Inflação desacelera nos supermercados paulistas em janeiro

IPS, calculado pela APAS/Fipe, ficou em 0,45%, segundo menor índice para o mês na última década.

dennis-siqueira-dWzRegf99aA-unsplashA inflação de janeiro de 2023 foi a segunda menor para o primeiro mês do ano na última década, ficando atrás apenas de 2017. (Foto: Unsplash)

O Índice de Preços nos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe, registrou variação de 0,45% em janeiro, desacelerando tanto em relação a dezembro (1,0%) quanto a janeiro de 2022 (0,92%). A inflação de 0,45% em janeiro de 2023 foi a segunda menor para o primeiro mês do ano na última década, ficando atrás apenas de 2017, quando o índice teve variação de 0,2%.

Com o resultado de janeiro, a inflação dos supermercados paulistas acumulada em 12 meses ficou em 15,96%. A tendência de longo prazo do IPS é de desaceleração. “Acreditamos que o índice mantenha esse viés nos próximos meses e encerre o ano abaixo de dois dígitos”, projeta Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS.

Neste início de ano, houve deflação do grupo dos produtos in natura, das carnes e derivados de carnes e menor pressão inflacionária dos grupos de produtos de limpeza, higiene e beleza.

Entre o início da pandemia, em março de 2020, até o agosto de 2022, o IPS acelerou influenciado pela alta das commodities no mercado internacional, aumento do preço dos insumos de produção, dos combustíveis, dos fretes e pela depreciação cambial.

Projeções de safra recorde em 2023, juntamente com a desaceleração do crescimento econômico mundial, especialmente na China, e a política monetária mais restritiva no Brasil e em todo o Hemisfério Norte, deverão contribuir com a desaceleração dos preços dos alimentos ao longo do ano. Essa perspectiva, porém, pode mudar em função de um agravamento da Guerra da Ucrânia ou de efeitos das alterações climáticas, como seca ou chuva em excesso.

Semielaborados

Os produtos semielaborados deflacionaram 0,15% em janeiro, impulsionados pela queda do preço das aves (-4,16%), da carne suína (-2,36%) e da carne bovina (-0,53%). Enquanto as carnes tiveram redução do preço, os pescados, o leite e os cereais apresentaram alta. Porém, essa variação não foi substancial.
Dentre os semielaborados, vale observar o comportamento do preço do leite. Durante os dois primeiros quadrimestres de 2022, o produto apresentou significativa alta em decorrência da estiagem que afetou as pastagens, obrigando os produtores a gastar mais com ração. Porém, nos últimos meses de 2022, o preço do leite voltou a baixar. Não por acaso, entre agosto e dezembro, o produto acumulou queda de aproximadamente 25%. No primeiro mês de 2023, no entanto, o preço do leite ao consumidor final paulista teve alta de 0,77%.

Industrializados

Os produtos industrializados também desaceleraram em janeiro (0,91%), ante alta de 1,1% em dezembro, influenciados pela menor pressão dos preços dos derivados de carne, óleos (estabilidade) e derivados de leite (-0,1%). Por outro lado, os panificados, ainda sob influência da alta do trigo no mercado internacional, aumentaram 2,67%.

No acumulado de 12 meses, o grupo registrou inflação de 17,1%. Após junho de 2022, quando a inflação acumulada em 12 meses havia superado a marca de 21%, o índice passou a recuar. “Se houver uma estabilização na conjuntura política internacional, sobretudo na zona eurasiana e se Rússia e Ucrânia chegarem a um acordo de paz, os preços dos produtos derivados de trigo poderão diminuir no mercado internacional e, consequentemente, na sessão de panificados dos supermercados paulistas”, calcula Queiroz.

In natura

O grupo registrou importante queda em janeiro (-1,43%), impactado pelo recuo do preço das frutas (-3,0%) e dos tubérculos (-6,57%). Durante o último ano, o chamado FLV (Frutas, Legumes e Verduras) registrou alta substancial, encerrando o ano em 16,5%. Porém, no início de 2023, o grupo tem contribuído com a desaceleração do IPS. Os produtos com maior recuo no mês foram: o limão (-32,3%), a uva (-12%) e as frutas de época (-4,5%). No grupo dos tubérculos, a cebola (-31,3%) e o alho (-3,1%) puxaram a fila.

Bebidas

O subgrupo de bebidas não alcoólicas desacelerou o ritmo de alta no período, passando de 2,01%, em dezembro, para 1,5%, em janeiro. O resultado decorreu da menor pressão sobre os refrigerantes. Em relação às bebidas alcoólicas, janeiro foi o quarto mês consecutivo de alta. Em janeiro, a inflação do subgrupo foi de 1,6%, puxada pelo aumento do preço das cervejas (1,82%).

Limpeza, higiene e beleza

Os produtos do grupo desaceleraram: de 1,81%, em dezembro, para 0,67%, em janeiro. O sabão em pó é um bom exemplo desse comportamento: o preço subiu 3,95% em dezembro versus 1,2%, em janeiro.

Desde o início da pandemia, os artigos de limpeza vinham registrando forte alta em decorrência do aumento no preço dos insumos e dos custos de produção, bem como pela desvalorização cambial.


Os artigos de higiene e beleza tiveram desempenho semelhante ao do grupo dos produtos de limpeza: desaceleração na comparação com o mês anterior e alta na comparação com janeiro de 2022. Em janeiro, o grupo aferiu alta de 0,63%. Xampus e condicionadores registraram redução de 0,4% e 0,3%, respectivamente, segurando o patamar do grupo no período.