Capital fluminense voltará a ter Bolsa de Valores depois de 20 anos

O setor financeiro, no triênio 2021-2023, foi o quarto maior pagador de impostos (ISS) do Rio, com R$ 1,5 bilhão.

CENTRO DO RIO EM TIFFRio de Janeiro será novamente sede de uma Bolsa de Valores. (Foto: Divulgação)

O Rio de Janeiro será novamente sede de uma Bolsa de Valores. O anúncio foi feito pelo prefeito, Eduardo Paes, e pelo CEO do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, no início de julho, na sede da Associação Comercial da cidade. A previsão é as operações comecem no segundo semestre de 2025.

Durante a cerimônia, o prefeito sancionou a lei municipal que incentiva a operação.

“O Rio tem uma parte importante da força econômica do Brasil: a Vale está aqui, a Globo está aqui, a teledramaturgia da Record está no Rio. A gente tem um monte de coisas interessantes acontecendo. O setor privado percebeu que tem uma concorrência a ser feita com São Paulo. Começamos a criar um ambiente econômico, um conjunto de atrativos e de novos mercados que surgirão”, afirmou.

Pracownik avalia que a criação de uma segunda Bolsa de Valores no país é um sinal de maturidade do mercado de capitais, contribuindo para que o Brasil seja visto de forma mais positiva pelos investidores, principalmente os internacionais. Ele acrescenta que a existência de concorrência traz eficiência, redução de riscos e pavimenta a criação de novos produtos.

“A nova Bolsa terá sua sede administrativa no Rio de Janeiro. Isso é muito importante para a cidade e para o estado. Nós esperamos que este seja o marco inicial do renascimento do mercado financeiro no Rio”, resume.

Potencial

O setor financeiro, no triênio 2021-2023, foi o quarto maior pagador de impostos (ISS) do Rio, com R$ 1,5 bilhão. Os dados são da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento, compilados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico. Esse montante representou 9,1% da arrecadação total.

Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, destaca a importância do mercado financeiro para a economia carioca.

“São quase 70 mil pessoas trabalhando no setor que, com a Bolsa, vai ganhar uma nova dimensão, atraindo mais investidores para cá”, diz. “É uma conquista importante para cidade, claro, e vai ao encontro a todo o trabalho que temos feito para atrair mais investimentos para o Rio. Com a possibilidade de vinda da Bolsa para o Rio nós ajudamos a consolidar esse mercado novamente, e abrimos espaço para a criação de oportunidades de trabalho de mais qualidade para os cariocas, completa.

Análise

Marcos Crivelaro, professor de finanças da Fundação Vanzolini, salienta que a criação da nova Bolsa brasileira no Rio trará benefícios para toda a região, ampliando a competição no setor. Na opinião do especialista, a Bolsa carioca será inicialmente nichada, porém entre cinco e dez anos poderá concorrer diretamente com a B3.

“O surgimento de um novo player sempre é positivo, podendo proporcionar a criação de processos melhores, a redução de impostos, o uso de tecnologias disruptivas, além de parcerias e, neste caso, a disponibilidade de papéis exclusivos, por exemplo”, pontua.