Atenta ao público interno, hotelaria se movimenta e investe em novas estratégias para retomar atividades

Estudos encomendados pela Accor mostram que 77% dos clientes da rede consideram a segurança como o item mais importante na hora de decidir pela escolha de um hotel neste momento.

defaultFabio Godinho, CEO da GJP Hotels & Resorts. (Foto: Reprodução)

O mercado hoteleiro global vivenciou um desafio sem precedentes em 2020, sendo um dos principais serviços atingidos e mais impactados pela pandemia de Covid-19. Mais de um ano depois, muitos empreendimentos então apostando em diferentes protocolos sanitários, além de formatos de hospedagem, pacotes e serviços especiais.

Estudos encomendados pela Accor mostram que 77% dos clientes da rede consideram a segurança como o item mais importante na hora de decidir pela escolha de um hotel neste momento. De acordo com Omar Caffaro, diretor regional de operações Midscale e Econômico Brasil, os hotéis da Accor estão 100% preparados para retomada e com o avanço da vacinação as perspectivas são ainda mais positivas.

“Precisaremos reforçar nossas equipes em alguns hotéis onde os resultados já estão evoluindo. Isso acontece também no caso de aberturas ou reaberturas, como por exemplo o Mercure Rio Boutique Hotel Copacabana”, explica Caffaro.

Para Fabio Godinho, CEO da GJP Hotels & Resorts, com a curva ascendente de vacinados no Brasil, já há reflexos positivos nas taxas de ocupação em todos os hotéis da rede. “Para se ter ideia, a receita de julho deste ano nos resorts Wish, marca upscale da GJP, atingiu 110% se comparada ao mesmo período de 2019, quando ainda não tínhamos pandemia no país, ou seja, crescemos 10% mesmo nesse cenário”, relata.

Godinho destaca que para acompanhar essa demanda que beneficia o turismo interno, a GJP investiu R$10 milhões em infraestrutura, produtos e experiências somente no primeiro semestre deste ano.

“Isso inclui a concepção de um novo e moderno spa, piscina aquecida e reforma de duas alas inteiras de apartamentos no Wish Serrano, em Gramado, um novo bar da praia no Wish Natal, além de menus exclusivos para a experiência do cliente como o Cine Open Air, Piquenique, Ioga e Treinamento Funcional, Personal Trainer, Clínica de Golfe e Beach Tennis, entre outras atrações . Com a restrição de viagens internacionais para brasileiros, temos um novo perfil de consumidor do turismo doméstico ávido por novidades especiais como as que estamos lançando. Essa é a hora e a vez da hotelaria nacional”, celebra.

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Laura Castagnini, gerente-geral dos hotéis Hilton. (Foto: Divulgação)

Versatilidade

Dados como os levantados pela International Air Transport Association (Iata) confirmam que tanto a demanda de viagens internacionais quanto domésticas apresentaram melhorias em maio de 2021 e que no Brasil o tráfego doméstico se recuperou de uma queda de 60,9% em abril, em relação ao mesmo mês de 2019, para uma queda de 44% em maio, conforme as restrições de viagens foram atenuadas.

“O Rio de Janeiro, por exemplo, é uma cidade atraente do ponto de vista de turismo, mas também se tornou polo dos nômades digitais, com isso, nossa perspectiva para o semestre é de crescimento”, argumenta Laura Castagnini, gerente-geral dos hotéis Hilton Barra Rio de Janeiro e Hilton Rio de Janeiro Copacabana.

Já o Grand Hyatt Rio de Janeiro também percebe os sinais de retomada do setor, especialmente dos turistas brasileiros. “A expectativa é uma forte demanda para os próximos meses, mas outros setores como o de viagens corporativas, eventos e mesmo o turismo de origem estrangeira devem ser os últimos a voltar com mais força”, revela o gerente-geral do hotel, Laurent Ebzant e acrescenta:

“Temos o privilégio de ser um hotel com muitos espaços abertos, áreas amplas que permitem a contemplação da natureza ao redor com tranquilidade, conforto e segurança. As pessoas estão ávidas para viajar, viver experiências culturais, descobertas e redescobertas nos destinos de sua escolha”, evidencia.

Vislumbrando um cenário otimista, Leonardo Rispoli, vice-presidente de marketing, vendas e tecnologia da Atlantica Hospitality International, comenta que a indústria tem um grande desafio nessa recomposição e esse processo é analisado de forma minuciosa.

“Acompanhamos semanalmente o aumento das nossas buscas e reservas para tomarmos as decisões corretas. Desde o ano passado, adotamos o propósito de ‘cuidar de cada um que confia na gente’, começando pelos nossos colaboradores, para que se sintam em segurança em seus ambientes de trabalho. Nosso foco sempre foi, e permanece sendo, garantir padrões de serviço de qualidade para os nossos hóspedes, colaboradores, parceiros e investidores, por meio da aplicação do nosso protocolo Atlantica Safe & Clean, com chancela do Incor e auditado pelo Bureau Veritas”, explica Rispoli, que sobre as novas apostas revela a criação de diversos pacotes para atender as demandas de longa permanência, Day Use e, principalmente, pacotes agregados com serviços de alimentos e bebidas para que o hóspede possa desfrutar de sua estada completa dentro do hotel, com segurança.

Celso-David-do-Valle-diretor-geral-do-Palacio-TangaraCelso Valle, diretor do Palácio Tangará. (Foto: Divulgação)

Estratégia

Em março de 2020, o Palácio Tangará, em São Paulo, fechou suas portas pela primeira vez desde sua inauguração em 2017, sendo reaberto apenas em setembro do ano passado. Durante esses quase seis meses de inatividade, a administração do local trabalhou para inovar, levando em consideração as novas demandas do mercado. Entre as estratégias adotadas pelo empreendimento estão focar em protocolos de segurança, opções de experiências ao ar livre e venda de vouchers com prazo estendido para uso.

O hotel, que contava com uma grande demanda internacional, também precisou reconsiderar seu público, analisando as necessidades e desejos de viajantes brasileiros, dentro do momento econômico e social do país, e em especial os próprios viajantes do estado e da cidade de São Paulo, que voltaram seus olhares a opções de staycation.

“Durante o período em que o Palácio Tangará permaneceu fechado, diversos pacotes foram criados, de forma a nos mantermos ativos e não perdermos a visibilidade construída desde a abertura. A aceitação foi excelente e mais mil diárias foram vendidas neste período", afirma Celso Valle, diretor do Palácio Tangará.

Neste primeiro semestre de 2021, o hotel apresentou um aumento de receita de 10% em comparação a 2019, mesmo tendo diminuído em 90% o número de eventos sociais e corporativos em comparação ao mesmo ano. Já eventos de celebração mais intimistas apresentaram aumento durante o período de pandemia, demanda que se enquadra perfeitamente na estrutura de banquetes que o Palácio Tangará oferece ao mercado. O hotel, por exemplo, vem sendo muito procurado para mini weddings, com cerca de 15 convidados, que se tornaram uma grande tendência desde o último ano.