Inteligência Artificial, pauta ESG e preocupações com o ambiente de negócios são prioridades para executivos de finanças brasileiros, revela pesquisa 'CFO do Amanhã'

Segundo o estudo, as principais prioridades para os CFOs incluem o aumento das receitas, a melhoria dos resultados e a busca por eficiência e ganhos de produtividade.

Inteligência Artificial (Unsplash)Segundo o estudo, as principais prioridades para os CFOs incluem o aumento das receitas, a melhoria dos resultados e a busca por eficiência e ganhos de produtividade. (Foto: Unsplash)

Os executivos financeiros das organizações demonstram que os cenários econômico e de negócios estão melhores ou similares ao ano passado. A expectativa é de que se mantenha um nível moderado de liquidez, sugerindo uma abordagem mais cautelosa das empresas em relação aos desafios das incertezas econômicas e aos possíveis impactos da Reforma Tributária no ambiente de negócios.

Essas são algumas das principais conclusões da Pesquisa “CFO do Amanhã”, realizada pela Deloitte em parceria com o IBEF-SP (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo).

Segundo o estudo, as principais prioridades para os CFOs (Chief Financial Officers) nos próximos 12 meses incluem o aumento das receitas (73%), a melhoria dos resultados (68%) e a busca por eficiência e ganhos de produtividade (57%). Além disso, as empresas estão investindo em tecnologias inovadoras, como IA e IA generativa, e buscando envolver mais os CFOs em iniciativas de ESG (ambiental, social e governança).

“A pesquisa é bastante abrangente, envolvendo profissionais de vários setores e empresas de vários segmentos. Ela demonstra uma perspectiva mais otimista dos executivos financeiros em relação aos anos anteriores, tanto para 2024 quanto para os próximos anos. Com isso, verificamos a expectativa para um ambiente de negócios com aumento de receita e crescimento de margens, o que na minha opinião, quando combinado à liquidez das empresas com estruturas de capital bastante robustas, significa um preparo de todos para um ciclo de investimentos. Vimos que as empresas estão com boa estrutura de capital e boas perspectivas de negócios”, completa Marcelo Bacci, Presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP.

Em 2024, as preocupações que mais representam riscos aos negócios e dividem a atenção dos executivos são: incerteza do cenário econômico do país (73%), impactos da Reforma Tributária (53%), incerteza do cenário econômico global (48%) e mudança no comportamento dos clientes (44%). Apesar de reconhecerem que os efeitos da Reforma Tributária são um dos principais desafios deste ano, das empresas que esperam algum impacto, seja positivo ou negativo, 66% delas ainda não incorporaram essas mudanças em seus orçamentos. e preveem principalmente um impacto no preço final de produtos ou serviços.

Novas tecnologias - Os executivos informaram quais ferramentas tecnológicas para transformação dos negócios são mais utilizadas e em que estágio estão. Computação em nuvem (cloud) é a que aparece em primeiro lugar, com 73% utilizando amplamente; a seguir vêm ferramentas de visualização com 53% e analytics avançado, com 40%. 83% das empresas destinam até 5% de sua receita líquida em investimentos em tecnologias para a área financeira e atualmente apenas 9% utilizam soluções de computação cognitiva e Inteligência Artificial (IA) na área financeira.

Soluções como IA e Gen AI têm sido utilizadas principalmente como apoio em análises contábeis e financeiras, na checagem ou classificação de notas e documentos, e na avaliação de risco de crédito. Para as empresas que já implementaram esta tecnologia em suas operações, 45% avaliam que a taxa média de eficiência das atividades chega a até 10%. A IA vem sendo estudada ou testada por mais da metade das empresas respondentes (53%). Esse interesse pode ser atribuído aos benefícios que a ferramenta oferece ao setor financeiro, como a automação de processos contábeis e relatórios financeiros.

De acordo com a pesquisa, os principais desafios apontados pelos respondentes ao avaliar o Retorno sobre o Investimento (ROI) derivado de soluções tecnológicas incluem quantificar os benefícios intangíveis, estabelecer uma relação de causa e efeito com o crescimento financeiro, e a ausência de métricas claras e padronizadas para medir o sucesso tecnológico.

“Soluções avançadas de tecnologia, como IA e análise de dados, estão sendo cada vez mais incorporadas no setor para otimizar processos contábeis e financeiros, além de avaliar riscos de crédito de forma mais eficaz. O investimento em tecnologia em nuvem, ferramentas de visualização e automação destaca-se como um recurso central para alta produtividade e gestão eficiente nos negócios. Isso evidencia a contínua evolução dessa função, que requer habilidades analíticas avançadas e conhecimento tecnológico nas decisões de investimento, com o objetivo de impulsionar a eficiência operacional nos negócios”, destaca Mauro de Marchi, sócio de Consultoria Tributária e líder do CFO Program da Deloitte.

Estratégias de ESG - O estudo aponta que, mais da metade dos respondentes (62%) acredita que sua empresa tenha estratégias formalizadas de ESG, em alguma amplitude, em pelo menos uma das frentes (ambiental, social ou governança). Já 56% afirmam que sua empresa tem iniciativas ESG como componentes substanciais de estratégia e 55% confiam à liderança o alcance das metas voltadas para ESG. As organizações respondentes apontaram também que os maiores desafios na captação de recursos para a execução de projetos ESG são: falta de percepção dos benefícios tangíveis e intangíveis (65%), mensuração de indicadores de Retorno de Investimentos (ROI) em projetos/ações ambientais ou sociais (45%) e nível baixo de incentivos fiscais (38%).

“O mercado financeiro enfrenta um cenário desafiador, mas otimista. O setor também está explorando novas tecnologias. Além disso, as empresas têm adotado estratégias de ESG em suas operações, mas enfrentam dificuldades para quantificar seus benefícios e medir o sucesso. Isso reflete a necessidade de adaptação em um ambiente de negócios em constante transformação e reforça a importância do papel do CFO na promoção de sustentabilidade e eficiência nas organizações”, destaca Ronaldo Fragoso, líder de Ecossistemas e Alianças da Deloitte.

Metodologia do estudo - O levantamento, realizado entre fevereiro e março de 2024, mapeou a visão de líderes de finanças sobre temas prioritários na agenda estratégica da área, como contexto econômico, carreira, adoção de novas tecnologias, perspectivas de negócios e impactos das transformações digital e empresarial na gestão financeira do futuro. A amostra da edição de 2024 da Pesquisa “CFO do Amanhã”, reuniu 106 respondentes que representam empresas das cinco regiões brasileiras, sendo a maioria da Região Sudeste; metade está nos setores de serviços e manufatura. Entre os respondentes, 79% são do setor financeiro e 86% são executivos que ocupam cargo de C-Level.