Mudanças climáticas e cleantechs: qual o caminho para otimizar a sustentabilidade nas empresas?

Para termos resultados efetivos e de fato medir o impacto das cleantechs, é preciso investir na descentralização geográfica dessas empresas.

vivi.01 - co´piaViviane Sedola, Co-fundadora da plataforma de crowdfunding Kickante. (Foto: Divulgação)

Recentemente tive a oportunidade de acompanhar mais uma edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 27), que acontece todos os anos desde o primeiro acordo climático da ONU em 1992.

A COP 27 trouxe um importante alerta e nos fez refletir sobre questões relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade, tema este bastante em voga, em especial, nas empresas. Um dos principais objetivos da conferência é que os governos consigam entrar em consenso sobre políticas para limitar o aumento da temperatura global e se adaptar aos impactos associados às mudanças climáticas. Visto isso, como as empresas podem contribuir e ajudar a melhorar o atual cenário?

A consultoria Deloitte realizou uma pesquisa com o intuito de mapear as preocupações e opiniões de executivos ao redor do mundo em relação a políticas ambientais. O estudo aponta que 82% dos executivos brasileiros dizem que investir em práticas ambientalmente sustentáveis traz benefícios econômicos no longo prazo. Ou seja, trata-se de um tema já presente na agenda de boa parte das companhias. Justamente por isso, aqui chamo a atenção para um detalhe bastante importante e que pode ajudar a facilitar o processo: precisamos visualizar the big picture.

Hoje em dia, para ser de fato sustentável, as empresas precisam entender onde estão errando e fazer uma análise sobre a maneira que suas ações ferem o meio ambiente como um todo. Desta forma, é possível criar uma compreensão sobre quais são os setores que precisam de mudanças mais urgentes e que podem ser transformados para melhor. Afinal, sustentabilidade não se faz pela metade.

Neste cenário, destacam-se as cleantechs, que são startups focadas na sinergia entre inovação e sustentabilidade, por meio de tecnologia limpa com o objetivo de gerar aumento de produtividade e eficiência. Como possuem menos custos e desperdícios, empresas com esse perfil reduzem ou eliminam o impacto ecológico negativo e conseguem usar de modo mais eficiente e responsável os recursos naturais. Isso tudo, enquanto atendem clientes de diferentes setores.

As cleantechs, também chamadas de ‘startups verdes’, fazem parte de um segmento ainda em desenvolvimento no Brasil. De acordo com o Mapeamento do Ecossistema de Startups de Cleantech de 2019, maior pesquisa sobre o setor realizada até o momento no país, existem cerca de 136 cleantechs em atuação, com a maior parte concentrada nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo.

Com os dados acima, podemos perceber que, para termos resultados efetivos e de fato medir o impacto das cleantechs, é preciso investir na descentralização geográfica dessas empresas. Como sabemos, o Brasil é um país enorme, com dimensões continentais. Não faz sentido termos tais companhias concentradas de forma tão acentuada em único estado, mesmo que este seja o mais rico. Este cenário desproporcional faz com que não só percamos oportunidades em outras regiões, como também impede o desenvolvimento das comunidades inseridas nesses locais e atrasa o fomento do setor como um todo.