95% dos brasileiros acreditam que é possível proteger e desenvolver a Amazônia ao mesmo tempo

Estudo da Confederação Nacional da Indústria será apresentado durante o Fórum Mundial Amazônia 21, que ocorre de 4 a 6 de novembro. Políticos, especialistas e sociedade dialogam sobre este tema nacional.

fdcfdfoA pesquisa foi realizada no âmbito do Fórum Mundial Amazônia+21. (Foto: Reprodução/CNI)

A população brasileira é bastante ligada a questões ambientais, tem consciência sobre a relevância da Amazônia para o país e para o mundo e acredita na união do desenvolvimento à conservação das riquezas naturais ali contidas. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, embora 98% dos brasileiros se digam preocupados com o meio ambiente (soma de 77% muito preocupados, 17% mais ou menos preocupados e 4% pouco preocupados), 95% da população concordam que é possível alinhar progresso econômico com a conservação da região.

Os resultados do estudo, encomendado ao Instituto FSB de Pesquisa, mostram ainda que 8 em cada 10 brasileiros acreditam que o país é capaz de explorar a floresta de forma inteligente, preservando seus recursos naturais. E 93% afirmam que preservar a Amazônia é fundamental para a economia brasileira.

“É fundamental construir um modelo consistente de desenvolvimento que mantenha a floresta em pé e, ao mesmo tempo, promova o crescimento econômico e social da região. Trata-se de um desafio complexo, que precisa ser enfrentado com urgência. Se fizermos as escolhas certas agora, inúmeras possibilidades se abrirão e o Brasil poderá ser o líder mundial da economia de baixa emissão de carbono e da bioeconomia”, afirma presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

A pesquisa foi realizada no âmbito dos preparativos para o Fórum Mundial Amazônia+21, que acontece de entre os dias 4 e 6 de novembro e vai reunir dezenas de especialistas, empresários e gestores públicos para debater caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O evento é aberto, on-line e gratuito.

Para o coordenador do Fórum e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, os resultados mostram que não há mais espaço para a falsa dicotomia entre preservação e desenvolvimento. “O entrave histórico diante de qualquer tentativa de discutir o desenvolvimento da Amazônia impactou no crescimento econômico dos nove estados que compõem a Amazônia Legal e na vida das pessoas que vivem aqui. A pesquisa mostra que já não há mais entre a população a ideia intocabilidade no bioma amazônico. Pelo contrário, há a clara percepção de que o desenvolvimento da região alinhado à conservação das suas riquezas naturais é totalmente possível”.

Atividades produtivas

A pesquisa da CNI também quis saber sobre os possíveis impactos socioeconômicos para a região a partir do fortalecimento das atividades econômicas e produtivas nos estados da Amazônia Legal. Mais uma vez os resultados mostram uma percepção positiva em relação ao desenvolvimento sustentável.

Para a grande maioria dos ouvidos, uma maior atividade produtiva na região resultará em benefícios como a redução do desemprego, maior preservação ambiental, mais qualidade de vida e redução das atividades ilegais na região.

Outros dados

Encomendado pela CNI ao Instituto FSB Pesquisa, o levantamento também constatou que:

  • 78% dos brasileiros sentem alto grau de orgulho em relação à Amazônia;
  • 50% dos brasileiros se dizem afetados por algum problema ambiental, índice que chega a 57% entre os moradores dos estados que compõem da Amazônia Legal;
  • 60% consideram as queimadas/incêndios florestais a maior ameaça ao meio ambiente no país;
  • 59% das pessoas afirmam saber o que é desenvolvimento sustentável, mas, destas, apenas 55% (28% do total de entrevistados) sabem tratar-se da preocupação, ao mesmo tempo, com o meio ambiente, com a sociedade em geral e com a geração de emprego e renda no país;
  • 77% acreditam que o Brasil deveria destinar mais áreas para a preservação do meio ambiente;
  • 83% dizem que a preservação da floresta é muito importante para o crescimento do país, pois o desenvolvimento nacional depende do meio ambiente protegido.

Responsabilidades

De maneira geral, os brasileiros creditam a diversos atores a responsabilidade pela preservação da Amazônia. Entre os que têm feito bem esse papel estão os indígenas, os ribeirinhos e os quilombolas com 58% das avaliações positivas; as ONGs ambientalistas (47%) e as universidades (39%).

Na outra ponta, os atores que menos contribuem para a preservação do bioma, na opinião dos entrevistados, são, respectivamente, fazendeiros e pecuaristas (42% de avaliação ruim/péssimo), Congresso Nacional (40%), governos estaduais (36%), governo federal (35%), países estrangeiros (35%) e empresas que atuam na região (35%).

O Fórum Amazônia+21 é uma iniciativa para mapear perspectivas e buscar soluções para temas relacionados ao desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida dos mais de 20 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal. O programa é uma realização da FIERO, Agência de Desenvolvimento de Porto Velho e Prefeitura de Porto Velho, com apoio da CNI e do Governo do Estado de Rondônia.

“Criamos um espaço de troca de ideias, de encontros dos contraditórios para buscarmos soluções juntos. Vamos sair da opinião e juntar o setor produtivo, a pesquisa e a ciência, os saberes da população amazônica para encontramos os melhores caminhos para a região e para o Brasil”, explica Thomé.

Os debates sobre os desafios e as soluções para a Amazônia se darão a partir de quatro eixos temáticos: negócios sustentáveis, cultura, financiamento dos programas e ciência, tecnologia e inovação.

Metodologia da pesquisa

O Instituto FSB Pesquisa entrevistou, por telefone, 2.000 pessoas com idade a partir de 18 anos, nas 27 Unidades da Federação (UFs). Foram feitas duas amostras de 1.000 entrevistas, cada uma representativa das populações (1) dos estados abrangidos pela região chamada Amazônia Legal (região Norte e estados do Mato Grosso e parte do Maranhão) e (2) das demais 18 unidades da Federação. Em cada uma dessas amostras, a margem de erro é de 3pp, com intervalo de confiança de 95%. Depois, foi gerado o resultado Brasil após ponderação da amostra desproporcional. Nos resultados da amostra de 2.000, a margem de erro é de 3,4pp, com intervalo de confiança de 95%. Devido ao arredondamento dos dados, a soma dos percentuais pode variar entre 99% e 101%.

Fórum Mundial Desenvolvimento Sustentável da Amazônia 

De 4 a 6 de novembro, em uma experiência totalmente virtual, o AMAZÔNIA+21 conectará governos, empreendedores, cientistas, pesquisadores, setor produtivo, investidores e sociedade a fim de dialogarmos sobre a geração de riquezas na região amazônica, com proteção plena ao bioma. Uma agenda técnica foi elaborada com vários encontros preparatórios e reuniões temáticas nos meses de agosto a outubro para a produção da base de conteúdo do Fórum.