Como Florianópolis se tornou a capital nacional das startups?

Isabela Blasi é Cofundadora e Diretora de Novos Negócios da Indicium. (Foto: Divulgação)

Berço da inovação brasileira, Florianópolis acaba de ser reconhecida como Capital Nacional das Startups, pela Lei 14.955, de 2024, publicada no Diário Oficial da União na terça-feira, 3 de setembro. Apelidada de “Ilha da Magia", ela está à frente de São Paulo e Curitiba no número de empresas de tecnologia, cerca de 676 startups, e é responsável por 7,5% do PIB do estado. Mas, como a  Floripa se tornou a capital nacional das startups?

Há quase quatro décadas, a união entre a iniciativa pública e privada resultou na abertura do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA), além da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), que representa a indústria desde 1986. A associação tem a missão de apoiar o ecossistema local, das startups às empresas de grande porte, gerando conexões que fortalecem o setor de tecnologia no estado. São  mais de 1700 empresas associadas nos 8 pólos de inovação e tecnologia de Santa Catarina.

Outro braço importante para o reconhecimento da cidade são incentivos fiscais, programas de apoio aos empreendedores e investimentos do governo de Santa Catarina, somada a formação de talentos na área de tecnologia da informação e engenharia da computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outras universidades privadas, como Udesc, UFFS, Unoesc e Furb. Os esforços somados potencializaram a empregabilidade de quase 40 mil colaboradores na área, segundo a ACATE. 

Isso, somado aos dados do Mapa da Riqueza, estudo mensal da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que mapeia a renda dos brasileiros a partir da declaração do Imposto de Renda, que apontou que Florianópolis está no topo de renda por habitante entre as capitais brasileiras, cria um ecossistema ideal para se empreender na cidade. Há um cenário próspero e pessoas com alto poder aquisitivo para consumir.

Cenário que inclusive tornou a cidade berço de alguns dos principais eventos de startups e inovação do Brasil. Entre eles, o Startup Summit e o RD Summit, este último, realizado pela RD Station, criado em Florianópolis e que acaba de ser transferido para São Paulo. Os eventos reforçaram a credibilidade do ecossistema local, atraindo novos investidores, parcerias estratégicas que potencializaram o crescimento de empresas e enterprises.

Como uma legítima "manezinha" da ilha, eu tive o privilégio de encontrar, na minha cidade natal, o ambiente ideal para começar a minha jornada empreendedora. Foi em Floripa, ao lado dos meus sócios, que idealizamos e consolidamos a Indicium.  Estávamos no local e na hora certa, conectados com o principal ecossistema tecnológico da cidade e do estado.

Esse ambiente facilitou a aceleração e consolidação da empresa, permitindo que trocássemos com outros fundadores e validassemos a nossa ideia, inicialmente, com clientes locais, como a tradicional Imobiliária Brognoli e, também, multinacionais com presença relevante na região, como a Engie e Whirlpool, clientes com relevância internacional que conquistamos com apoio do ecossistema da ACATE, no início da nossa jornada. O suporte da comunidade e o espírito empreendedor da região foram cruciais para o amadurecimento de nossas ofertas e serviços, algo que teria sido um processo muito mais longo se não estivéssemos na capital nacional das startups.

Como empreendedora catarinense, viver em Florianópolis me proporcionou a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento da economia local, a geração de empregos e a conquista de títulos importantes para o estado, junto a outros empresários. Como presidente do LIDE Futuro SC, atuo para impulsionar novas ideias e promover o networking entre as lideranças emergentes, tanto locais quanto regionais, com o objetivo de fortalecer e tornar as empresas catarinenses mais competitivas. Esse avanço só é possível graças à colaboração dos clientes e ao espírito empreendedor de todos aqueles que integram o ecossistema catarinense.