'Pirelli está perto de concluir uma operação de M&A para investir no processo de transformação de borracha natural do Brasil'

Cesar Alarcon, CEO e vice-presidente sênior da Pirelli na América Latina. (Foto: Divulgação)

Empresa está no Brasil há 95 anos os últimos seis anos, a Pirelli investiu R$ 2 bilhões (o equivalente a 400 milhões de euros), inaugurou unidades produtivas, centros técnicos de desenvolvimento e emprega, atualmente, quase sete mil pessoas de maneira direta no Brasil. Para se ter uma ideia da sua conexão e investimentos contínuos na geração de valor no país, um em cada três carros produzidos aqui saem das montadoras com pneus da marca e, no caso das motocicletas, uma em cada duas.

“Isso só é possível, não só porque acompanhamos as mais altas exigências de qualidade das montadoras, mas vamos além, introduzindo tecnologias de vanguarda nos produtos e processo produtivo. Somos referência na indústria e estamos sempre olhando à frente, a partir da nossa experiência nas competições esportivas mais desafiadoras do mundo, como a Fórmula 1”, explica Cesar Alarcon, CEO e vice-presidente sênior da Pirelli na América Latina.

TRAJETÓRIA

Fundada em Milão, em 1872, hoje a companhia se destaca como uma marca global conhecida por sua tecnologia de ponta, excelência na produção e compromisso com a inovação, que se apoia fortemente nas origens italianas. Com mais de 40 anos de experiência no segmento Premium e Prestige, a Pirelli tem foco particular no mercado de pneus de alto valor e no desenvolvimento de produtos inovadores para atender às necessidades de mobilidade mais específicas do consumidor final.

Parcerias com os fabricantes de maior prestígio no planeta, permitem à Pirelli desenvolver pneus sob medida para atender às necessidades particulares dos consumidores mais sofisticados. A linha de produtos da empresa consiste em opções para carros, motos e bicicletas, gerados a partir desta cooperação.

MERCADO

As principais tendências na indústria de pneus incluem a crescente demanda por produtos mais eficientes em termos de gasto energético e o favorecimento da sustentabilidade para o meio ambiente. Além disso, tecnologias que trazem
maior segurança aos usuários, como o Seal Inside, que permitem que o condutor continue dirigindo seu veículo mesmo em caso de um furo no pneu, estão muito presentes na estratégia da Pirelli. Assim como modelos que interagem com
a tecnologia 5G, alertando motoristas sobre possíveis problemas na via. De acordo com Alarcon, a sustentabilidade é um pilar essencial e uma tendência mundial e irreversível.

“Eu a enxergo não apenas pelas lentes do meio ambiente, incluo os pilares social e econômico. Nenhum pneu Pirelli produzido no Brasil segue para aterros sanitários. No fim da vida útil, são destinados para diversos usos por meio da nossa participação na cadeia de logística reversa, exclusiva da indústria de pneus. Além disso, controlamos desde os materiais que recebemos até a destinação final para garantir os mais altos padrões de qualidade nos nossos produtos. E essa é a tendência, fabricar produtos altamente tecnológicos de forma eficiente e em linha com o meio ambiente”, destaca o CEO.

PONTO DE VISTA CESAR ALARCON

CEO e vice-presidente sênior da Pirelli na América Latina reforça importância brasileira no mercado internacional. (Foto: Divulgação)

Como a empresa tem utilizado as tecnologias disruptivas no desenvolvimento de novos produtos?

A Pirelli tem adotado, por exemplo, a inteligência artificial em suas operações desde o design de novos produtos até o aprimoramento da qualidade e da eficiência da produção. Pode-se prever quando e onde uma máquina pode ter um problema. Assim, é possível antecipar uma parada, realizando manutenção preventiva e evitando estagnação na produção. Outro exemplo é usarmos os mais avançados sistemas de realidade virtual para atingir metas de desempenho. Isso reduz a utilização de protótipos físicos, com consequentes benefícios para o meio ambiente. O processo de produção é parte fundamental na iniciativa da Pirelli em ser uma empresa sempre mais sustentável. Até 2025, o desenvolvimento de 60% dos pneus para novos modelos será totalmente virtual e será 100% para novas linhas de reposição. Dessa forma, virtualização e simulação irão reduzir o tempo de desenvolvimento em 30%, o custo dos protótipos em 20%, e o tempo de disponibilidade para novas linhas de produtos em 30%.

O que a operação brasileira pode ensinar ao mundo?

A operação brasileira da Pirelli tem desempenhado papel importante na estratégia global da empresa, além de importância histórica: a companhia está no país há praticamente um século. A busca pela sustentabilidade e novas fronteiras tecnológicas de produção tem sido marcante no território, tanto que, recentemente, a Pirelli está perto de concluir uma operação de M&A para investir no processo de transformação de borracha natural do Brasil. Assim, a empresa poderá propiciar o desenvolvimento inovador de projetos com o objetivo de aumentar a economia circular e o uso de materiais não fósseis nos pneus, não somente para o mercado doméstico, mas também para favorecer as exportações.