A evolução da terceira via no setor de Saúde

Healthtechs são uma dessas alternativas para atendimento de qualidade e com soluções tecnológicas por preços menores.

Rubem-Ariano-2-850x560Rubem Ariano, fundador e CEO do Instituto Horas da Vida e da Filóo Saúde. (Foto: Divulgação)

De acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS), os planos de saúde fecharam 2022 com um aumento de 3,1% no número de beneficiários, atingindo a marca de mais de 50 milhões de usuários¹. Ainda assim, um estudo da EY-Parthenon, realizado com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, apontou que 81% dos brasileiros afirmam que o alto custo dos planos de saúde é uma dificuldade na contratação do serviço², ao mesmo tempo em que, segundo AMB (Associação Médica Brasileira), 88 % dos médicos relataram que seus pacientes já abandonaram tratamentos e acompanhamento médico por conta dos reajustes na mensalidade³.

Por outro lado, a saúde pública enfrenta dificuldades para reduzir suas filas de atendimento, uma vez que, de acordo com o IBGE, 70% da população brasileira depende de seus serviços. Como resultado disso, os beneficiários dos planos de saúde estão migrando para planos mais simples, com redução de tíquete médio de 4,9% entre 2021 e 2022².

Somando a isso o fato de que, de acordo com outro estudo realizado pelo Instituto Datafolha, 94% das pessoas que não têm plano de saúde pagariam pelo benefício se pudessem, os consumidores estão buscando alternativas mais acessíveis. As healthtechs são uma dessas alternativas. Elas estão ganhando força como uma terceira via de acesso à saúde, que chamamos de a “nova saúde complementar”, para levar um atendimento de qualidade e com soluções tecnológicas para gerar a melhor experiência para o paciente por preços menores.

E essa é uma realidade em curso não apenas no Brasil. A Amazon entendeu a necessidade de se criar essa via alternativa. Em julho de 2022, a companhia anunciou a compra da One Medical, empresa de atenção primária à saúde, por nada mais e nada menos que U$3,9 bilhões. O motivo da compra, de acordo com Neil Lindsay, vice-presidente sênior da Amazon Health Services, é que “a saúde está no topo da lista de experiências que precisam de reinvenção”.

Mas todas as empresas, não somente as healthtechs, precisam dar mais atenção à saúde da população, uma vez que problemas complexos, como saúde e insegurança alimentar, devem mobilizar todas as frentes: sociedade civil, organizações sem fins lucrativos, governo e, claro, empresas privadas. Afinal, “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades” é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

E como as empresas podem contribuir com esse objetivo? Primeiro, garantindo que seus colaboradores, os familiares deles e parceiros tenham acesso à saúde de qualidade. Segundo, se envolvendo em ações de impacto social por meio de parcerias com organizações sem fins lucrativos. Essas duas iniciativas não apenas contribuem para aumentar o volume de pessoas com acesso primário à saúde, mas também fortalecem a agenda ESG das organizações envolvidas, com destaque para o “S” da sigla, a produtividade de suas equipes e, consequentemente, seu resultado financeiro.

Investir em saúde é investir no presente e no futuro. As empresas, juntamente com as organizações sem fins lucrativos e o governo, têm o poder de impactar vidas e impulsionar o desenvolvimento econômico e social de uma nação.