Paulo Correa, da C&A: 'Além da preocupação com o meio ambiente, é preciso repensar todo o processo, incluindo condições justas de trabalho'

O CEO fala sobre a responsabilidade de manter o propósito da marca de uma moda inclusiva com o adicional da sustentabilidade em todos os passos da jornada das peças.

WhatsApp Image 2023-03-28 at 09.20.55CEO da C&A, Paulo Correa. (Foto: Fredy Uehara/ LIDE)

Com uma história iniciada em 1841 na Europa, a C&A nasceu com o intuito de proporcionar uma moda mais inclusiva para as pessoas. Após 182 anos, essa ideia ainda se mantém viva com um adicional: a sustentabilidade. Esse compromisso garante, por cinco anos consecutivos, o posto de empresa mais transparente da moda pela Fashion Revolution, e foi um dos temas discutidos pelo CEO, Paulo Correa, no Seminário Mulheres Líderes sobre economia circular.

“A moda é uma forma de expressar-se ao mundo e a C&A busca dar a possibilidade das pessoas serem quem elas são, de maneira inclusiva, democrática e acessível. Essa é a essência da empresa e é uma molécula indivisível”, enfatiza Correa. “No campo da sustentabilidade, temos o contexto de participar de uma empresa global que tem atuação muito forte na Alemanha e Holanda, que são países evoluídos no quesito de consciência ambiental”, complementa.

Como é essa atuação de sustentabilidade no Brasil?

Eu faço parte do Comitê Global de Sustentabilidade da C&A e tentamos, sempre, trazer para o Brasil as melhores práticas que são feitas pelo mundo como um todo, como a tecnologia que chamamos de C2C, que é o Cradle to Cradle, ou seja, que tem essa preocupação sustentável desde a plantação até a chegada da peça nas lojas. Uma grande novidade desta tecnologia, inédita no país, é a nossa coleção de jeans, que se você quiser, é possível realizar uma compostagem e em 12 semanas a peça é decomposta. Essa coleção faz parte da linha Ciclos, que segue os padrões mais exigentes do mundo, com algodão mais sustentável e materiais que preservam o solo e a água.

Além da preocupação com o meio ambiente, entendemos que é preciso repensar todo o processo, com condições justas de trabalho, principalmente em países em desenvolvimento, que são ainda questões mal resolvidas. Por isso, temos a consciência que não podemos dar espaço para isso acontecer e exigimos a certificação de cada oficina da nossa jornada.

Existe ainda dificuldades para implementar negócios mais sustentáveis?

Fomos os primeiros a parar de usar couro e pele de animas e somos a única empresa a ter verificação em todas as fases do processo com o intuito de ter zero impacto ao meio ambiente. No entanto, a dimensão da sustentabilidade não é tão óbvia, e por mais que o consumidor brasileiro seja simpatizante, não quer pagar a mais por isso e talvez não queria escutar toda a história por trás de uma peça justa e sustentável. Por isso, um dos maiores desafios é embarcar o cliente na jornada, e uma das responsabilidades da C&A é educar.

Como a tecnologia é aliada nesta moda circular?

Hoje, tudo está conectado e vira informação que são transmitidas aos nossos fornecedores. Com esse material, eles conseguem reagir e trabalhar em cima das novas demandas. Tecnologia hoje em dia é quase o ar.