Consumidores aceleram a adoção de agenda ESG

Os clientes estão cada vez mais atentos e cobram posicionamentos das empresas e de suas lideranças a respeito de assuntos como sustentabilidade e responsabilidade social.

Hoje, empresas de todos os setores são cobradas, com frequência, a informar de onde e como extraem suas matérias primas, como importam, produzem e entregam suas mercadorias ou prestam seus serviços e, ainda, como tratam seus funcionários, parceiros e consumidores. Até a forma como se relacionam com a comunidade na qual estão inseridos está nos radares de consumidores atentos às questões socioambientais. 

Além das exigências dos próprios clientes, outra importante motivação para o setor de consumo adotar práticas ESG (Environmental, Social and Governance) é a necessidade de alinhamento com uma das mais importantes tendências do mercado global.

miltonMilton Flávio Lautenschläger do Queiroz e Lautenschläger Advogados. (Foto: Divulgação)

Consumidores atentos

Recentes estudos nacionais e internacionais demonstram que o respeito à agenda ESG tem influência direta no sucesso competitivo das empresas no longo prazo, com impactos não só no volume dos negócios realizados e investimentos recebidos, mas também nos resultados operacionais e na percepção da própria marca junto aos consumidores, cada vez mais atentos e engajados em questões relacionadas à sustentabilidade.

São inúmeros os selos de qualidade, os rankings setoriais, os controles estatais e os canais de reclamação aos quais as empresas encontram-se submetidas, voluntariamente ou não. “Ao sinal de qualquer irregularidade, as redes sociais, por exemplo, travestem-se de um tribunal implacável e temido, porquanto propagador de juízos, muitas vezes questionáveis, que resultam em campanhas difamatórias e movimentos de consumidores capazes de destruir um negócio ou uma empresa. Por isso, todo cuidado é pouco”, reforça Milton Lautenschläger, advogado e sócio do Queiroz e Lautenschläger Advogados.

Primeiros passos para adoção de práticas ESG

Cercar-se de bons profissionais capazes de identificar fragilidades, de construir políticas e procedimentos internos à luz do que é exigido pelas normas e pelas boas práticas de mercado é recomendação fundamental para qualquer empresário ou administrador atendo a esse movimento.

Para Lautenschläger, a adoção da agenda ESG, mais do que recursos financeiros, exige uma mudança na cultura e nos propósitos empresariais a partir de suas lideranças. “Trata-se de assumir compromissos verdadeiros com a disseminação, junto aos seus colaboradores e consumidores, de práticas sustentáveis de respeito ao meio ambiente, de proteção aos direitos humanos, de eliminação completa e absoluta do trabalho forçado ou compulsório, de abolição do trabalho infantil, de eliminação de discriminações no trabalho, de promoção a uma maior responsabilidade social, de incentivo às tecnologias ambientalmente amigáveis, de combate à corrupção em todas as suas formas, dentre outras iniciativas”, pontua.

São inúmeros os exemplos de companhias que adotam boas práticas sociais, ambientais e de governança e há índices internacionais bastante reconhecidos (MSCI e Sustainalytics, por exemplo) que avaliam e divulgam o nível de aderência de uma determinada empresa às práticas ESG.

O mercado brasileiro também caminha nesse sentido – Em 2005, a Bolsa de Valores do Brasil (B3) criou o seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), para análise comparativa da performance das empresas listadas  sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.

A 16ª carteira do ISE B3 foi anunciada no dia 1º de dezembro de 2020 e vigorará no período de 4 de janeiro de 2021 a 30 de dezembro de 2021. A carteira reúne, atualmente, 46 ações de 39 companhias pertencentes a 15 setores.

“Empresas mais preocupadas com ações sociais, ambientais e de governança estão menos expostas a riscos e, com isso, tendem a ser muito mais respeitadas, admiradas e valorizadas no longo prazo, principalmente por possíveis investidores”, descreve o advogado.

É preciso lembrar, ainda nesse contexto, que embora não haja uma regulação unificada quanto ao ESG no Brasil, há uma tendência regulatória em diversos setores da economia (Lei das Sociedades Anônimas, Política Nacional de Meio Ambiente, Resoluções do BACEN, Instruções da CVM, Lei Geral de Proteção de Dados, Lei do Renovabio, legislações trabalhistas etc.), o que sugere uma crescente preocupação da sociedade com o tema.

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