BYD investirá R$ 3 bi nos próximos dois anos no Brasil

Mercado nacional é visto como o principal para a companhia, que é a maior fabricante de carros de energia limpa do mundo e líder do mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil.

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 Alexandre Baldy, conselheiro especial da BYD. (Foto: Divulgação)

Na liderança do mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil, a BYD, greentech chinesa e maior fabricante de carros de energia limpa do mundo, já se considera brasileira, e mais especificamente baiana. Os recentes anúncios de investimentos no estado do Nordeste demonstram a aposta da companhia no Brasil como o território mais importante fora da Ásia. Na cidade de Camaçari (BA), foram investidos R$ 3 bilhões na construção de um complexo fabril, e para a capital, Salvador, a empresa anunciou a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento, considerando a cidade o Vale do Silício baiano.

O projeto da companhia chinesa para o Brasil vai além da injeção de dinheiro, que para os próximos dois anos está prevista em mais R$ 3 bilhões, mas segue no intercâmbio de conhecimento. Em entrevista exclusiva, o conselheiro especial da BYD, Alexandre Baldy, conta que a empresa almeja uma reindustrialização nacional totalmente inovadora e tecnológica, baseada na transição energética- decisão impulsionada, ainda mais, pela agenda econômica e política do atual governo federal.

Por que Salvador é considerada o Vale do Silício? O que a torna um grande potencial nacional?

A BYD é um universo tecnológico muito grande e deseja criar em Salvador, uma cidade que acolhe investimentos na área, como já fez com outras companhias, um complexo como é o da China. Desta forma, a empresa vai trazer o seu centro de pesquisa e desenvolvimento. Para se ter uma noção, a BYD tem, hoje, 70 mil funcionários que atuam como engenheiros, cientistas e pesquisadores, sendo uma das companhias que mais tem corpo de empregados nestas áreas, em percentual, que representa 10% do total. Por isso, ela vai fazer a transferência de tecnologia para este centro investir em várias direções, como o desenvolvimento do carro híbrido flex, que se adequa ao mercado brasileiro com o combustível nacional, o etanol.

Qual a importância do etanol para o desenvolvimento da empresa no Brasil?

Sabendo da importância do etanol para o Brasil, seja na produção ou na potencialidade, por ser um combustível verde e estar conectado com os desejos da BYD em ter produtos que sejam ambientalmente corretos, levar o etanol para ser desenvolvido no Centro de Pesquisa da China acarretará dificuldades. Portanto, é melhor trazer a tecnologia para cá, para realizar o projeto do carro híbrido.

Hoje, qual o potencial do mercado brasileiro?

Dada a decisão da BYD em ter a primeira fábrica fora da Ásia no Brasil, e com um projeto de investimento vultuoso no país, o Brasil é hoje a nação mais importante fora da Ásia. A BYD direcionou o seu olhar e capacidade de investimento no Brasil, demonstrando, neste momento, é o país mais importante para a companhia.

O que faz o Brasil ser diferente de outros para ser o mais importante para a companhia?

Algumas são as razões: a potencialidade do país e as riquezas naturais. O Brasil extrai suas riquezas naturais e as exporta, em quase sua totalidade, para se transformar em bens de consumo- que depois voltam ao país. E na visão do atual presidente da república, Lula, em sua ida a China, deixou claro ao presidente da BYD, Wang Chuanfu, que apontará como política pública de país, o desenvolvimento das riquezas, sobretudo naturais, para atrair investimentos que sejam tecnológicos e alinhados com a transição energética para uma reindustrialização totalmente inovadora.

Como enxergam o setor automobilístico mais sustentável no Brasil diante do cenário econômico e político atual?

A ida do presidente Lula a China e sua agenda, foram fundamentais para a BYD decidir investir no Brasil. Então, é muito importante o olhar e determinação do presidente na transição da indústria automotiva, tendo uma agenda convergente com sustentabilidade e com os planos da BYD.

Quais são os próximos investimento no país?

Temos a pretensão de investir R$ 3 bilhões nos próximos anos no Brasil, que deve se dar em 2 ou 3 anos. Com isso, gerar 5 mil empregos com uma indústria completamente inovadora e tecnológica. Eu acredito muito que o Brasil adotará os carros elétricos, assim como o mundo, tem adotado. Na China, por exemplo, os carros elétricos já representam 50% das vendas de famílias de classe C. E para cá, acreditamos que a conscientização ambiental é mais latente e a transição deve começar pelo carro híbrido, no entanto, o eletétrico será a grande vertente do mercado nacional.