Sofia Mourani, do Insper: ‘O empreendedorismo é um estado de espírito’

É preciso de muita empatia para liderar, saber me colocar no lugar do outro e ter paciência, porque nem sempre damos o tempo que as coisas merecem.

WhatsApp Image 2023-02-17 at 16.21.16Sofia Mourani, responsável pela área de RI na Vectis Gestão. (Foto:Divulgação)

Não é preciso fundar a própria empresa para vivenciar o espírito empreendedor no dia a dia. Esse é um dos principais aprendizados de Sofia Mourani, responsável pela área de RI na Vectis Gestão, uma gestora de fundos, e coordenadora do Comitê Alumni de Empreendedorismo do Insper.

Formada em Administração pelo Insper, desde o início da carreira Sofia assumiu desafios importantes — como ser a mulher mais nova a ocupar o cargo de gerência da fabricante de bebidas Ambev no Nordeste, já aos 23 anos, em Fortaleza, no Ceará. “Foi a minha primeira experiência intraempreendedora. Eu tinha um time grande para coordenar e precisava construir muita coisa”, diz.

O seu dia a dia, conta, lembrava a criação de uma empresa: os desafios envolviam construir relacionamento com clientes, gerir o orçamento e projeto com cada área de negócio e conseguir recursos para a região. E tudo isso em um ambiente diferente do que ela conhecera em São Paulo. “Eu era supernova, mulher e precisava gerir um time todo de homens com o dobro da minha idade, e com uma outra cultura”, diz Sofia. “Aprendi que precisava de muita empatia para liderar, saber me colocar no lugar do outro e ter paciência, porque nem sempre damos o tempo que as coisas merecem, queremos já chegar mostrando resultado.”

Mas, se hoje Sofia considera sua capacidade de lidar com assuntos e desafios diversos uma de suas maiores qualidades, nem sempre foi assim. Por algum tempo, conta, ela sofreu achando que teria que ser especialista em algo. “Em vários momentos da minha carreira pensei que não tinha nada no qual eu fosse muito boa”, diz. “Hoje, percebo que consigo falar sobre vários assuntos e consigo me adaptar a diferentes desafios.”

De tudo um pouco

A própria escolha do curso de Administração também levou isso em conta. Em dúvida entre fazer Marketing ou Direito, Sofia viu que o curso permitiria que ela passasse por diferentes áreas e conhecimentos. “Foi a decisão de ficar com as opções abertas”, afirma. Longe do trabalho, a personalidade eclética de Sofia se reflete nos hobbies, que envolvem quatro esportes: tênis, yoga, corrida e academia. “Por que a gente tem que ser uma coisa só, assumir um desafio só?”, questiona.

Não à toa, foi esse mesmo perfil “mão na massa” que mais chamou a atenção de Sofia na graduação em Administração, que cursou no Insper. “É uma escola muito hands-on. Não é aquela aula expositiva, que você fica só ouvindo”, diz. “Você resolve cases e aprende a resolver problemas reais do dia a dia.” Foi durante aqueles anos que ela percebeu o quanto gostava disso.

E, de fato, foi esse espírito que ajudou Sofia a levar a Vitreo, fintech de investimentos, de uma carteira de 1 bilhão de reais para quase 14 bilhões em três anos. Mesmo nunca tendo atuado diretamente no mercado financeiro, ela topou o desafio de ajudar a fazer crescer a Vitreo, estimulada pela ideia de poder resolver problemas na prática e aprender coisas novas no dia a dia.

Quando entrou na empresa, em 2019, ela era a vigésima funcionária. “Não cheguei com uma função específica.Tinha que ajudar a montar tudo”, diz. “E foi isso que me conquistou: a beleza de poder todo dia aprender uma coisa nova, interagir com pessoas diferentes, estimular seu cérebro a fazer uma tarefa que nunca fez.” No final, ela era uma das sócias da Vitreo, que foi vendida no ano passado para o BTG Pactual.

Hoje, Sofia está na Vectis Gestão, uma gestora de fundos, onde está ajudando a construir uma área de RI. “É uma área muito abrangente. Tudo que tem cunho comercial na empresa passa pela gente”, diz. O desafio da vez é conseguir criar conexão e transmitir informações complexas para os investidores — sobretudo o investidor pessoa física, que nem sempre tem familiaridade com os termos da área. “Isso foi algo que tivemos muito sucesso na Vitreo e queremos buscar o mesmo aqui, o mercado de capitais brasileiro tem muito espaço ainda para transformação e inovação.”

Só nos últimos 5 anos, Sofia comenta, a diferença é enorme. Se antes muita gente não conhecia nada além da poupança, hoje isso está longe de ser a regra. “As pessoas querem cada vez mais cuidar do dinheiro, essa chave já virou”, afirma. “Queremos uma área de investidores que comunique bem de forma transparente, eficiente e ajudar os investidores a tomar a melhor decisão.”

Além disso, ela segue envolvida com o Insper na coordenação do Comitê Alumni de Empreendedorismo — uma forma de se manter conectada e seguir trocando com professores e outros profissionais. “O Insper forma pessoas incríveis e até hoje aproveito essa estrutura, fazendo networking, participando de eventos e trocando e aprendendo com todos.” Um de seus objetivos é aumentar a troca entre ex-alunos e alunos, convidando profissionais para dar palestras para os alunos, por exemplo.

“Especificamente no nosso Comitê, a missão é fazer com que os diferentes participantes encontrem soluções inovadoras e criativas dentro do próprio ecossistema, tornando o Insper uma referência de excelência em empreendedorismo junto à comunidade alumni.” Para isso, o Comitê oferece atividades que apoiem o alumni ou aluno em suas iniciativas relacionadas ao empreendedorismo, incluindo intraempreendedorismo, como workshops de análise de cases e troca de experiências.

Seja no trabalho, seja na vida pessoal, Sofia continua encarando os desafios atuais como um aprendizado constante, ao mesmo tempo que busca colocar um pouco de si em cada coisa que faz, como se cada projeto fosse um empreendimento à parte. “Todos os lugares por onde passo, eu me apego aos projetos, coloco minha identidade, colaboro com quem está junto”, diz. “Fica algo muito mais legal e muito mais prazeroso.”

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