Produção recorde de biocombustíveis impulsiona descarbonização da economia
Diversidade de recursos renováveis é vantagem competitiva do Brasil na corrida global pela transição energética.
Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (AproBio). (Foto: Divulgação)
Em 2023, o Brasil se destacou na produção de biocombustíveis, recurso fundamental para a descarbonização da economia. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 7,34 bilhões de litros foram entregues às distribuidoras, representando um volume quase 20% superior ao comercializado em 2022.
Segundo Julio Cesar Minelli, diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (AproBio), esse aumento vai ao encontro das metas de descarbonização do setor de transportes e apoia o Brasil na transição energética. Além disso, a produção recorde viabilizou uma transição tranquila no aumento de 10% para 12% de biodiesel na matriz de produção do diesel fóssil.
Embora a diferença seja, aparentemente, pouco significativa, estudo do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) constatou que a nova porcentagem ajudou a evitar a emissão de 4,4 milhões de toneladas de CO2 equivalentes no segundo trimestre de 2023. E a perspectiva é de que esse resultado seja potencializado nos próximos anos.
Isso porque o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vem aumentando gradativamente a adição de biodiesel ao combustível fóssil. A previsão é de que essa mistura passe para 14% a partir de março deste ano e chegue a 15% até 2026.
Para o gerente de Recursos Naturais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Cardoso, a produção de biodiesel no país tende a se destacar em virtude das características locais e da ampla diversidade de recursos renováveis disponíveis. “A gente tem biomassa, área de plantio, sol em profusão, enfim, temos condições de produção de energia renovável que outros países não têm”.
Indústria mais verde
A indústria tem investido no biodiesel como forma de assegurar uma produção sustentável do começo ao fim. Para isso, tem utilizado tecnologia e pesquisa. A JBS Biodiesel, por exemplo, está entre as cinco maiores produtoras do combustível no Brasil e é líder na elaboração de biodiesel a partir do sebo bovino.
Além disso, a empresa utiliza biodiesel 100% em sua frota de caminhões, como forma de comprovar a qualidade do combustível. Os caminhões rodam, em média, 1.200 km por dia, e o consumo de combustível com o B100 se assemelha ao do diesel fóssil.
Na mesma linha, a empresa Be8 aposta no desenvolvimento de novas tecnologias que expandem a usabilidade do biodiesel puro. Por não possuir contaminantes, o BeVant pode ser dosado em maiores quantidades no diesel fóssil. Em 2022, a empresa faturou R$ 9,6 bilhões e a produção de biodiesel chegou a 890 mil m³.