"Estamos otimistas com a democratização de investimentos no exterior e com o interesse do brasileiro em diversificar mais", diz Paula Zogbi

Busca por segurança e maior rentabilidade exige do investidor brasileiro ampliar seu leque de opções no curto prazo.

WhatsApp-Image-2020-09-08-at-15.22.17Paula Zogbi, da Rico, recomenda optar pelos ETFs. (Foto: Divulgação)

De acordo com dados da Oxford Group, consultoria de investimentos nos Estados Unidos para brasileiros, o descontentamento com a reforma da previdência, a insegurança com reforma tributária em tramitação, e a inflação em alta são motivos apontados por investidores que buscam soluções para poupar e ter uma renda em dólar, o que resulta no aumento da procura por suporte na dolarização de patrimônio e por informações sobre aposentadoria na moeda norte-americana.

O atual período de pandemia é, também, um momento que favorece o investimento no exterior, considera Carlo Barbieri, analista político, economista e presidente do Grupo Oxford. “Realmente é uma boa oportunidade, por serem previsíveis a recuperação de outras economias como a americana. De março para cá a taxa de desemprego nos Estados Unidos baixou de 15%, aproximadamente, para pouco mais de 7%. A indústria e comércio voltaram a crescer, em consequência, as bolsas deram um grande salto. Com a injeção de US$ 1,5 trilhão nos bancos por parte do FED, e mais de US$ 7 trilhões em subsídios e ajudas, sabe-se que os EUA serão o país que sairá na frente no processo de recuperação mundial”, ressalta.

Diversificação

Neste cenário, o Banco BTG Pactual tem fortalecido o seu portfólio, visando atender a diferentes tipos de perfis. A partir de um aporte inicial de R$ 1 mil já é possível investir em produtos internacionais. “Quem tem investimentos lastreados em outros países, dilui os riscos, já que relaciona parte de seu capital a economias mais fortes e consolidadas. Os investimentos externos podem ter correlação negativa com a bolsa brasileira. Ou seja, podem apresentar valorização quando os ativos daqui desvalorizarem, analisa o diretor de distribuição de varejo e canais digitais do BTG Pactual, Caio Mantovani.

De acordo com ele, uma alternativa para aqueles que buscam diversificar a carteira desta maneira, é optar pelos fundos no exterior que possuem uma carteira com ativos financeiros internacionais. Esses fundos, segundo Mantovani, são negociados no mercado local e investem em ações, títulos e demais ativos localizados em mercados estrangeiros. “Outra opção são os feeders locais, que compram estratégias internacionais consagradas com hedge ou sem hedge para reais, a exemplo de alguns fundos e estratégias que são distribuídas em nossa plataforma”, pontua. Segundo o especialista, os feeders internacionais podem ser acessados também por pessoas jurídicas.

Mantovani destaca, ainda, que nos últimos dez meses o BTG Pactual registrou um aumento relevante neste tipo de operação, superando em larga escala toda a captação do ano passado. “A pandemia acabou por obrigar o investidor a ficar mais em casa e consequentemente a ‘olhar’ e analisar seus investimentos. Assim, a diversificação passou a ser fundamental em busca de níveis mais altos de retorno”, considera.

Por outro lado, a informação ainda é, de acordo com ele, um dos maiores desafios para desenvolver e melhorar o mercado de investimentos no exterior. “Acreditamos que a informação seja a chave na busca pelas estratégias internacionais. O investidor ainda deverá se atualizar e entender melhor cada estratégia e papel que a mesma tem sobre seu portfolio total. Ao compararmos o Brasil com outros países da América Latina, constatamos uma alocação internacional agregada ainda insignificante em termos percentuais. Por isso, para os próximos anos estimamos um elevado crescimento no volume sob gestão e tipos de estratégias oferecidos no mercado brasileiro”, avalia o diretor.

Antecipando as tendências

Para a equipe da XP Investimentos, o entendimento é de que todo cliente deveria ter algum tipo de investimento fora do Brasil. No entanto, o que se vê é que as pessoas ainda pensam em investimentos no exterior como um artigo de luxo, o que, de acordo com Felipe Dexheimer, head de alocação da XP Investimentos, não é verdade. “Se você não colocar títulos internacionais na sua carteira, você está deixando de aproveitar um mundo de possibilidades. Se você só está comprado em empresas brasileiras, você não tem exposição à Apple, Google, Microsoft, todas essas empresas que hoje em dia são vitais na nossa sociedade, que o capital é aberto lá fora”, garante.

Tão verdade é, que com o valor mínimo de R$ 100 reais, qualquer pessoa pode investir no exterior, assegura Dexheimer. “O investidor pode comprar os nossos fundos passivos em que todos têm o valor mínimo de R$ 100 reais, e terá fundo de bolsa global, fundo de bolsa americana, fundo de ouro e fundo de lideranças femininas. Todos com base em grandes índices internacionais que disponibilizamos em nossa prateleira”.

Facilidades

Já a Rico Investimentos oferece quatro formas de investir no exterior – BDRs, ETFs, Fundo de Gestão Ativa e os COES – Certificados de Operações Estruturadas.

A vantagem dos BDRs é poder selecionar as empresas a dedo, dos setores que estão pouco representados na carteira de investimentos de cada pessoa, sem precisar fazer remessas ao exterior e abrir conta em uma corretora de fora do país, o que antes era necessário para investir em ações lá fora, esclarece, a especialista da Rico, Paula Zogbi.

A executiva informa que ainda é cedo para imaginar que tipo de crescimento esse mercado vai ter pelos próximos anos, mas, garante que já estão desenvolvendo ações para atrair mais investidores para este mercado, como, por exemplo, a criação de uma comunicação totalmente focada em ensinar como funciona o investimento em BDRs para clientes. “O volume negociado cresceu 30 vezes já no primeiro dia, em números de investidores . Não temos como afirmar que continuará crescendo em um ritmo desse, mas, estamos otimistas com a democratização desse investimento e com o interesse do brasileiro em diversificar mais”, estima.

Como o seu foco é sempre desmistificar o investimento, possibilitando que o investidor saiba aplicar por conta própria, sem depender de atendimento ou de assessores, para a campanha dos BDRs serão disponibilizados vídeos, textos, conteúdos nas redes sociais, assim como relatórios e, um material com recomendações de BDR para investir. “Todos os meses faremos uma análise dos BDRs disponíveis no mercado, selecionaremos os que têm maior potencial na nossa visão e vamos montar recomendações para dar um norte a quem prefere indicações ao invés de escolher por conta própria”, finaliza.