lado humano ao permitir a recriação da voz de um artista, possibilitando que ele celebre seu legado e compartilhe sua arte com as novas gerações.

E assim surge o projeto “Minhas Andanças”, de Cleber Augusto, um dos nomes mais respeitados do samba, conhecido por sua composição, habilidades no violão e por ser ex-integrante do grupo Fundo de Quintal. Com 74 anos, e vivendo há 21 com afonia total após sofrer com um câncer na garganta que levou embora seu instrumento de trabalho, ele se prepara agora para lançar um novo álbum com a ajuda da tecnologia.

"A tecnologia, quando usada com respeito e propósito, pode ser uma grande aliada da arte. Esse projeto não substitui a genialidade de Cleber, mas permite que sua voz e sua história continuem vivas. É uma forma de celebrar seu legado e mostrar ao mundo a importância de sua obra”, afirma Tony Vieira, A&R Manager da Warner Music Brasil.

O processo de recriação dos vocais de Cleber contou com o trabalho de muitos artistas, com destaque especial para o Alexandre Marmita, cantor, compositor e cavaquinista, integrante do famoso Samba do Trabalhador, roda de samba que acontece toda segunda-feira no clube Renascença, no Rio de Janeiro. Por ter o mesmo timbre que Cleber Augusto, e ser grande fã de seu trabalho, o artista foi selecionado para interpretar as canções que alimentaram o software de IA, servindo como ferramenta essencial para guiar a tecnologia no processo de criação das canções.

"Foi uma honra imensa participar desse projeto e dar minha voz para ajudar a tecnologia a trazer de volta o canto de um mestre como o Cleber. Ele é uma referência para mim e para muitos sambistas. Saber que meu timbre serviu como base para essa recriação é algo que me emociona profundamente”, conta Marmita.

A produção do projeto ficou a cargo de Alessandro Cardozo e Tony Vieira, que, sem se limitar apenas aos hits, selecionaram um repertório que atravessa a carreira de Cleber, reunindo artistas de várias gerações para imprimir frescor e autenticidade às composições. O resultado deste lindo trabalho poderá ser comprovado no álbum “Minhas Andanças”, previsto para ser lançado no dia 30 de abril deste ano, repleto de feats de peso com grandes nomes do mundo do samba, como Zeca Pagodinho, Péricles, Seu Jorge, Ferrugem, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Mumuzinho, Tiê, Roberta Sá, Pretinho da Serrinha, Sorriso Maroto, Marvvila, Menos é Mais, e Yan. Além disso, uma edição deluxe do álbum chega às plataformas digitais no dia 21 de maio, com mais quatro faixas inéditas.

Todos os artistas convidados não só se emocionaram com o projeto, como fizeram questão de declarar a admiração que nutrem por Cleber Augusto, que acompanhou de perto todas as fases do trabalho desenvolvido pela Warner. O projeto conta com 14 faixas, sendo 13 regravações de clássicos do sambista, e uma canção inédita - “Imã” - , que vem a ser a grande surpresa do álbum. Composta há mais de 20 anos, a canção foi resgatada de um tape antigo do artista e será lançada com a participação de Péricles.

“A voz é a alma da música, e a IA me permitiu manter a essência da minha interpretação, mesmo com a tecnologia. O resultado final é surpreendente. A emoção e a mensagem das músicas continuam intactas, e isso é o que realmente importa. Agradeço a Warner e a todos os envolvidos que tornaram este projeto possível”, declara Cleber Augusto.